O sector hoteleiro uniu-se e criou uma associação que promete trabalhar para atingir as metas de protecção ambiental definidas no 14.º Plano Quinquenal da China
Texto Tiago Azevedo
Chama-se Aliança para o Desenvolvimento de Hotéis Verdes de Baixo Carbono (LCGHA, na sigla inglesa) e reúne mais de 30 empresas, organizações e instituições académicas de Macau e do Interior da China. O objectivo desta recém-criada associação é promover uma sociedade de baixo carbono, respondendo à estratégia de desenvolvimento verde delineada no 14.º Plano Quinquenal do Governo Central.
A Aliança foi oficialmente lançada em Dezembro do ano passado, “impulsionada por uma missão para atingir o pico de carbono e a neutralidade de carbono em linha com as metas climáticas nacionais”, afirma a organização em comunicado. A nova organização “aspira a colaborar e a caminhar na senda dos avanços das indústrias hoteleiras, de turismo e construção, para aprofundar ainda mais os intercâmbios regionais e aumentar a consciência da importância dos comportamentos de baixo carbono”.
“A LCGHA – que se fundamenta na ciência e é orientada para a acção – pretende mapear várias medidas inovadoras e viáveis para reduzir as emissões de carbono, facilitando a troca de conhecimentos profissionais, resultados de pesquisas e experiências entre os seus membros”, acrescenta.
A empresária Pansy Ho, presidente fundadora da Aliança, salienta que “a LCGHA se irá dedicar a aderir às políticas do país, tendo a Região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau como ponto de partida e a indústria do turismo como principal força motriz”.
“A aliança esforça-se para reunir as forças da indústria hoteleira, numa tentativa de acelerar a transição da indústria para uma operação de baixo carbono, com vista a uma economia mais verde, e também para estimular e maximizar a interação entre ecoturismo, comunidades verdes e economias verdes”, refere.
Nova era
As empresas da Grande Baía têm, desde o início, promovido proactivamente o desenvolvimento verde, apoiando as estratégias climáticas do Interior da China, continua Pansy Ho. “O estabelecimento da Aliança anuncia uma nova era de desenvolvimento de baixo carbono na região, através do fornecimento de plataformas e horizontes ampliados, a par de mais oportunidades”, salienta.
A Aliança, diz a presidente fundadora, pretende atrair novos membros para que, em conjunto, a associação possa “empregar uma abordagem abrangente para atender às metas climáticas da nação e do Governo de Macau”.
Para reduzir os riscos ligados às mudanças climáticas, a LCGHA pretende facilitar intercâmbios entre as indústrias, pelo que irá convidar regularmente organizações profissionais, instituições académicas e especialistas para partilharem os seus conhecimentos e experiências práticas, bem como organizar visitas de estudo a hotéis que representam exemplos ecológicos ou a edifícios verdes na Grande Baía. Além disso, a Aliança visa juntar esforços com o Governo de Macau e outras associações para promover a conservação de energia e conceitos de baixo carbono junto das gerações mais jovens, com o objectivo de aumentar a consciencialização sobre protecção ambiental na sociedade.
Durante a cerimónia de lançamento em Dezembro, foi assinado o primeiro acordo-quadro de cooperação estratégica com o Instituto de Energia, Ambiente e Economia da Universidade de Tsinghua. Teve ainda lugar um seminário sobre os objectivos do 14.º Plano Quinquenal da China relacionados com os níveis de carbono.
Pico de carbono em 2030
As principais prioridades do 14.º Plano Quinquenal relativas ao desenvolvimento ambiental são a melhoria da eficiência energética da China, a expansão das fontes de energia renováveis, a pesquisa de tecnologias avançadas de armazenamento de energia e o desenvolvimento da rede estatal de energia inteligente. A implementação destas estratégias abrange o período entre 2021 e 2025, durante o qual se prevê o desenvolvimento de novas fontes de energias de baixo carbono, como novos recursos energéticos e veículos eléctricos, e o apoio a áreas que possibilitem atingir o pico de emissões de carbono até 2030.
Como o gás natural é identificado como um combustível limpo, o plano visa expandir a produção doméstica no Interior da China. O mesmo documento estabelece que o consumo de energia e as emissões de dióxido de carbono por unidade do produto interno bruto devem sofrer uma quebra entre 15,5 e 18 por cento, respectivamente, até 2025, em relação a 2020, enquanto as fontes de energia renováveis devem crescer para 20 por cento da matriz energética da China, em comparação com os 16 por cento registados em 2019.
Foi também definido como meta obrigatória a expansão da cobertura florestal da China para 24,1 por cento, em comparação com os 23,2 por cento registados em 2019.
O Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) está também articulado com o país no combate às alterações climáticas e na melhoria da qualidade ambiental. Um dos objectivos, definido no 2.º Plano Quinquenal de Desenvolvimento Socioeconómico da RAEM (2021-2025), é que o território atinja o pico de emissões de gases com efeito de estufa até 2030, apontando de seguida para a neutralidade carbónica.