Viver em Pequim é como criar um ouriço adolescente. Uma pessoa sai por uma semana e, ao regressar, olha para o horizonte e vê que nasceram novos picos na paisagem. Enquanto isso, os edifícios que já tinham nascido estão duas vezes maiores. E picos, ou arranha-céus, é o que não falta na capital chinesa, como um pouco por todo o país .
A um ano do arranque dos Jogos Olímpicos, a 8 de Agosto, se a China tivesse de criar um novo símbolo para os estádios, como seria? A pergunta era um dos passatempos num recente churrasco na capital chinesa .
Entre diplomatas estrangeiros, professores, banqueiros, jornalistas e consultores, chineses e de fora do país, a resposta de uma arquitecta italiana foi a única com que todos concordaram. Dizia ela que pouca seria a surpresa se na opção escolhida figurassem o martelo e a grua, a es tivesse de criar um novo símbolo para os estádios, como seria? A pergunta era um dos passatempos num recente churrasco na capital chinesa .
Entre diplomatas estrangeiros, professores, banqueiros, jornalistas e consultores, chineses e de fora do país, a resposta de uma arquitecta italiana foi a única com que todos concordaram. Dizia ela que pouca seria a surpresa se na opção escolhida figurassem o martelo e a grua, a escavadora, a betoneira e o capacete.
As cidades chinesas são um estaleiro permanente, num esforço de construção que parece seguir o lema olímpico de MMais longe, mais alto, mais forteM. No país de maior crescimento económico do mundo a nova arquitectura chinesa alista materiais inovadores, desenhos arrojados e arquitectos estrangeiros no esforço de provar ao mundo, e a si própria, o poder de uma superpotência em ascensão, cujo melhor símbolo é a Torre CCTV .
Gigantesca, tal como tudo na China .
Prédios, poder e prestígio
Da Cidade Proibida à Grande Muralha, dos guerreiros de terracota de Xian ao Palácio de Verão, a China não precisa de lições sobre como projectar e demonstrar poder através da construção e das obras públicas .
A novidade é que a nova arquitectura e as novas construções exercem e demonstram o poder de forma cada vez mais discreta .
Antes eram os Guerreiros de Terracota, o mausoléu imperial, a Cidade Proibida, a residência do imperador, a Praça de Tiananmen, a sede do Governo, o Grande Palácio do Povo, a sede da Assembleia Popular .
Os novos grandes edifícios de hoje em dia não pertencem exactamente ao Governo Central, mas sim às empresas que dependem directamente do Estado, do Governo e do Partido .
As construções olímpicas dependem directamente do Governo Central, que as financia, mas a utilização desportiva retira-lhes o conteúdo abertamente político. O mesmo sucede com o edifício da CCTV, a televisão pública central chinesa .
Vai albergar uma televisão – paga com fundos públicos, é certo – não um órgão de poder político. Em Cantão, a Torre do Rio das Pérolas será a sede da empresa estatal Guangdong Tobacco. O teatro de Pequim e a Ópera de Cantão são hinos às artes, não ao poder político que os financia .
Gerard Sabatier, professor de história na universidade francesa de Grenoble, definiu o processo como algo que acontece nas sociedade economicamente mais avançadas, uma “ideologia funcionalista, na qual o poder político tenta não parecer poder mas um autoridade que funciona ao lado de outras – a administração pública, as instituições económicas e culturais” .
As novas construções da China têm também uma função clara. Legitimar o processo de desenvolvimento utilizando a linguagem arquitectónica dos grandes centros económicos e financeiros do mundo capitalista e, até certo ponto, ocidental .
A mimetização é óbvia no World Financial Centre de Xangai, na Ópera de Cantão (preparada para receber óperas ocidentais, não ópera cantonense), ou nas “Torres Gémeas” já construídas em Pequim, para além dos milhares de condomínios um pouco por todo o país, como nomes como Domaine du Rich (Xangai), ou Chateau Edimburgh e Beijing Chateau (Pequim) .
A construção de projectos arquitectónicos cada vez mais altos e complexos não é única na China. Sobretudo as economias asiáticas da Ásia e do Golfo Pérsico esforçam-se mais para construir em altura. Na actualidade, em todo o mundo estão em construção 42 torres superaltas (acima dos 305 metros de altura), a maioria no Médio Oriente e na Ásia .
