Cada vez mais literatura portuguesa é traduzida para chinês, mas é a poesia que continua a ser o lugar de todos os desafios. Poetas lusos vertidos para o idioma sínico e tradutores da língua de Pessanha falam sobre um diálogo que requer tanto trabalho quanto sensibilidade
Texto Hélder Beja
É justo dizer, como fazia o autor alemão Goethe, que há em cada língua qualidades próprias e intraduzíveis. Porém, não fossem os tradutores, e os diferentes povos do mundo – já tantas vezes incapazes de se entender entre si – estariam entregues a uma cacofonia sem fim, ou remetidos a essas províncias de silêncio de que falava o filósofo e crítico literário George Steiner. Em literatura, traduzir é, inevitavelmente, trair. E, no caso muito específico da poesia, como diz à Revista Macau o poeta português Nuno Júdice, “a melhor tradução é a que melhor esconde a traição”.
Nuno Júdice é um dos muitos autores portugueses traduzidos para chinês nas últimas décadas, período em que se registou um aumento significativo do número de traduções literárias entre os dois idiomas, impulsionadas por uma série de apoios governamentais e institucionais. O “Catálogo de Autores Portugueses Publicados na China”, da autoria da Embaixada de Portugal em Pequim, lançado pela primeira vez em 2020 e revisto e ampliado no ano passado, identifica 409 traduções desde os anos 1940 – altura das primeiras traduções conhecidas – até ao ano passado, sendo que mais de metade dessas, um total de 215, foram lançadas nos últimos 20 anos.
No Interior da China, o primeiro registo de poesia portuguesa editada em língua chinesa data de 1981 e é uma colectânea de versos de Luís Vaz de Camões, traduzida por uma equipa do Instituto de Línguas Estrangeiras de Pequim (instituição actualmente denominada de Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim). É preciso esperar seis anos para encontrar nova edição lírica, desta feita com poemas de Fernando Pessoa e tradução assinada por um nome que irá repetir-se ao longo de vários anos e livros: Zhang Weimin. O tradutor dedicou a maior parte dos seus esforços a Fernando Pessoa e também a Camões, tendo sido o primeiro a verter para a língua chinesa a versão integral de “Os Lusíadas”. A par do seu trabalho, os anos 1980 e 1990 foram profícuos acima de tudo pela mão de tradutores como Jin Guoping e de um académico, tradutor e poeta que há muito faz de Macau a sua casa: Yao Jingming, ou Yao Feng, no seu pseudónimo literário, nome incontornável da tradução de literatura em língua portuguesa para chinês.
A viagem do poema
“Traduzir qualquer poeta é um processo de aprendizagem e uma tentativa de estabelecer cumplicidade com ele”, diz Yao Jingming à Revista Macau. Hoje a leccionar na Universidade de Macau, Yao estudou espanhol durante a Revolução Cultural, mas acabou por escolher o curso de português depois de entrar no ensino superior. O interesse pela tradução de poesia portuguesa só apareceu depois de terminada a graduação, quando se dedicava à investigação académica.
“Em comparação com outras literaturas do Ocidente, especialmente a russa, a francesa, a britânica ou a americana, a literatura portuguesa tardou em chegar à China”, escreve Yao Jingming no texto de apresentação do catálogo publicado pela Embaixada de Portugal em Pequim. E lembra que a primeira obra lusa a ser traduzida (a partir do russo) e publicada no Interior da China foi nada mais que um romance neo-realista, “Esteiros”, de Soeiro Pereira Gomes, dado à estampa na capital chinesa em 1955. “O livro era adequado ao contexto político da China, que investia na solidariedade para com os oprimidos de todos os países”, nota o também poeta.
Hoje, a literatura portuguesa tem “um leque cada vez mais alargado de leitores chineses, para os quais nomes como o de Fernando Pessoa, de José Saramago, de Eugénio de Andrade, de Sophia de Mello Breyner Andresen ou de António Lobo Antunes já se tornaram referências indispensáveis”, aponta Yao Jingming. Trata-se de “um mundo riquíssimo de maravilhas e intensidades, um mundo que merece ser partilhado e descoberto pelos chineses”, acrescenta.
