Fórum de arquitectos lusófonos em Goa

Goa vai acolher, entre 16 e 18 de Abril, o IV Fórum do Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa (CIALP), evento que irá marcar a sua “integração de facto” como membro da organização.

 

“Tem um grande significado para nós – CIALP – e também, julgo eu, para os colegas em Goa porque é a integração de facto” da Secção de Goa do Instituto Indiano de Arquitectos (IIA)”, disse à agência Lusa o vice-presidente do Conselho Directivo do CIALP, Rui Leão.

A entrada de Goa, por proposta da Associação dos Arquitectos de Macau, foi aprovada em assembleia-geral do CIALP em 2010, realizada na Região Administrativa Especial. Contudo, a formalização de Goa como membro efectivo – antes era apenas observador – só aconteceria aproximadamente dois anos depois.

Dado que o IIA é uma associação de cariz nacional com departamentos provinciais “foi preciso solicitar ao presidente do IIA que permitisse ao de Goa fazer parte da rede internacional”, explicou o arquitecto, natural de Goa, mas residente em Macau.

Para Rui Leão, “a inclusão é muito importante porque, culturalmente, Goa está muito próxima do resto dos países que fazem parte do CIALP e existe uma partilha muito grande de valores de arquitetura, de cultura e da maneira de estar”. “Infelizmente, os acontecimentos políticos, como se fez a desocupação de Goa e a integração na União Indiana, fizeram com que, pelo menos formalmente, Goa tivesse ficado, por algum tempo, afastada de Portugal e, de alguma maneira, do resto da lusofonia. (…) O facto de o Português ter deixado de ser uma língua oficial também veio contribuir”, observou Rui Leão.

A temática do IV Fórum do CIALP não foi ainda fixada, mas vai orbitar em torno da do Congresso da União Internacional de Arquitectos (UIA) – ‘Todos os mundos. Um só mundo. Arquitectura para o século XXI’ – que vai ter como sede o Rio de Janeiro, em 2020. “A nossa ideia, como membros da UIA, é começar a falar em torno do tema e a preparar uma reflexão que vai culminar no congresso mundial”, devendo em Goa ser abordadas perspectivas para a cidade e a habitação nos países e territórios de língua portuguesa, adiantou.

Rui Leão destacou ainda a “oportunidade” de o fórum e a assembleia-geral do CIALP – em que vão ser eleitos corpos sociais – em Goa coincidir com a reunião do Conselho Executivo do IIA. “É muito bom e útil porque dá-nos também a possibilidade de ter acesso não só aos corpos gerentes do instituto mas realmente aos membros/arquitectos de Goa, (…) fazendo com que esta inclusão seja mais forte”, assinalou o arquitecto que marcará presença na qualidade de vice-presidente do Conselho Directivo do CIALP e de representante da Associação dos Arquitectos de Macau.

Rui Leão tem ainda expetativas elevadas relativamente à adesão. “Imagino que o congresso em Goa terá uma grande participação porque contará com a presença de todos os membros de todas as províncias da Índia e, em simultâneo, até a população de arquitectos em Goa que é razoável e a de estudantes, que não é muito grande mas tem significado”.

“O que eu vejo em Goa é (…) diferente e interessante porque é a partir das associações que nasce esse interesse em ir ao encontro da lusofonia”, destacou Rui Leão.

As três edições anteriores dos fóruns do CIALP tiveram lugar em Fortaleza (Brasil), Sumbe (Angola) e Lisboa (Portugal).

O CIALP, com sede em Lisboa, é parceiro institucional da União Internacional dos Arquitectos (UIA) e observador consultivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Através dos membros associados, reúne cerca de 150.000 profissionais de língua portuguesa, ou seja, cerca de 10% dos arquitectos em todo o mundo, segundo dados constantes no portal da organização.