Elogios de Pequim

Dois ou três minutos foi quanto os jornalistas tiveram para captar imagens e testemunhar os encontros de Edmund Ho com o Presidente e o primeiro-ministro chineses. Tempo suficiente, porém, para se perceber como iria saldar-se a deslocação a Pequim do Chefe do Executivo para apresentar o relatório de actividades de 2007 e os planos de 2008 para a RAEM. Desenvolvimento problemas foram as palavras que dominaram a visita de um dia à capital chinesa

Elogios de Pequim

A agenda oficial do dia 23 de Novembro estabelecia que, por volta das três da tarde, Edmund Ho iria ser recebido pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. A espera, no entanto, foi longa, dado que, em primeiro lugar, Donald Tsang, foi recebido no complexo de Zhongnanhai pelas duas mais altas figuras políticas do país. O Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Hong Kong não terá tido razões de queixa, dado que recebeu o total apoio do Governo Central.

O discurso de Pequim não se alterou de forma significativa com a entrada de Edmund Ho no complexo que é sede do Governo chinês. Na presença de várias figuras do Conselho de Estado, o primeiro-ministro chinês começou por avaliar o executivo da RAEM, atribuindo-lhe uma “nota muito boa”. Wen Jiabao sublinhou o desenvolvimento continuado do território e reiterou “o total apoio do Governo Central ao Executivo da RAEM e ao Chefe do Executivo para administrar a Região de acordo com a lei e concretizar o grande desenvolvimento de Macau”. Apesar dos rasgados elogios, Wen Jiabao reconheceu que tanto progresso e desenvolvimento provocaram problemas que precisam ser solucionados. Um reparo que não foi dirigido directamente ao Executivo de Macau, uma vez que Wen Jiabao acredita “que Edmund Ho e o Governo da RAEM vão unir a população de todos os sectores da sociedade e encontrar soluções certas para os problemas de Macau”.

Na resposta, o Chefe do Executivo falou de Macau em duas diferentes perspectivas – desenvolvimento e problemas. Segundo Edmundo Ho, o crescimento acelerado do território tornou mais sólidas as bases da economia. Mas, a rapidez de todo este processo acabou por provocar alguns problemas, “algo relativamente normal, dado o rápido desenvolvimento de Macau”. O Chefe do Executivo reconheceu, porém, que após oito anos de RAEM, há problemas mais complicados e profundos, razões pelas quais não serão fáceis de resolver.

Na edifício 202 da sede do Governo chinês, os problemas foram deixados à porta. O presidente Hu Jintao só teve elogios e apoio para dar a Edmund Ho. “Macau alcançou um impressionante progresso económico e social. Nós temos total confiança no futuro desenvolvimento da RAEM”, declarou o Chefe de Estado chinês. Através destas palavras, percebe-se que o trabalho do Chefe do Executivo recebeu a total aprovação do Governo Central. De facto, Hu Jintao deixou a garantia de que esse apoio ao Executivo de Edmund Ho provém também dos novos líderes eleitos no último Congresso Nacional Popular.

 

Dois encontros, um total apoio

 

Esta visita de Edmund Ho a Pequim, foi, de facto, ligeiramente diferente do que ocorreu na recta final de 2006. No ano passado, o caso Ao Man Long dominou os encontros do Chefe do Executivo com os líderes da China. Com efeito, o antigo secretário para as Obras Públicas e Transportes já tinha sido detido e, na ocasião, Edmund Ho ainda não tinha nomeado um sucessor para o cargo. Um ano depois, o caso de corrupção não foi mencionado na sede do poder central, dado que, como afirmou Edmund Ho, “já tinha comunicado anteriormente às autoridades centrais e o caso está a decorrer nos tribunais”.

No balanço da visita, o Chefe do Executivo lembrou o apoio que continua a receber de Pequim. Referiu também que o Governo Central acredita ter cada vez mais a confiança da população da RAEM. Para pôr um ponto final nas dúvidas e nas insistência dos jornalistas, que queriam saber se o Governo Central não teria feito reparos ao crescimento acelerado do território, Edmund Ho pediu aos media para não rotularem estes dois encontros como especiais ou com significado subentendido.

 

*em Pequim