“Traduzir qualquer poeta é um processo de aprendizagem e uma tentativa de estabelecer cumplicidade com ele”
YAO JINGMING
ACADÉMICO, TRADUTOR E POETA
O tradutor começou a viajar poemas de um idioma para outro em 1990 com o livro “Com Palavras Amo”, de Eugénio de Andrade, poeta a que regressaria muitas vezes. “Recebi uma antologia de Eugénio de Andrade em 1984, li e gostei tanto que comecei a escolher 50 poemas para traduzir. Mais tarde, a tradução foi enviada para o Instituto Cultural de Macau e Carlos Marreiros, então presidente da instituição, decidiu publicá-la”, lembra. Seguiu-se o trabalho de tradução para a obra “Vinte Poetas de Portugal”, publicada em 1992, também pelo Instituto Cultural de Macau, vindo depois, no Interior da China, a obra “Poesia Portuguesa Moderna” (1993), traduzida em parceria com Sun Chengao e publicada em Pequim pela China Foreign Translation and Publishing Corporation, com apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.
Para Yao Jingming, cada poeta é um mundo próprio. “Faço esforços para ser ‘fiel’ (na prática é difícil e a fidelidade é sempre relativa) na tradução de cada poeta.” Ao fim de muitos anos, o grande desafio deste ofício cabe-lhe em poucas palavras: “Como fazer com que um poema traduzido continue a ser poema na língua de chegada”. Entre outros, o tradutor aventurou-se no mundo de autores portugueses como Sophia de Mello Breyner Andresen, Camilo Pessanha, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Luís Filipe Barreto, Alberto Estima de Oliveira, Gisela Casimiro e Nuno Júdice, de quem está neste momento a traduzir uma antologia.
Uma questão de sensibilidade
O domínio dos idiomas não chega para garantir uma boa tradução, pois não se trata apenas de palavras, mas de tornar inteligível toda uma cultura. Junta-se a isto um factor que autores e tradutores consideram essencial: a sensibilidade do escriba. A pergunta, então, impõe-se: um poeta traduz melhor a poesia de outro?
“Creio que um poeta pode entender melhor a música de cada poema e transpô-lo, evitando o que, para quem não tem essa sensibilidade, poderá resultar numa versão que pode estar correcta quanto ao sentido, mas com uma sonoridade mais prosaica do que poética”, aponta Nuno Júdice. “Claro que também há tradutores que não são poetas e que têm essa sensibilidade. A arte da tradução de poesia consiste em conseguir entrar no mundo de uma obra poética e começar a sentir-se à vontade para dominar os seus eixos principais.” O escritor português conta que já teve oportunidade de escutar poemas seus na tradução de Yao Jingming e, embora não tenha qualquer conhecimento de língua chinesa, sentiu “essa música” que compõe a poesia.
Nuno Júdice explica que a tradução de um romance, para lá do estilo próprio de cada escritor e do modo como ele o constrói e encontra uma linguagem própria, tem uma diferença importante face à poesia: “A narrativa, a intriga, os personagens, as descrições, tudo faz parte de uma sequência que a tradução acompanha de um modo linear. A poesia obriga a que, no fim de um verso ou de uma estrofe, se tenha de voltar atrás e se verifique se o ritmo funciona, se não há conflitos entre as palavras, repetições, um ruído que perturbe a harmonia que o poema transporta. Por isso, quando se verifica esse cuidado na língua de chegada, e se obtém um poema a partir do original, a tradução resulta”, diz. “É preciso uma sensibilidade própria do tradutor para obter esse resultado.”
