Texto Bruna Pickler | Fotos Gonçalo Lobo Pinheiro
Investigar os planetas e a Lua e até, quiçá, formar o primeiro astronauta de Macau são os grandes objectivos do Laboratório de Referência do Estado da Ciência Lunar e Planetária, instituído formalmente no início de Outubro na Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST, na sigla inglesa), que já contava com um laboratório desse nível na área da Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa.
Na Universidade de Macau (UM), o Laboratório de Referência do Estado da Internet das Coisas da Cidade Inteligente é o terceiro laboratório aprovado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e compromete-se a promover o desenvolvimento de cidades inteligentes e a dar um novo impulso ao crescimento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. Em 2010 foram criados os laboratórios para a Investigação de Qualidade em Medicina Chinesa e de Circuitos Integrados em Muito Larga Escala Analógicos.
Para Rui Martins, vice-reitor da Universidade de Macau, este novo laboratório foca-se numa área crucial e que está em desenvolvimento em todo o mundo. “A ideia é, com os colegas que temos especializados nesta área, começar a desenvolver projectos, nomeadamente, a formação de pessoas com mestrados, doutoramentos, e que possam também gerar resultados em termos de publicações e em termos de patentes, que possam ser aplicadas em Macau como Smart City e a tornem competitiva com o resto do mundo”, disse à margem da cerimónia de inauguração, durante a qual também foram entregues prémios para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia de Macau.
Segundo um comunicado da UM, o laboratório vai dar prioridade ao desafio técnico de construir um novo tipo de Internet das Coisas no desenvolvimento de uma cidade inteligente. O objectivo é superar as deficiências das actuais tecnologias.
O vice-reitor faz um balanço positivo dos dois laboratórios de referência já em funcionamento. “Temos vindo a aumentar significativamente o número de publicações em revistas internacionais. Mas não só publicações, também o número de citações tem aumentado significativamente”. Mais especificamente, Rui Martins destaca que a UM, incluindo os laboratórios, tem “cerca de 20 mil citações anualmente e mais de 1500 artigos”. “Além disso, doutorámos nos dois laboratórios cerca de 70 pessoas sendo que alguns dos doutorados estão a criar os primeiros spin-offs, pequenas start-ups na Ilha da Montanha, para que novos produtos sejam comercializados na China.”
Rui Martins adiantou que o investimento directo realizado pelo Fundo para o Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia nestes laboratórios existentes ronda os 200 milhões de patacas.
Já o director do Laboratório de Ciência Planetária da MUST, Zhang Keke, acredita que sob o selo de Laboratório de Referência do Estado, estão criadas as condições para se estabelecer “uma excelente plataforma para jovens cientistas de Macau que estão interessados nas ciências do espaço e planetárias”.
Chan Kwing Lam, professor no novo laboratório, sonha ainda mais alto: “Não ficaria surpreendido se visse um astronauta de Macau a subir ao espaço dentro de 10 anos”, disse. O antigo cientista sénior do primeiro centro espacial da NASA, o Goddard Space Flight Center, diz que, após uma primeira fase dominada por militares, o programa espacial chinês irá, tal como o norte-americano, abrir portas a cientistas especializados, algum dos quais podem vir do novo laboratório de Macau.
Frederico Ma Chi Ngai, presidente do Conselho de Administração do Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e da Tecnologia, referiu que os dois laboratórios vão ter um aumento orçamental para 30 milhões de patacas por três anos. Com um orçamento inicialmente fixado em 24 milhões de patacas para cada laboratório por um período de três anos, Ma Chi Ngai explicou que o valor foi revisto em alta para melhor satisfazer as condições de trabalho. O montante é destinado a despesas correntes dos laboratórios, podendo estes ainda candidatar-se a outros subsídios para projectos de investigação.