Das torres já construídas, Taiwan tem a mais alta do mundo, a Taipe 10l, com 509 metros de altura. A segunda maior do mundo é a torre da petrolífera estatal Petronas, na Malásia, subindo 452 metros nos céus da capital Kuala Lumpur .
“Os países em vias de desenvolvimento querem o edifício mais alto do mundo para se colocarem no mapa”, considera Antony Wood, do Conselho de Edifícios Altos e de Habitat Urbano. “Querem dizer ao mundo desenvolvido que chegaram, que têm a capacidade financeira e tecnológica para fazer estes projectos” .
A diferença entre a China e o resto da Ásia é que maioria dos países ficaria contente em fazer uma ou outra obra de poder e prestígio. A China faz oito. ]j difícil dizer “cheguei” com menos barulho.
Lugares de poder, poder dos lugares
o historiador italiano Giulio Cario Argan dizia que a chegada das grandes cidades acompanha achegada dos tempos modernos .
A grande criação política do século XVII foi o estado-nação, tipicamente na forma da monarquia absoluta. A concentração de poder levou à preeminência das cidades, que se tornaram centros de autoridade e sede dos órgãos do poder e da administração pública”. Argan, aliás, sabia do que falava, tendo sido presidente da câmara de Roma, cidade ex-capital do Império .
Nesta lógica entre arquitectura e poder, é natural que os edifícios mais modernos cresçam nas maiores, nas mais ricas e nas mais poderosas cidades chinesas, como Pequim, Xangai e Cantão .
O poder do lugar é sobretudo importante no local onde os olhos do mundo se vão concentrar entre 8 a 24 de Agosto de 2008 – o Parque Olímpico chinês, sem dúvida o maior estaleiro de edifícios ultramodernos no mundo, para receber as provas das Olimpíadas.
O Ninho de Andorinha
A estrutura entrançada de aço que serve de símbolo aos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 esteve quase para não ser construída.
A culpa era do montante que os arquitectos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron apresentaram. Um total de 3,8 mil milhões de rinminbis.
Os poderes públicos sempre quiseram um desenho inovador para o estádio onde o presidente Hu Jintao vai dar como abertos os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, cerimónia transmitida em directo nas televisões de todo o mundo, mas o orçamento não agradou.
As 42 mil toneladas de tubos de aço que tentam recriar os galhos de um ninho de pássaro dobram-se e suportam o Estádio Nacional, o nome oficial do edifício. Para além do preço, a concepção levantou também dúvidas quanto à segurança do edifício. Mas com o tempo a passar e a data das Olimpíadas a aproximar-se, o Governo deu luz verde à construção, desde que saísse do projecto a cobertura retráctil, que representou uma poupança de seis milhões de renminbis.
As aberturas na estrutura do edifício favorecem a circulação natural do ar, com os espaços abertos a cobertos com a mesma membrana translúcida que será usada no Centro Aquático Nacional Mesmo em caso de chuva, a membrana protegerá os 91 mil espectadores.
A construção do Estádio Nacional deverá terminar no final de 2007. O que vai acontecer à estrutura quando os Jogos abandonarem o Ninho, é algo ainda por decidir pelo Governo chinÊs.
O Cubo Aquático
É o mais ecológico e o mais popular de todos os edifícios olímpicos. Numa recente sondagem, o público chinês considerou o Cubo Aquático o projecto mais popular do país.
Tal como o Ninho de Andorinha, foi a natureza que inspirou o Cubo Aquático.
Mas se o Estádio Nacional tem como objectivo recriar uma estrutura natural inteira, o Centro Aquático Nacional evoca uma estrutura microscópica.
As três mil bolsas de ar feitas de plástico reciclado que envolvem a estrutura tentam recriar a forma mais comum na natureza – organização das células orgânicas. O projecto consegue assim copiar a forma mais eficiente na natureza de ocupar os espaços vazios tridimensionais, para além de reduzir o preço e tornar a construção mais eficiente.
Percebemos desde o início que uma estrutura baseada nesta geometria única seria altamente repetitiva e fácil de construir tendo, ao mesmo tempo, uma aparência orgânica e aleatória”, disse Tristram Carfrae, da empresa que forneceu os serviços de engenharia aos autores do projecto, a firma de arquitectura australiana PTW e à empresa estatal chinesa China State Construction Engineering Corporation.
