O combate à pandemia, a recuperação económica e o reforço do investimento foram os grandes compromissos firmados na última Reunião Extraordinária Ministerial do Fórum de Macau
Texto Tiago Azevedo
Macau foi novamente o palco principal, no dia 10 de Abril, da Reunião Extraordinária Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau), que teve como um dos pontos altos a inauguração do Centro de Intercâmbio da Prevenção Epidémica China-Países de Língua Portuguesa. A iniciativa deixou patente a vontade comum de combater a pandemia da COVID-19 que há mais de dois anos assola a economia mundial. O novo Centro é apenas o ponto de partida.
A cerimónia de descerramento da placa do Centro de Intercâmbio da Prevenção foi presidida pelo Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), Ho Iat Seng, e pelo Director do Gabinete de Ligação do Governo Popular Central na RAEM, Fu Ziying.
A criação deste Centro tem como visão “aproveitar as singularidades de Macau assentes na sua ligação estreita com os países de língua portuguesa para reforçar a cooperação no sector de saúde entre a China e os países de língua portuguesa, através de diversas acções de formação e intercâmbio”, salientou o Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum de Macau num comunicado. O objectivo, acrescentou, é “potenciar em conjunto a capacidade de resposta a epidemias, bem como contribuir de mãos dadas para o empreendimento da saúde pública no mundo e para a construção de uma Comunidade Global de Saúde para Todos”.
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Sob o lema “Um Mundo Sem Pandemia – Um Desenvolvimento Comum”, a reunião foi organizada pelo Ministério do Comércio do Governo Popular Central da República Popular da China e realizada pelo Governo da RAEM com a colaboração do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, tendo decorrido em formato híbrido online e offline, simultaneamente em Pequim e Macau. O local principal foi o Complexo da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.
Três propostas de Li Keqiang
O Primeiro-Ministro do Conselho de Estado da China, Li Keqiang, enviou uma mensagem via vídeo para a cerimónia de inauguração. O alto dirigente do Governo Central começou por lembrar que o comércio entre a China e os países de língua portuguesa ultrapassou os 100 mil milhões de dólares americanos durante cinco anos consecutivos e os 200 mil milhões de dólares americanos no ano passado, o que demonstra a resiliência e o potencial da cooperação.
Li Keqiang constatou que se vivem tempos de incerteza e instabilidade a nível mundial e lançou três propostas para o reforço da cooperação sino-lusófona. Em primeiro lugar, afirmou que a China fará mais contribuições para salvaguardar a paz mundial e promover o desenvolvimento mútuo e a prosperidade de todos os países, incluindo os lusófonos. Li Keqiang assegurou ainda que o Governo Central irá aumentar a cooperação com os países de língua portuguesa para vencer a pandemia o mais cedo possível, através de vacinas, medicamentos e de iniciativas na área da saúde global, das quais o centro de intercâmbio de prevenção de epidemias na RAEM é parte integrante.
Por último, apelou a uma maior abertura e facilitação do comércio e investimento com vista à retoma económica, garantindo que a colaboração sino-lusófona será reforçada. Afirmando que “a China procura sempre uma abertura ao exterior”, o governante salientou que Macau é uma ponte que liga a China aos países de língua portuguesa e que esta cooperação mútua irá avançar a “passos firmes e produzirá frutos”.
Exigida maior dinâmica
Tal como Li Keqiang, os representantes de alto nível dos governos dos países de língua portuguesa foram unânimes relativamente ao papel desempenhado pelo Fórum de Macau e aos resultados até agora obtidos. Os dirigentes lusófonos também proferiram mensagens via vídeo e atribuíram alta expectativa à continuidade do reforço da cooperação económica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, nos mais variados sectores, sob o enquadramento do Fórum de Macau.
O Ministro do Comércio da China, Wang Wentao, sublinhou o “papel fulcral” do Fórum de Macau, salientando que o volume de negócios sino-lusófonos aumentou exponencialmente ao longo da existência da instituição, criada em 2003.
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Os representantes dos países lusófonos abordaram temas sobre o reforço do intercâmbio na prevenção epidémica e sobre a promoção da recuperação económica. “Todas as partes chegaram a um consenso na intensificação de diálogos nas áreas da cooperação contra a pandemia e da recuperação económica pós-pandémica, de forma a conjugar os esforços para vencer esta luta contra a COVID-19, rumo a ganhos mútuos e prosperidade. Além disso, as partes integrantes desejaram maior dinâmica do papel imprescindível de Macau enquanto plataforma nos domínios variados, incluindo a cooperação sino-lusófona no combate à pandemia”, refere o comunicado.
No final do evento, os Ministros dos países participantes assinaram a Declaração Conjunta da Reunião Extraordinária Ministerial, e emitiram a Declaração sobre a aprovação da adesão oficial da República da Guiné Equatorial ao Fórum de Macau como o décimo país integrante (ver caixa). A Reunião Extraordinária Ministerial contou com mais de 100 participantes.