A Maratona Internacional de Macau assinala 40 anos em 2021. São quatro décadas a percorrer milhares de quilómetros de história do atletismo profissional e amador do território
Texto Tiago Azevedo
FOI há 40 anos que se deu a partida daquela que foi a primeira grande corrida de estrada em Macau. Várias centenas de fundistas tomaram as estradas entre Macau, Taipa e Coloane, algo nunca antes visto. Hoje, a Maratona Internacional de Macau destaca-se no calendário dos eventos da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e nem a pandemia da COVID-19 a consegue parar.
No ano em que celebra a sua 40.ª edição, a maratona conta com 12 mil inscrições. O número máximo de participantes registados para a prova agendada para dia 5 de Dezembro foi definido em 1400 para a Maratona, 4800 para a Meia Maratona e 5800 para a Mini Maratona, tendo as vagas esgotado numa questão de dias.
Em 1981, na sua edição inaugural, mais de 400 fundistas, de idades compreendidas entre os 12 e os 53 anos, participaram no evento, dos quais 200 eram atletas vindos do exterior. O número de participantes estrangeiros aumentou desde então, tornando-se uma tradição ver grupos de atletas oriundos de países africanos e europeus a visitar Macau anualmente para esta emblemática prova de corrida.
Corrida para todos
Em 1981, a primeira edição foi impulsionada pelo Clube Desportivo Panda de Macau, com o patrocínio de empresas e o apoio das comunidades sociais. A Maratona foi sendo organizada anualmente, “preenchendo uma lacuna duma disciplina do atletismo ainda não desenvolvida localmente, na altura”, salienta o Instituto do Desporto na página electrónica dedicada ao evento.
“A realização das primeiras edições da Maratona Internacional de Macau contou com o apoio de vários serviços públicos, até que em 1987, com a fundação da Associação de Atletismo de Macau e do Instituto do Desporto (designado por Instituto dos Desportos de Macau na altura) passou esta actividade a ser organizada por estas duas entidades”, aponta o mesmo organismo.
Nove anos depois do arranque da primeira maratona, o evento conheceu uma nova fase de evolução e reconhecimento internacional. Em 1990, Macau entrou para a Associação de Maratonas Internacionais e Corridas de Estrada e os percursos das provas foram reconhecidos por esta entidade, “estabelecendo-se uma nova forma organizativa, ou seja, a realização conjunta entre uma colectividade e um serviço público, atingindo um novo patamar na história da Maratona em Macau”.
Em 1997, foi inaugurado o Estádio de Macau, na Taipa, e criada a disciplina da Meia Maratona. No ano seguinte, o evento passou a integrar também a Mini Maratona, “aumentando o leque de ofertas, tornando o evento acessível para todos os indivíduos de diferentes escalões etários e capacidades físicas”.
Prémios atraem elites
Desde 2004, a Maratona Internacional de Macau conta com a Galaxy Entertainment Group como a principal patrocinadora. O patrocínio permitiu aumentar os prémios pecuniários, atraindo a atenção da comunidade de atletismo profissional, elevando o carácter competitivo da prova.
Na disciplina da maratona, em masculinos e femininos, o primeiro lugar do pódio recebe US$40.000 (MOP320.000), enquanto o segundo e o terceiro recebem US$10.000 e US$7.000, respectivamente. Já na meia-maratona, quem cortar a meta em primeiro lugar recebe US$3.500, sendo reservados US$2.000 e US$1.500 para o segundo e terceiros lugares, respectivamente.
“A realização da Maratona Internacional de Macau tem atraído todos os anos um grande número de atletas locais, atletas vindos de regiões vizinhas, do estrangeiro, e a presença de maratonistas de elite de renome internacional tem dado um colorido especial à prova, o que fez Macau ganhar grande prestígio e reconhecimento no âmbito do desporto internacional”, sublinha o Instituto do Desporto.
Atletas de Hong Kong venceram a primeira edição da Maratona, nas categorias feminina e masculina. A região vizinha continua a dominar no sector feminino em termos de vencedores ao longo das décadas, seguida de atletas do Interior da China. Os fundistas de Portugal dominaram a maratona quase durante uma década na categoria masculina, mas a partir de 2000, com a participação de mais atletas africanos, fundistas quenianos começaram a ser uma presença assídua no primeiro lugar do pódio.
A liderança africana também é visível no quadro dos recordes. Em 2017, o fundista queniano Felix Kiptoo Kirwa correu os quase 42,2 quilómetros em 2h10m01s, recorde que ainda se mantém. No sector feminino, a atleta do Interior da China Deshun Zhang bateu, no ano passado, o recorde anterior, ao completar a prova em 2h28m43s.
Na Meia Maratona, prova com cerca de 21,1 quilómetros, o recorde continua a pertencer ao queniano Hezron Otwori, que correu a distância em 1h02m55s, logo na primeira edição em 1997. Nos femininos, a queniana Esther Wambui Karimi é a detentora do recorde, com a marca de 1h13m37s, alcançada em 2019.