Portugal é um país seguro, com uma economia aberta e onde é fácil viver. Estas são algumas das razões que levam as empresas chinesas a usar Portugal na sua rota de internacionalização, diz Y Ping Chow, líder da Câmara de Comércio Portugal-China PME, que olha para Macau como uma ponte entre os dois países
Texto Luciana Leitão
Os laços de cooperação e amizade entre a China e Portugal têm sido reforçados ao longo dos últimos anos, com o aumento do investimento chinês em Portugal e mais trocas comerciais entre os dois países. Mas também a comunidade chinesa em Portugal é hoje maior e mais diversificada, com raízes bem assentes no país europeu, afirma Y Ping Chow, líder da Câmara de Comércio Portugal-China PME.
“Há muitas empresas [chinesas] que querem internacionalizar-se e preferem vir para Portugal do que para outros países”, diz Y Ping Chow em entrevista à Revista Macau. Para além de estar à frente dos destinos da Câmara de Comércio Portugal-China PME, Y Ping Chow é também presidente da Liga dos Chineses em Portugal, uma associação de cariz social.
“As empresas que vêm para Portugal geralmente procuram onde se sentem melhor”, comenta o dirigente, acrescentando que vão “porque sentem que Portugal é um país seguro, com pouca criminalidade, onde é fácil viver e a partir de onde se consegue contactar com os outros países da Europa”.
De acordo com dados do Banco de Portugal, a China é o quinto maior investidor directo estrangeiro em Portugal, com uma quota de 6,8 por cento do total do investimento directo estrangeiro.
A China afirmou recentemente a vontade de reforçar a cooperação com Portugal, identificando alguns sectores prioritários, entre eles os da inovação tecnológica, da investigação e desenvolvimento científico, da energia e das finanças.
Ainda assim, tendo em conta o actual momento que se vive a nível global devido à pandemia da COVID-19, Y Ping Chow nota que há relativamente poucos chineses a optarem por sair do país natal. “Veio pouca gente, mas a nossa perspectiva é de que podem começar a vir”, defende o responsável.
Macau, próximo destino
No que toca ao papel de Macau nas relações entre a China e Portugal, Y Ping Chow afirma que o território “está sempre no centro das expectativas de ligação entre Portugal, a China e os países lusófonos”. Por isso, diz, a Câmara de Comércio Portugal-China PME está em vias de criar um Agrupamento Complementar de Empresas (ACE) em Portugal. O objectivo é levar as empresas portuguesas para Macau, aproveitando o papel que o território poderá ter na divulgação das suas actividades no Interior da China, refere Y Ping Chow.
“Não é tão fácil às empresas portuguesas irem para Macau, porque Macau já tem tantas empresas com relações com Portugal”, afirma, acrescentando: “Os empresários portugueses podem aproveitar a relação histórica, podem aproveitar e ir com o nosso projecto, que deverá ter o apoio do IPIM [Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau]”.
Neste momento, o projecto está ainda numa fase embrionária. “Este ano foi aprovado um programa de consulta da internacionalização para as províncias de Zhejiang e de Hebei, 2022/2023, mas agora gostaríamos de criar um projecto de um ACE para Macau e para a província de Guangdong.”
No entanto, dada a actual fase da pandemia da COVID-19, Y Ping Chow considera que esta etapa do projecto apenas deverá arrancar no próximo ano. “A pandemia deverá atrasar o processo”, reconhece.