A criação de uma bolsa de valores denominada em renminbi é um tema em discussão em Macau há alguns anos. Em 2019, o Governo anunciou mesmo um estudo de viabilidade sobre o tema, para aferir se o território possui um sistema legal, de fiscalização e de regulação, bem como quadros qualificados, adequados para garantir um mercado bolsista.
Por agora, a prioridade, segundo a Autoridade Monetária de Macau, é o “desenvolvimento do mercado de títulos de dívida”, comprometendo-se o Governo a explorar, “em momento oportuno, a viabilidade do alargamento das actividades de investimento e financiamento no âmbito de valores mobiliários”.
A inexistência de uma bolsa de valores é, para António Félix Pontes, “um factor limitativo” ao desenvolvimento de um mercado de obrigações. Embora as obrigações listadas em bolsas de valores sejam geralmente negociadas nos balcões dos bancos, diz o economista, “a grande maioria dos investidores institucionais (bancos, seguradoras) dão clara preferência às obrigações listadas em bolsas de valores de grande reputação e reconhecimento internacional”.
Tirso Olazabal acredita que uma bolsa de valores em Macau poderá vir a “tornar-se uma realidade à boleia do desenvolvimento do mercado obrigacionista”. “É um tema que pressupõe a conciliação de vários interesses e a sua criação tem de ser bem pensada no sentido de lhe atribuir um papel específico, com especial foco no renminbi”, acrescenta o advogado, especializado em banca e finanças.
Já para Félix Pontes, devem ser ponderados factores como a concorrência na região e o “universo de empresas potencialmente elegíveis” para serem cotadas, dada a dimensão da maioria das entidades empresariais locais. O economista alerta também para outras questões, como a quantidade e as qualificações dos técnicos necessários para trabalhar nesta área, e os “investimentos avultados” inerentes à criação de uma bolsa de valores e da respectiva entidade supervisora.