Gisela Casimiro, de quem em 2021 a Praia Grande Edições, editora sedeada em Macau, deu à estampa “Erosão” – também numa tradução de Yao Jingming, assinada sob o pseudónimo Yao Feng –, considera que, à partida, existem vantagens em que um poeta traduza outro, “por uma questão de prática comum”. “Existe uma sensibilidade diferente, a um nível mais técnico, uma comunhão desse ofício partilhado.” Porém, ressalva que “a poesia não é de todo exclusiva dos poetas, portanto não implica que outra pessoa não consiga o mesmo efeito, talvez apenas demore mais tempo ou faça um percurso distinto”.
“É preciso dar espaço ao tradutor, pois ele está numa reescrita, numa reinterpretação do original”
GISELA CASIMIRO
POETISA PORTUGUESA, TRADUZIDA PARA CHINÊS
No caso da tradução dos seus poemas para chinês, a autora lusa nascida na Guiné-Bissau acredita que a “proximidade” de Yao Jingming à língua e à cultura portuguesas “transparece sem dúvida para o resultado”. O processo de tradução, tanto no caso de Nuno Júdice como no seu, não foi colaborativo. “É preciso dar espaço ao tradutor, pois ele está numa reescrita, numa reinterpretação do original. Conversar sobre a tradução teria sido o ideal, havendo essa necessidade por parte do tradutor, claro, e considerando o contexto específico de alguns poemas, mas não foi o que aconteceu”, conta Gisela Casimiro. “Fui falando mais com o editor, o Ricardo Pinto. A tradução foi marcada pelo início da pandemia, dos confinamentos, de vários tumultos sociais e políticos, que afectaram o processo, as deslocações, a comunicação. Contudo, Yao e eu tivemos uma bela conversa (online para mim)” na edição de 2021 do Rota das Letras – Festival Literário de Macau, na qual o livro foi apresentado.
Macau: potencial e limitações
Em Macau, o primeiro título traduzido e publicado em chinês de que há registo no “Catálogo de Autores Portugueses Publicados na China” da Embaixada de Portugal em Pequim é “Os Lusíadas Contados às Crianças e Lembrados ao Povo” (1942), obra de divulgação assinada por João de Barros, historiador e autor de “As Décadas da Ásia”. A tradução esteve a cargo do ilustre macaense Luís Gonzaga Gomes e de Zhang Yizhi. Gonzaga Gomes, aliás, aventurar-se-ia novamente na tradução literária para chinês, dessa feita a solo, publicando em 1959 “Mensagem”, de Fernando Pessoa.
O papel de Macau enquanto centro de traduções é destacado por Yao Jingming no texto que assina no catálogo de autores portugueses. “É de sublinhar que em termos de tradução e edição de escritores portugueses, Macau desempenhava um papel significativo, especialmente depois da criação do Instituto Cultural de Macau em 1984, tendo vindo a lume numerosas obras de escritores portugueses”, escreve. Porém, Yao Jingming não deixa de notar que, apesar de a actividade de tradução e edição ainda ser regular no território, “infelizmente as publicações circulam-se apenas nesta parcela”.
Ricardo Pinto, responsável pela Praia Grande Edições e director do Festival Literário de Macau, concorda com o diagnóstico. “A maioria dos livros que se publicam em Macau jamais sai do estreito confinamento do mercado local”, explica. “Para que isso deixe de ser assim, são necessários mais apoios à distribuição em alguns mercados-alvo, nomeadamente Pequim, Xangai, Guangzhou e outras grandes cidades do Interior da China, bem como Hong Kong e Taiwan, no caso das publicações em chinês.” O mesmo vale para Portugal, Brasil e outros mercados em países ocidentais quanto a publicações em português, inglês ou noutras línguas. O responsável sugere ainda uma alternativa “mais fácil de conseguir e, por isso, mais realista”: o desenvolvimento de plataformas digitais que permitam uma maior divulgação e acesso à distância aos livros publicados em Macau, em formato impresso ou electrónico. “Há muito a fazer nesta área e os resultados podem ser francamente compensadores”, diz.
