O Campo de Inovação da Grande Baía, com primeira edição marcada para Maio, pretende estimular o desenvolvimento integrado da região, através da cooperação entre os sectores público e privado
Texto Marta Melo
Shenzhen é a cidade eleita para receber a edição inaugural do Campo de Inovação da Grande Baía. Trata-se de um programa que visa estabelecer uma nova plataforma de intercâmbio entre os sectores público e privado, contribuindo com soluções para áreas-chave no desenvolvimento da região. Os líderes de organizações parceiras da iniciativa acreditam que esta pode aumentar a competitividade da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau e abrir portas para novos projectos.
O programa, a ter lugar entre os dias 26 e 30 de Maio, inclui visitas de estudo a empresas e workshops colaborativos. A inscrição está aberta a representantes de empresas da região ou com investimentos nas principais áreas de desenvolvimento da Grande Baía, com idades entre os 35 e os 50 anos.
Durante as actividades do Campo de Inovação, os participantes serão divididos em grupos para, com o apoio de académicos e formadores especializados, discutir e delinear soluções com vista a promover o progresso da Grande Baía. Essas propostas serão apresentadas a um painel de avaliação e posteriormente serão consolidadas e partilhadas com os governos das 11 cidades que compõem a Grande Baía – Dongguan, Foshan, Guangzhou, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai, na província de Guangdong, além das regiões administrativas especiais de Macau e de Hong Kong.
A razão para a escolha de Shenzhen para o arranque do programa é clara, diz Sidney Cheng, director-executivo da sucursal de Macau da consultora Deloitte China, que organiza o Campo de Inovação. A cidade é apresentada como “impulsionadora da inovação” no âmbito da Grande Baía, com vantagens competitivas no que toca ao “desenvolvimento sustentável e avanços tecnológicos”, bem como na integração entre os sectores industrial e financeiro. Juntam-se a estes factores a conveniência ao nível de transportes e logística.
Apoio alargado
O Campo de Inovação pretende ser anual e conta com o apoio de várias organizações e instituições governamentais das cidades que integram a Grande Baía, assim como de diversas associações. O objectivo do programa é contribuir para o posicionamento da região como “plataforma-chave nos avanços nacionais em ciência e tecnologia”, como definido pelo 14.º Plano Quinquenal Nacional (2021-2025), explica Sidney Cheng em entrevista por escrito à Revista Macau.
Esta será a mais-valia da iniciativa para o futuro da região. Segundo o responsável, ao reunir governos, empresas, profissionais qualificados, académicos, especialistas e grupos de reflexão sobre a Grande Baía, o Campo de Inovação vai permitir criar “uma plataforma para intercâmbios intersectoriais” e desenhar “soluções inovadoras” que se ajustem às principais áreas de desenvolvimento da região. Nesta primeira edição, o foco estará nas ciências sociais, sustentabilidade e transformação digital.
Os organizadores do Campo de Inovação ambicionam que as ideias que resultem da semana de discussão saiam do papel e ganhem forma. O futuro, afirma Sidney Cheng, “depende da colaboração entre governos, empresas e talentos”. Por isso, explica, o programa estipula que as soluções a serem desenvolvidas pelos participantes sejam partilhadas com os governos das cidades da Grande Baía. A estratégia pretende estimular o estabelecimento de parcerias entre as diferentes partes, de forma a promover o desenvolvimento da região.
Mais competitividade
A importância do projecto da Grande Baía no plano nacional atrai governos e associações a aderirem ao Campo de Inovação. Do lado de Macau, além da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico, também a Associação Industrial e Comercial de Macau é parceira do programa, com o presidente, Kevin Ho King Lun, a destacar o papel estratégico “significativo” da Grande Baía no desenvolvimento nacional.
Kevin Ho olha para o Campo de Inovação como uma “oportunidade valiosa” para empresários e especialistas das 11 cidades da Grande Baía se reunirem num “diálogo de alto nível e intercâmbio intelectual”. O empresário está confiante nos resultados desta iniciativa: além de permitir incrementar “o entendimento mútuo e a construção de redes de contactos”, o Campo de Inovação pode vir a ajudar Macau a “integrar-se melhor no desenvolvimento do país” e a contribuir para as metas traçadas a nível nacional, defende.
Do lado de Hong Kong, a procura de soluções para o progresso da Grande Baía é igualmente avaliada como uma oportunidade. Assim é na perspectiva da Federação das Indústrias de Hong Kong, que destaca a “massa crítica, com influência significativa no desenvolvimento económico e industrial da região”, das 14 mil empresas do território vizinho com operações na Grande Baía.
O presidente da federação, Sunny Chai Ngai Chiu, acredita que iniciativas como o Campo de Inovação podem abrir caminho para que as empresas venham a beneficiar dos “recursos e oportunidades” existentes a nível regional, fazendo uso das “vantagens competitivas” das cidades da Grande Baía. “Acreditamos que este programa vai capacitar as empresas para contribuírem para o avanço das indústrias de alta tecnologia e o desenvolvimento integrado regional”, conclui.
A Sociedade Parques de Ciência e Tecnologia de Hong Kong também se mostra optimista quanto ao impacto da iniciativa no futuro, considerando que será uma forma de aumentar a competitividade da região. Peter Mok, responsável para a Grande Baía na empresa pública de Hong Kong, sublinha a expectativa de que o Campo de Inovação possa “criar oportunidades mais amplas” para os talentos de Hong Kong e das cidades que constituem a Grande Baía.