Desde que foi lançado pela Comissão de Desenvolvimento de Talentos e a Fundação Macau, o “Projecto de Estágio na UNESCO” já contou com a participação de 13 residentes que partiram em busca de alargar horizontes e de trabalhar com as comunidades locais de países como os Camarões, Moçambique, Angola, Peru, Uruguai, Costa Rica, Cuba e Itália. À MACAU, Wawa Lok e Arianna U contam como a experiência mudou as suas vidas para sempre
Texto Pedro Arede | Fotos DR
“Quis ir para África e para os Camarões porque é neste tipo de experiências que descobrimos quais são os nossos pontos fortes e fracos. Aqui em Macau estamos na nossa zona de conforto, é tudo muito familiar”, começou por partilhar Wawa Lok com a MACAU.
Quando surgiu a oportunidade de passar os 12 meses seguinte em Yaundé, a capital dos Camarões, a residente de Macau não hesitou em concorrer ao Programa de Estágios da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), lançado em 2017 pela Comissão de Desenvolvimento de Talentos (SCDT) e a Fundação Macau.
Na base da sua motivação, para além da vontade de sair da sua zona de conforto e da familiaridade que sempre teve com Macau, estava a ambição de fazer algo prol de outras comunidades locais. Isto quando, na bagagem, já trazia experiências em países como a Tanzânia, Quénia e África do Sul.
Ao final de apenas seis meses e muitas peripécias no território africano, revela Wawa Lok, tinham já sido criados “laços extremamente fortes” com aqueles com teve a oportunidade de se cruzar e ficou o sentimento de que em Macau, por contraponto, a população “toma tudo por garantido”
“Na maior parte das vezes acho que as pessoas que vivem em Macau não sabem a sorte que têm. Tomamos muitas coisas como garantidas. Sempre foi assim desde que nascemos e, por isso, não sabemos o que está a acontecer do outro lado do mundo”, sublinhou.
Alma exploradora
Tudo aconteceu naturalmente. Quando se candidatou ao programa de estágios em 2017, Wawa Lok já estava em África, mais precisamente a fazer voluntariado na Tanzânia. Após concluir os estudos no Reino Unido na área das Ciências Sociais, a vontade de ir a “lugares pouco familiares” e a certeza de que o futuro próximo não passaria por Macau, levou Lok a procurar oportunidades em África, através de várias organizações não governamentais (ONG).
“Não queria apenas viajar, mas fazer algo em prol das comunidades e dar sentido à utilização do meu tempo. Foi por isso que contactei as ONG. Em cada país onde estive fiz coisas diferentes. No Quénia estive ligada a um programa de empoderamento das mulheres e cuidados infantis. Na Tanzânia tive a oportunidade de trabalhar num projecto relacionado com a investigação subaquática. Quero saber aquilo que gosto e explorar todas as opções. Por isso contactei ONG locais e perguntei se aceitavam voluntários. Eles disseram que sim e, por isso, comprei bilhetes de avião e lá fui eu”, contou.
Quando surgiu a oportunidade de, como residente de Macau, integrar um projecto com a chancela de um organismo de renome internacional como a UNESCO, Lok não hesitou, tendo a experiência adquirida recentemente no terreno contribuído para que o processo de candidatura e selecção se desenrolasse de forma favorável. Num curto espaço de tempo, Wawa Lok faria oficialmente parte do primeiro grupo de residentes de Macau escolhidos para participar no “Projecto de Estágios da UNESCO”.
Apesar de inicialmente ter pensado que nos Camarões iria encontrar uma cultura semelhante à que tinha experimentado noutros países africanos, Lok admitiu ter ficado surpreendida por se ter deparado com um cenário “completamente diferente”, até pela própria forma como as pessoas falavam, fazendo-as parecer, grande parte das vezes, que “estavam zangadas”.
“Foi um choque ao início, enquanto ainda me estava a adaptar. Tento não pensar que as pessoas são todas iguais e em todas as presunções que isso acarreta. Sou uma pessoa bastante aberta e descobri que os Camarões são um país com uma cultura muito rica”, partilhou.
Exemplo disso é o modelo de organização social adoptado nos país que, segundo Wawa Lok, é muito diferente e “permite enquadrar diferentes comunidades”, preservando-as, em vez de as tentar homogeneizar. “Eles conseguem preservar as diferentes culturas e achei isso extremamente impressionante porque, em vez de tentarem que todos sejam o mais parecido possível uns com os outros, para que as pessoas sejam mais facilmente governadas, fazem de forma diferente. Isto fez-me pensar muito enquanto lá estive. Eles respeitam-se muito uns aos outros apesar de serem diferentes”, partilhou.
No terreno
Os escritórios da UNESCO nos Camarões, explica Wawa Lok, estão integrados num âmbito regional mais alargado que engloba 10 países da África Central, estando essencialmente responsáveis por promover programas de apoio dedicados à população jovem.
