A iniciativa é da Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, que desenvolveu a exposição, em cooperação com a direção do Parque Nacional da Gorongosa (PNG), explicou à Lusa o vice-presidente da associação, Carlos Barreto.
Entre 14 e 29 de Novembro, estarão em exposição na Torre de Macau um conjunto de fotografias e filmes fornecidos pelo PNG, que a associação apresenta como sendo “talvez a maior história de restauração da vida selvagem em África”.
Os filmes em exibição integram dois sectores, um deles formado por pequenas metragens, de um a dois minutos. O segundo integra filmes mais longos, de até 25 minutos.
Em qualquer caso, trata-se de imagens e filmes que explicam o que é o parque e as atividades de recuperação que estão em curso. “Pretende-se dar a conhecer a história do parque, estabelecido em 1924 no centro de Moçambique, a vida selvagem, a preservação do meio ambiente, as novas espécies descobertas entretanto e desconhecidas até à data, a integração das comunidades no projecto de restauração deste paraíso”, explicou a Associação dos Amigos de Moçambique em Macau, num comunicado.
Carlos Barreto sublinhou que está em causa um projecto com uma “imagem muito positiva” e lembrou que Macau pretende afirmar-se como uma plataforma para o estreitamento das relações entre a China e os países de língua portuguesa.
Neste contexto, a associação considerou que seria “interessante” levar até à região chinesa um “aspecto” que não está propriamente relacionado com as relações comerciais e económicas – o foco da plataforma que Macau quer ser -, mas que é “muito importante” e pode, por outro lado, ajudar a desenvolver essas relações.
A entrada na exposição é gratuita e, para já, está garantida a visita de perto de mil alunos de escolas de Macau.
Em 2005, o Governo moçambicano assinou com a fundação do filantropo norte-americano Gregory Carr uma parceria por vinte anos com vista à recuperação da área protegida.
Numa entrevista à Lusa em Outubro, o diretor do PNG, Mateus Mutemba, disse que a fauna parque está “em franca recuperação”, contando agora com quatro mil espécies, algumas novas para a ciência.
Segundo o director do PNG, a população de elefantes registava menos de cem animais no pós-guerra e está agora estimada em mais de 500, os búfalos, que chegaram a ser 14 mil em 1972, caíram para 60 em 2000 e são agora mais de 600, tornando-se “muito frequente vê-los nas planícies da Gorongosa em manadas de cem indivíduos”.
A população de pivas subiu de 3.500 para 35 mil e a Gorongosa acolhe a maior população desta espécie de grande antílope em África. Os pala-pala são agora 800 e as próprias impalas sofreram “uma recuperação visível” e já abundam no parque. “Fizemos também a reintrodução de elandes, búfalos, bois-cavalos, alguns hipopótamos e elefantes, para ter melhoramento genético, e registamos com satisfação que, associadas ao ritmo de recuperação natural de algumas espécies, já contribuem para que haja mais diversidade”, referiu o director do parque.
Salientando que o PNG nunca tinha sido muito estudado, Mateus Mutemba disse que três levantamentos de biodiversidade foram realizados desde o início do projecto de restauro e que identificaram cerca de quatro mil espécies, algumas das quais inéditas. “A informação ainda está a ser processada, mas há a indicação de haver espécies que são novas para a ciência e outras que são novas na Gorongosa”, observou.
Com uma forte componente científica, um laboratório de referência e a presença constante de investigadores de todo o mundo, o PNG aposta nessa diferenciação face à elevada oferta de turismo em áreas de conservação nos vizinhos Zimbabué, Tanzânia e África do Sul.