Albert Ho

Começou a jogar rubgy por volta dos 12 anos quando vivia em Vancouver, no Canadá. Há oito anos, Albert Ho voltou para Macau por motivos profissionais. Rapidamente vestiu as cores da equipa local de rugby e é ele quem, agora, lidera o grupo de ‘cavalheiros”

 

Comecei a jogar rubgy quando vivia em Vancouver, no Canada com cerca de 12 ou 13 anos. Sinceramente não fui eu que escolhi este desporto. Sempre fui, aquilo que se chama, um “rapaz grande”. Um dia um dos rapazes que treinava a equipa Bantam Boys viu-me, veio ter comigo e disse-me que se eu quisesse poderia aparecer nos treinos da equipa, que eram ao final da tarde. Não queria ir mas eles fizeram-me entender que se não fosse ao treino “ia ter um ano difícil”. Mas apaixonei-me pelo rugby depois do primeiro jogo, naquela semana.

Por motivos profissionais veio para Macau. Juntou-se à equipa local e foi capitão…

Faço parte da equipa há oito anos. A minha empresa decidiu abrir um escritório em Macau. Fui capitão da equipa durante três anos, mas como não jogávamos em nenhuma liga, eu juntei-me a um clube de Hong Kong. Assim foi por dois anos. Na altura passei a braçadeira de capitão para o Ricardo Pina e ele fez um bom trabalho. Por motivos profissionais, ele acabou por ter de se ausentar de Macau, e eu retomei o lugar de capitão.

Quais são os principais desafios da função de capitão?

Diria eu que é um trabalho em part–time sem remuneração. É um trabalho de muita organização e coordenação. A equipa toda colabora, o que torna o meu trabalho bem mais fácil. Como jogador, espera-se empenho nos treinos e nos jogos. No entanto, como capitão, temo-nos de esforçar mais e ser o exemplo para o resto dos elementos. Sem mencionar o lado mais burocrático e o trabalho de preparação para os treinos e os jogos.

Algum segredo para exercer esta função numa equipa que tem jogadores de várias nacionalidades?

Não há segredos. Como costumo dizer, os rapazes tornam a minha vida fácil. Temos de ter um pouco de paciência e as coisas voltam sempre ao seu lugar.

Normalmente, melhor do que se espera.

Há algum jogo que tenha sido memorável?

Para mim, foi o nosso primeiro jogo internacional frente ao Paquistão. Não porque tivesse sido o nosso primeiro jogo internacional, nem porque ganhámos por uma larga diferença. Mas sim porque foi a primeira vez que a equipa treinou adequadamente durante dois a três meses antes de um jogo, contra todos os obstáculos. Tivemos que passar por cima de esgotos, correr à volta de edifícios em construção, com vidros no chão e lixo em todo o lado. Alguns elementos magoaram-se, tiveram infecções, perdemos algumas bolas de rugby e houve muitas entorses. A preparação para aquele jogo mostrou realmente o carácter de todos e aproximou-nos como equipa.

Como vê o futuro do rugby em Macau, num espaço entre cinco a dez anos?

Acho que são precisos os apoios certos e empenho. Dar-nos recursos, como por exemplo, um campo de rugby, ou mesmo um campo para treinos. Dessa forma considero que Macau pode facilmente desenvolver a sua própria Liga e ter uma vertente nacional para competir como Hong Kong e o Japão.Este é um plano a dez anos….

Como jogador de rugby qual é o seu maior sonho?

Com a minha idade e com os meus afazeres profissionais, o sonho de jogar na equipa masculina do Canadá, que me acompanhou enquanto estudante universitário, já se desvaneceu. Agora, o que gostava de ver era a equipa de Rubgy de Macau crescer. Também gostaria de ver mais crianças jogar. Os pais devem entender que o rugby não é um jogo de “hooligan”, mas que pode ser jogado por “cavalheiros”. Já pratiquei vários desportos, e o rugby é o único jogo de contacto onde, literalmente, o que se passa no campo, fica no campo.