A China e Cabo Verde assinaram, em Janeiro, um novo acordo de cooperação económica e técnica, no valor de 200 milhões de renminbi

Cooperação China-Cabo Verde em alta

Construção de infra-estruturas. Formação. Captação de investimento. Saúde. São áreas em que se tem destacado a cooperação entre a China e Cabo Verde. Foi em Abril de 1976 que os dois países estabeleceram relações diplomáticas, menos de um ano após a independência de Cabo Verde, a 5 de Julho de 1975.

A cooperação bilateral deu mais um passo no início deste ano. A China assinou um acordo com Cabo Verde, em Janeiro, para apoiar o arquipélago com 200 milhões de renminbi. O montante destina-se a financiar projectos considerados estruturantes, incluindo em áreas como a segurança e a modernização de infra-estruturas administrativas.

“A parceria tem sido marcada por um crescimento contínuo e benefícios mútuos”, afirma Nuno Furtado, delegado de Cabo Verde junto do Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, vulgo Fórum de Macau.

A construção de infra-estruturas é um dos sectores em que a cooperação China-Cabo Verde é mais óbvia. As obras mais emblemáticas incluem a Assembleia Nacional e o Palácio do Governo cabo-verdianos, mas também o novo campus da Universidade de Cabo Verde. No lote de obras edificadas com apoio chinês há ainda escolas, habitação social e infra-estruturas ligadas à saúde, entre outras.

Desde a independência de Cabo Verde, a China “tem sido o principal construtor de infra-estruturas do país”, aponta Odair Barros-Varela, académico da Universidade de Cabo Verde. No último meio século, sublinha o investigador na área das relações internacionais, os laços bilaterais “deixaram marcas significativas” em várias áreas e a parceria “tem sido fundamental para o desenvolvimento de Cabo Verde”.

Na educação, a China tem aberto as suas universidades a estudantes cabo-verdianos, ajudando o país insular na formação de recursos humanos qualificados, nomeadamente através da atribuição de bolsas de estudo. Já na saúde, uma das vertentes da cooperação tem sido o envio regular de equipas médicas chinesas para o país africano. A primeira chegou em 1984.

Em termos comerciais, a China é um dos principais parceiros do país africano. No ano passado, as trocas comerciais bilaterais atingiram 113,9 milhões de dólares americanos, crescendo 10,3 por cento em termos homólogos, de acordo com dados dos Serviços de Alfândega da China.

Nuno Furtado destaca, como um dos momentos marcantes da relação bilateral, o memorando de cooperação assinado em 2018 no âmbito da iniciativa chinesa “Uma Faixa, Uma Rota”. É aqui que se insere o projecto da Zona Económica Especial Marítima de São Vicente, que está a ser desenvolvido com o apoio da China e que prevê a criação de uma plataforma logística e de serviços de alcance global. Nuno Furtado realça que este é um projecto “estratégico” para a internacionalização do país e para a dinamização da denominada “economia azul”.

Odair Barros-Varela salienta que “Cabo Verde tem uma importância estratégica devido à sua localização geográfica”, que pode servir como um ponto de apoio para rotas comerciais internacionais e para sustentar a presença chinesa em África e no Oceano Atlântico, em consonância com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.