Para uma editora de Macau, os grandes desafios que se colocam no momento de pensar em publicar uma tradução de poesia lusa para língua chinesa prendem-se desde logo com a “escassez de tradutores literários de português-chinês”, prosseguem com o “grande desconhecimento existente em Macau e também no Interior da China relativamente à maioria dos poetas lusófonos” e desagua nos já referidos “elevados custos e a dificuldade de acesso a circuitos de distribuição para lá do exíguo mercado local”, diagnostica Ricardo Pinto.
Apesar das dificuldades, a Praia Grande Edições e o Festival Literário de Macau vêm mantendo uma actividade regular no campo da poesia, que esperam poder retomar já este ano, com o fim das restrições às viagens, ligadas à COVID-19. “No último ano em que ainda tivemos convidados de fora, 2019, o festival teve a poesia como tema central e isso reflectiu-se na nossa actividade editorial subsequente: publicámos uma antologia de poemas, trilíngue, reunindo trabalhos de poetas locais, do Interior da China e de vários países lusófonos”, nota Ricardo Pinto. Seguiram-se a já referida edição do livro “Erosão” de Gisela Casimiro em versão bilíngue e ainda a publicação bilíngue de uma antologia de poemas do moçambicano José Craveirinha, por ocasião do centenário do seu nascimento, iniciativa proposta à editora pela académica Lola Geraldes Xavier, docente na Universidade Politécnica de Macau.
Ricardo Pinto está ciente de que traduzir e editar poesia, em vez de prosa, “requer um ainda maior grau de especialização em termos de tradução, desafio acrescido que só é parcialmente atenuado pela grande popularidade do género poético na comunidade chinesa de Macau”.
Jovens especialistas
Se é verdade que continuam a faltar tradutores literários que garantam a travessia poética entre as línguas portuguesa e chinesa, a situação parece ser hoje bem mais animadora do que há décadas. Yao Jingming confirma que “está a surgir uma nova geração de tradutores” – entre eles Patrícia Jin Xinyi, jovem tradutora que vive entre Macau, Pequim e Hangzhou e que é co-autora, com Cristina Zhou Miao, daquela que é apresentada como a primeira tradução integral para chinês do “Livro do Desassossego”, obra em prosa poética de Fernando Pessoa, assinada pelo seu heterónimo Bernardo Soares. A tradução foi publicada no ano passado pela Beijing United Publishing Company.
Jin Xinyi, que destaca, desde logo, o trabalho das gerações de tradutores que a antecederam, estudou língua portuguesa no ensino superior e a tradução de poetas lusófonos surgiu como “uma coisa natural”. “No curso de licenciatura, nomeadamente no segundo e terceiro anos, tive oportunidade de conhecer e ler, em português, mais obras literárias, tanto de poesia como de ficção, de vários países de língua portuguesa. Estava ansiosa por partilhá-las com os meus amigos que não falam português, mas que também adoram literatura. Gostava de lhes mostrar que ainda havia tantos escritores e obras que não eram conhecidos no mundo chinês, mas indubitavelmente excelentes”, conta à Revista Macau.
“Os leitores chineses amam Pessoa. Vêem Pessoa como um contemporâneo deles a dizer o que querem exprimir, mas não podem (ou não conseguem)”
PATRÍCIA JIN XINYI
CO-AUTORA DA TRADUÇÃO INTEGRAL PARA CHINÊS DO “LIVRO DO DESASSOSSEGO”, DE FERNANDO PESSOA
Traduzir “O Livro do Desassossego” foi “uma jornada difícil” e que afectou a própria saúde da jovem tradutora. “Houve meses em que me fechei no meu apartamento em Coimbra, em Portugal, devido ao surto de pandemia. Sofri de insónias pelo stress da vida isolada. Mas também consegui uma atenção extremamente concentrada durante as noites. Fisicamente com grande desassossego, mentalmente com belíssima inspiração”, elabora. Houve, por outro lado, “enorme alegria e satisfação” ao longo de um processo meticuloso: “Reli, repensei e mastiguei cada linha e cada palavra do texto, ficando plenamente consciente da sua grandeza e do seu imenso alcance, e das possibilidades e riqueza existentes na língua portuguesa como veículo literário”, recorda. “Penso que o ‘Livro do Desassossego’ desbloqueia, de certo modo, as algemas do português moderno e demonstra que ‘na palavra livre se contém toda a possibilidade de o dizer e pensar [o mundo]’”, conclui, citando um trecho da obra.