A rede de finos tubos de aço que passam por entre as bolhas (as bolsas de ar) dão consistência à construção, permitindo ao Cubo de Água manter-se de pé durante tremores de terra, sem recorrer ao betão ou a vigas estruturais.
A membrana translúcida que o plástico cria permite também a entrada de muito mais luz e calor que o vidro, ajudando a aquecer a água das cinco piscinas e a reduzir em 30 por cento a factura energética.
O preço do Centro Aquático Nacional é desconhecido, e a obra deverá terminar no final de 2007.
O Computador
O Centro de Comunicações dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 inspira-se no circuito integrado de um computador mas, apesar disso, a sua elegância surpreende.
Uma série de fios de água corre numa série irregular de painéis de LED (Díodo Emissor de Luz ), entalhados num dos alçados do edifício.
Com a forma de uma caixa e revestimento em betão, alumínio e vidro, o DigitalBeijing, como lhe chamaram o arquitecto Zhu Pei e o atelier Urbanos, que conceberam a obra, quer também evocar um código de barras, reflectido na superfície aquática que rodeia o edifício.
O chão do primeiro andar do Digital Beijing é feito à base de plexiglas, na construção de um tapete digital translúcido onde poderão ser vistas diversas projecções de imagens.
Na fachada do edifício que, repetindo as áreas sólidas e as áreas vazias, simboliza a repetição digital do um e do zero, os arquitectos optaram pela utilização de novos materiais, mais baratos. Em vez de pedra, tal como estava previsto no projecto original, o edifício terá uma fachada de alumínio leve, semelhante à pedra mas a uma fracção do preço.
O preço total do DilJital Bdfine nunca foi anunciado, mas sabe-se que a construção terá de terminarno finaI de 2007, tal como os outros edifícios olímpicos, concebidos para causar impacto.
Depois dos Jogos, o edifício servirá de local de exibição para a indústria digital e, esperam os arquitectos, deverá estar em constante :remodelação, tal como o p;róprlo sector das tecnologias da inIormação. A factura da manutenção do Digital Beifine poderá assim vir a ser muito maior que a da construção.
O Ovo, Pequim
O que meio ovo pode fazer. O Grande Teatro NacioJlal de Pequim, do arquitecto francês Paul Andreu, chamou mais a atenção pela controvérsia que causou do que pelo projecto em si.
Os criticos afirmam que o edifício, com a forma de umanave espacial enraterrestre, pertence mais ao cenário de um filme de ficção científica. do que à Praça de Tiananmen, o centro simbólico e político da China onde está implantado.
O Governo chinês espera que a cobertura oval parcialmente :revestida por placa de titânio ajude o Grande Teatro Nacional a tornar-se no novo símbolo da capital do país.
O teatro estará pronto em Setembro de 2007 e terá a inauguração oficial a 1 de Outubro, Dia Nacional da China.
Reforçando a ideia de que a liderança do país quer que o teatro mostre a nova identidade chinesa.
O projecto do teatro, aprovado pouco depois de Pequfm ter ganho a candidatura para receber 05 Jogos Olímpicos, é um afastamento radical da arquitectura utiütarista e neoclássica do vizinho do lado, o Grande Pa1ácto do Povo.
Com capacidade para seis mil pessoas e um custo anunciado de 3,8 mil milhões de rcn.minbis, o edifício tem na realidade a forma de um meio ovo, que se completa através do reflexo no lago dos jardins circundantes.
As primeiras críticas são sobre a forma como a cúpula em vidro e a água do fosso circundante se vão portar de cnconlro às condições ambientais de Pequim, uma das mais poluídas cidades do mundo, que sofre de constante poluição atmosférica, emissõcs de partículas, tempestades de areia, fumos causados pela combustão do carvão que assegura a maioria do consumo energético e de calor da capital chinesa.Para além da componente ambiental. as más·Iinguas põem tambful em causa o feng shui do projecto. O teatro tem uma área de 150 mil metros quadrados, com a entrada através de um túnel de vidro sob a água dos lagos. Tudo demasiado parecido com um mausoléu tradicional chinês, mais do que com uma ópera.A polémica aumentou de tom com a derrocada, em 2004, da extensão do terminal do aeroporto Charles de Gaulle em Paris, tambmt um projecto de Paul Andreu.
