Os países de língua portuguesa são considerados um mercado importante no âmbito da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. O académico Edmund Sheng Li, da Universidade de Macau, assinala o facto de representarem um mercado de 280 milhões de consumidores e de estarem “estrategicamente localizados” em vários continentes, em diversos pontos abrangidos pela iniciativa. “Os países de língua portuguesa desempenham um papel importante no transporte marítimo global, o que os torna um parceiro atractivo para a China”, refere.
São oito os países lusófonos que integram a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. De acordo com Paulo Duarte, investigador na Universidade do Minho, em Portugal, seria “interessante” utilizar a iniciativa para, por exemplo, desenvolver o turismo de Cabo Verde, “trazendo companhias aéreas chinesas”. E o mesmo em Portugal: “o voo que foi criado de Hangzhou-Pequim-Lisboa era uma fonte de crescimento económico e pode, perfeitamente, servir os interesses de um Portugal que está, aos poucos e poucos, a retomar a sua economia”.
Mais do que o potencial dos países de língua portuguesa para a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, a académica Fernanda Ilhéu refere o papel da China no desenvolvimento destas nações. “O que a China pode fazer nesses países é [promover] plataformas de desenvolvimento, que dão origem à construção de infra-estruturas, que dão depois origem ao progresso industrial e comercial destes países.”
Fernanda Ilhéu argumenta ainda que os países de língua portuguesa têm que se industrializar e a China pode contribuir para isso, porque “conhece esse processo”, pelo qual passou recentemente. “Tem capacidade financeira e tem um mercado para depois importar alguns desses bens que irão ser produzidos nesses países”, afirma.