O “Livro do Desassossego” é um dos livros portugueses mais traduzidos e retraduzidos para chinês. Existem diversas versões assinadas por outros tantos tradutores e quase todas a partir do inglês, como aquela inicialmente publicada em 1999 pelo importante escritor chinês Han Shaogong, que ajudou a celebrizar o livro (ou pelo menos uma versão dele) e o próprio Fernando Pessoa junto dos amantes da leitura ocidental no Interior da China.
“Os leitores chineses amam Pessoa. Seja qual heterónimo for traduzido para chinês, vão comprar o livro e ler. Vêem Pessoa como um contemporâneo deles a dizer o que querem exprimir, mas não podem (ou não conseguem)”, explica Jin Xinyi.
Yang Tiejun, que traduziu Pessoa recorrendo a várias edições em língua inglesa e à amiga e tradutora de português Min Xuefei, diz à Revista Macau que, para as gerações mais jovens da China, “Pessoa é como um amigo que entende a sua ansiedade”. E acrescenta que “o fenómeno pode ir muito além da literatura”: “Acho que muitos deles estariam interessados em visitar Lisboa, onde Pessoa passou a maior parte da sua vida”.
“[Fernando Pessoa] impressionou-me muito. Não sabia que se podia escrever poesia assim. Foi uma grande experiência, um abrir de olhos”
YANG TIEJUN
TRADUTOR DE “IMAGINA UMA ROSA FUTURA – ANTOLOGIA DE PESSOA”
Yang Tiejun cruzou-se com a obra de Fernando Pessoa nos anos 1990, mas foi apenas na década seguinte, ao ler o poema “Tabacaria”, do seu heterónimo Álvaro de Campos, que percebeu a dimensão do que tinha diante de si. “Impressionou-me muito. Não sabia que se podia escrever poesia assim. Foi uma grande experiência, um abrir de olhos. Então, comecei a ler a sua poesia e a traduzir. Publiquei as minhas traduções nas redes sociais e foram bem recebidas.” O resultado foi “Imagina Uma Rosa Futura – Antologia de Pessoa”, publicado em 2019 pela China Citic Press e que, conta o tradutor, tem acima de tudo poemas de Álvaro de Campos e ainda o conto “O Banqueiro Anarquista”.
O tradutor radicado na província de Shanxi nota que a poesia chinesa moderna deve muito às traduções de poetas estrangeiros, a que os escritores das novas gerações puderam ter acesso, e lembra assim o movimento perpétuo entre poetas, tradutores, leitores e idiomas – Nuno Júdice, por exemplo, recorda que alguns poetas clássicos chineses foram importantes numa fase inicial da sua poesia e diz-se admirador da obra de Jidi Majia e Yao Jingming. Por outro lado, uma colectânea de poetas chineses contemporâneos traduzida para português pela poetisa lusa Sara F. Costa e o projecto “mao-mao”, desenvolvido em Portugal pelo escritor Valério Romão e pelo poeta e músico José Anjos, cruzando poesia operária chinesa e música, aproximaram Gisela Casimiro da realidade artística chinesa. Pegando nas palavras da autora, “o espírito do poema é livre e vai-se moldando a cada encontro com os leitores”. O que quer que seja traído na tradução, “é compensado no quanto de aproximação ela permite – e aí reside o seu valor”.