À noite, através da cúpula de vidro tramparente, o Grande Teatro Nacional será visível por quem quer que passe na rua, podendo até assistir de fora a parte das récitas. Uma transparência que é pouco habitual na China, embora a Ideologia da alta cultura para as massas seja parte integrante da tradição comunista.
O Saca-Rolhas, Xangai
A torre World Financial Center de Xangai, o centro económico e financeiro da China, terá 101 andares quando estiver concluído no início de 2008.A frente do cdificio do arquitecto Bill Pcndersen, da firma de arquitectura Kohn Pedersen Fox, é atravessada a toda a altura por dois arcos, acentuando os 492 metros de altura, o máximo que permite a legislação para Lujiazui, a zona de Xangai onde a torre se situa.
No topo do World Financial Genter abrese uma “porta celeste” quadrada de seis andares, uma abertura que no início do projecto era para ser redonda, num piscar de olhos ao feng shui das portas lunares dos jardins chineses, mas o presidente da câmara de Xangai exigiu a mudança, por considerar que a forma redonda era demasiado parecida com o símbolo do sol nascente das forças japonesas que invadiram a China durante a Guerra do Pacífico.Com a abertura quadrada veio a alcunha que os habitantes de Xangai deram à torre – o “saca-rolhas gigante”, mas a porta celeste é também uma solução prática para aliviar a pressão dos ventos sobre o edifício.
Com um preço de 850 milhões de renminbis, o World Financial Genter terá também um hotel de seis estrelas, o Park Hyatt, que será o mais alto hotel de luxo do mundo.
Torre do Rio das Pérolas, Cantão
A nova sede da Guangdong Tobacco Gompany, um dos maiores fabricantes de cigarros da China, quase que dá ao fumo um bom nome. O projecto da Skidmore, Owings and Merril, de Nova Iorque, visa levar a construção sustentável a novas altura, pelo menos à altura dos 71 andares do edifício.Os arquitectos prometem que este será o primeiro arranha céus com um consumo zero de energia, o que significa que a torre vai gerar tanta energia quanto a que consome.A meta é ambiciosa e para a cumprir não chega instalar acessórios ecológicos, tais como painéis solares. Toda a concepção de raiz do edifício foi feita para atingir a meta de consumo zero.A localização na margem do Rio das Pérolas em Cantão, capital da província de Guangdong, permite reunir três fontes renováveis de energia a água, o vento e o sol.A fachada de paredes duplas é constituída por células fotovoltaicas que absorvem energia solar e é revestida a vidro antireflexo que isolam o interior dos reflexos e do calor que faz aumentar o consumo de ar condicionado.As paredes do edifício causam também a condensação da água na atmosfera, que o edifício depois recolhe e que, em conjunto com o ar, alimenta um sofisticado sistema de aquecimento e arrefecimento do interior com um consumo energético 60 por cento inferior aos sistemas comuns.As três curvas em que a torre se divide conduzem o vento para as aberturas nos andares, onde se situam os sistemas mecânicos do edifício. As aberturas permitem atenuar a pressão do vento e canalizar essa força para mover as turbinas eólicas que irão produzir muita da electricidade que a Torre do Rio das pérolas vai consumir.
Quando estiver terminado em 2009, esperam os arquitectos, a torre será um manual para a construção de edifícios energeticamente eficientes.
A Ópera de Cantão
Se a Ópera de Pequim de Paul Andreu foi acusada de ser um OVNI, a nova Ópera de Cantão da arquitecta Zaha Hadid é que parece vir de outro planeta.Só alguém com a fama de Zaha Hadidl, a primeira mulher a vencer o Pritzker, o equivalente na arquitectura a um prémio Nobel, poderia ter convencido o Governo da província de Guangdong, da qual Cantão é capital. com o projecto da ópera.Com uma área de 46 mil metros quadrados, capacidade para 1800 espectadores e uma sala multiusos com 2500 metros quadrados de área, o desenho da ópera evoca dois seixos lado a lado.Segundo a memória descritiva do projecto, os dois seixos “estão em perfeita sintonia” com o local de construção, na margem do Rio das Pérolas, e “reflectem a viagem da cidade através da história”.
