Angola vê na Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) uma janela para cooperar com a China, pelo “conjunto de experiências” do território, que podem ser “muito úteis” para o país africano. As palavras são do Embaixador de Angola em Pequim, João Salvador dos Santos Neto, que aponta o turismo como um dos sectores em que a RAEM pode desempenhar um papel importante. “Temos potencialidades naturais que nos permitem um turismo dinâmico. Pensamos que Macau tem muito para nos transmitir e para cooperar connosco nesse sentido”, diz o diplomata.
O Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa – com base na RAEM e por isso conhecido como Fórum de Macau – é também olhado como uma plataforma de desenvolvimento e cooperação dinâmica. Para além do trabalho do organismo nas áreas económica e comercial, o embaixador angolano destaca outros sectores de actividade do Fórum de Macau, porventura menos mediáticos, a começar pela formação de recursos humanos.
“Sem a preparação dos nossos quadros, a transformação [do país] não será possível. E a China tem desempenhado um papel fundamental e o Fórum de Macau, com apoio da Fundação Macau, também tem desempenhado um papel extremamente importante”, afirma João Neto, que esteve na RAEM em Março, a propósito das celebrações dos 20 anos do Fórum de Macau.
Para Francisco José Leandro, director associado do Instituto de Investigação para os Países de Língua Portuguesa da Universidade Cidade de Macau, o Fórum de Macau é “complementar às relações bilaterais” entre a China e Angola. O académico explica: para “tudo aquilo que vai além da relação entre os Estados”, nomeadamente para o estímulo de laços entre “actores não-Estado, mas que são agentes económicos na mesma”, Macau e o Fórum de Macau “são o sítio ideal para que isso aconteça”.
Francisco José Leandro nota o papel do Governo de Macau – e do território como um todo – como “facilitador” da criação de redes de trabalho, no âmbito do posicionamento da região como plataforma de cooperação sino-lusófona. “Para mim, ‘plataforma’ é tudo o que tem a ver com os agentes económicos não-governamentais. Tudo o que envolve cultura, os negócios, as feiras, a educação. Tudo o que ajuda a criar o próprio ‘networking’.”