A arquitectura insinuante do edifício remete também, diz a memória descritiva, para as notas altas e agudas da ópera cantonense. A ópera relaciona-se também de forma directa com quem passeia na rua. Graças ao acesso aberto à margem do rio e à zona de docas enquanto uma rua interna atravessa o edifício. A coberta de acesso à ópera, pelo lado do rio, será local de lazer para os visitantes, incluindo cafés, lojas e restaurantes.
A Jóia da Coroa
Um exército marcha no centro de Pequim. Em vez das braçadeiras vermelhas dos Guardas da Revolução, os novos soldados usam capacetes amarelos. Nada menos do que dez mil operários trabalham dia e noite para construir a torre CCTV, a resposta chinesa às pirâmides de Egipto.O estaleiro da obra é uma cidade em si mesmo, no centro de Pequim. E a Torre da CCTV, que vai mudar para sempre o céu da capital chinesa e mesmo, há quem diga, a arquitectura mundial. impõe respeito. Desde logo pelo tamanho, pela altura, pela escala.E depois, pela ambição.
A torre cresce num lote de dez hectares em pleno centro financeiro e de negócios de Pequim. A forma básica é a de duas torres em forma de “L” unidas no topo através de uma ponte em arco.A torre mais alta terá 230 metros de altura com uma superfície de solo de 405 metros. Os dois prédios em vez de paralelos, descaem na base num ângulo de 60 graus em relação ao solo. No topo, no entanto, para que se encontrem, desdobram-se num ângulo do 90 graus.Apesar dos jornalistas da CCTV já chamarem o projecto de “calças”, a sua construção é um acaso muito sério que desafia todos os códigos de construção e de engenharia conhecidos, só possível graças às novas técnicas de engenharia, obvias nos padrões da fachada.Opadrão exteriordo edifício adopta um esqueleto de rede de com tubos de aço que atravessam a fachada em vidro e dão apoio a toda a estrutural inclusive em caso de tremor de terra.
O próprio arco de 12 andares de ligação das duas torres terá de ser terminado precisamente ao início da manhã, antes do sol nascer, para concentrar a força do aço. A construção da Torre da CCTV, um projecto do Office of Metropolitan Architecture (OMA) do holandês Rem Koolhas, vai terminar em 2009 e custará 5,8 mil milhões de renminbis.
Com 52 andares e 400 mil metros quadrados, só o Pentágono ultrapassa em termos de área a Torre da CCTV. Nada mau, para um par de calças. Ou para o símbolo da China do futuro.
Jornalista da Lusa, em Pequim
O contributo de Macau
Os cálculos de Pequim indicam que serão necessários uns 100 mil voluntários para várias tarefas durante a realização dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paraolímpicos.O processo de candidatura para o serviço de voluntariado termina em Maio do próximo ano. No entanto os responsáveis pelo recrutamento quase não têm mãos a medir porque o número de candidatos já ultrapassou o meio milhão. São, na maioria jovens oriundos do Continente chinês, mas Taiwan, Macau e Hong Kong, assim como países vizinhos ou do Ocidente, também são fonte de candidatos a voluntários. Uma condição prioritária – todos têm de falar ou poder comunicar em mandarim.Macau, que se quer posicionar como um centro de estágio e de treino para atletas de alta competição de nível internacional e que já tem toda uma infra-estrutura desportiva montada, que serviu os Jogos da Lusofonia e vai ser usada nos Jogos em Recinto Coberto (ver artigo nesta edição), vê nos Jogos Olímpicos 2008 uma oportunidade para enriquecer o seu curriculum vitae.Quem vier de Pequim trará um capital de experiência que a região administrativa especial pode aproveitar para as suas ambições desportivas.O que Macau pode oferecer aos Jogos Olfmpicos 2008 em termos de voluntariado não se mede em termos de quantidade numérica: serão, acima de tudo, candidatos capazes de comunicar em mandarim e em português para dar assistência aos atletas de países de língua portuguesa.Até ao Verão, o Instituto de Desporto de Macau, entidade encarregada de gerir o processo de candidaturas dos voluntários em Macau e responsável pela promoção dos Jogos Olímpicos no território, tinha registado uns mil candidatos para o evento.Essas pessoas, na maioria jovens, foram ou serão sujeitas a um treino para depois serem observadas por Pequim, que tem a última palavra no que toca à sua “contratação”. O Comité Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim ainda não definiu quantos voluntários vai necessitar de Macau.
O treino básico para qualquer voluntário ao serviço deste evento inclui conhecimentos gerais sobre os Jogos Olimpicos e Jogos Paraolímpicos; história e cultura da China e vida cultural de Pequim, no caso de Macau, história do território; conhecimentos gerais de assistência médica, de operações de salvamento e de assistência a pessoas com deficiências físicas. E apenas serão considerados para o lugar aqueles que souberem sorrir, porque “Sorrir é o melhor cartão de visita” é o lema destes Jogos Olímpicos
Salto mortal na estreia
Macau viu Nani estrear-se com a camisola do Manchester United e assistiu ao salto mortal do jovem futebolista português, uma das grandes contratações dos red devils para a temporada que acaba de se iniciar
O Estádio de Macau encheu para ver o campeão inglês, que efectuou uma digressão à Ásia na pré-época. O Manchester United jogou no Japão, Coreia do Sul, China (Cantão e Macau). Em Macau, Ronaldo e companhia estagiaram durante quatro dias.
Cerca de 16 mil espectadores vibraram com a equipa de Alex Ferguson, que goleou os chineses do Shenzhen Xiangxue Eisiti por 6-0. Nas bancadas muitos adeptos de Hong Kong, que marcaram também presença no treino aberto, que levou cerca de 4000 fãs ao Estádio da Taipa.
Para Ronaldo e Nani, a passagem por Macau foi marcante, já que os jogadores tiveram a oportunidade de ouvir os adeptos portugueses aplaudir as suas jogadas. Ronaldo confessou que estava muito satisfeito por estar em Macau, ‘pois sei que há aqui muitos portugueses, que a nossa língua é um dos idiomas oficiais’.
Cristiano Ronaldo, confirmando o seu estatuto de estrela, foi dos jogadores mais aplaudidos pelo público. E em muitos momentos ouviu gritar C-Long Na Tou, o seu nome em cantonês.
O futebolista português, que muitos apontam como um dos principais candidatos ao título de melhor jogador do Mundo, que a FIFA (Federação Internacional de Futebol) vai atribuir no próximo ano, revelou sempre grande simpatia com os adeptos, o que, de resto, foi realçado pelo próprio treinador do Manchester United. Ronaldo é um rapaz inteligente e que sabe perfeitamente tomar conta da sua vida, ao contrário de alguns jogadores que não têm uma boa relação com a fama e com o mediatismo’, disse Alex Ferguson. NRonaldo não tem esse problema. Desde que chegou ao Manchester nunca deu sinais de ficar empolgado ou vaidoso com o estatuto de estrela. Por isso, nunca fico preocupado com as inúmeras solicitações de que é alvo para dar entrevistas ou nos contactos com os adeptos. Já viveu muito desde que chegou, mas agiu sempre da melhor maneira e amadureceu de forma fantástica”, destacou o técnico escocês.O jogo de Macau ficará também marcado na carreira do jovem Nani. O antigo jogador do Sporting estreou-se em Macau com a camisola dos red devils (não jogou em Tóquio e Seul). Actuou durante 59 minutos e marcou o seu primeiro golo com a camisola dos “diabos vermelhos”. Em Macau, Nani deu também o tradicional salto mortal, movimento com que o jovem futebolista costuma festejar os golos que marca. Alex Ferguson proibiu”, no entanto, N ani de continuar a festejar em grande estilo para evitar eventuais lesões. Em Cantão, voltou a “facturar”, mas já não deu o salto mortal…O jogo que serviu de ensaio para os Jogos Asiáticos em Recinto Coberto foi um excelente teste para a competição que em Outubro vai trazer a Macau atletas de 45 países e territórios.
O Manchester United está, por outro lado, a estudar a hipótese de criar na Ásia uma escola de futebol. Macau é uma das possibilidades em análise, mas os responsáveis pelo clube inglês ainda não tomaram a decisão final.
Cantão e Hong Kong estão também interessados em receber a escola de futebol do Manchester United.