“Estes programas de apoio são necessários, porque a maioria dos jovens não vai à escola nem tem oportunidades de trabalho e acaba, muitas vezes, por ser recrutada por grupos extremistas. Acaba por ser muito fácil recrutar estes jovens porque, para eles, é uma oportunidade de ter rendimentos”, começou por explicar.
“Não conhecia esta realidade antes de ir para lá. É uma grande questão e, por causa disso, a UNESCO criou programas específicos para os jovens. Durante o meu estágio desenvolvemos programas de treino vocacional, de paz e de liderança. Basicamente, estes jovens não têm nada e é muito fácil que acabem recrutados por estes grupos e, por isso, criámos vários materiais de aprendizagem, com o objectivo de os fazer voltar ao caminho certo.”
Durante a experiência, a residente de Macau tinha essencialmente a seu cargo “muito trabalho de escritório”, nomeadamente ao nível da pesquisa e criação da identidade visual dos programas de aprendizagem dedicados aos jovens. “Às vezes conhecíamos efectivamente os visados dos programas mas, normalmente, eles eram enquadrados por outros organismos. Habitualmente, a UNESCO não trabalha directamente junto da comunidade, mas sim com o Governo e outras entidades, para que as políticas necessárias se tornem realidade. O trabalho que fiz nos Camarões é muito diferente do trabalho de voluntariado que experimentei antes”, apontou.
Sementes com futuro
Desde 2017, através da celebração de um acordo de cooperação com a UNESCO, a Comissão de Desenvolvimento de Talentos (SCDT) e a Fundação Macau lançaram, em conjunto, o “Projecto de Estágio na UNESCO”, atribuindo, anualmente, apoios financeiros a residentes de Macau para a realização de estágios na sede da UNESCO, nas suas agências e outras instituições afectas ao organismo.
À MACAU, a SCDT aponta que o programa tem como objectivo principal “proporcionar (…) aos jovens de Macau a expansão dos seus horizontes internacionais, fomentando o seu crescimento profissional aliado à experiência de trabalho”.
“O projecto de estágios não só promove o intercâmbio e a cooperação internacional, como também a formação de jovens talentos profissionais com capacidades diversificadas. Na perspectiva de alargar a visão internacional de cada um e as suas próprias experiências profissionais, o projecto de estágio é reconhecido pelos jovens de ensino superior de Macau. Através da prática, os estagiários podem aprender e conhecer de perto o funcionamento das Nações Unidas e, com estas experiências de trabalho, podem cultivar competências de trabalho independente, desenvolver competências de coordenação multilateral e de capacidade organizacional, bem como aperfeiçoar técnicas de comunicação e de capacidade de resposta em equipas interculturais”, detalhou a SCDT.
Desde o lançamento do projecto de estágio, foram recebidos 91 pedidos de residentes de Macau, tendo sido seleccionados 13 candidatos pela UNESCO para participar nos estágios. De frisar ainda que, em 2020, o projecto de estágios foi suspenso, devido ao efeito da pandemia de Covid-19 que se fez sentir em todo o mundo.
Os residentes interessados em participar no “Projecto de Estágio na UNESCO” poderão rumar a países como os Camarões, Moçambique, Angola, Peru, Uruguai, Costa Rica, Cuba e Itália para assumir cargos nas áreas das ciências sociais e humanas, recursos humanos, património cultural e sustentabilidade, participando, entre outros, em programas de alívio da pobreza jovem e de promoção da cultura pacífica.
Aos estagiários exige-se que saibam falar duas ou mais línguas estrangeiras no local de trabalho, fazendo parte dos idiomas utilizados, o inglês, o francês, o português e o espanhol.
Como contrapartidas, os seleccionados são apoiados através de um subsídio mensal de subsistência de 12 mil patacas durante os 12 meses de duração do estágio, despesas de transporte de ida e volta para o local de realização do estágio e ainda, um apoio financeiro adicional, concedido uma de só vez, de 20 mil patacas destinado ao pagamento das despesas de seguros e vistos.
Abrir horizontes
Quem também integrou o primeiro grupo de residentes de Macau a participar no “Projecto de Estágio na UNESCO” em 2017 foi Arianna U. Quando a oportunidade bateu à porta, pouco tempo antes de concluir o mestrado em Estudos Europeus e Relações Internacionais que estava a frequentar em Lovaina (Bélgica), não houve hesitações, até porque as Nações Unidas foram, precisamente, objecto de estudo constante durante o seu percurso académico.
Decidida a embarcar no projecto, concorreu e foi aceite. Pouco tempo depois, Arianna U estava a caminho de Moçambique, motivada pela ambição de testemunhar com “os próprios olhos” a situação que muitos países africanos vivem ao nível da carência de necessidades básicas.
“Precisava de ver porque é que existiam diferenças tão grandes no mundo. Este sentimento ficou guardado na minha cabeça durante muitos anos (…) e, quando surgiu a oportunidade de ir para África chegou também a possibilidade de tentar concretizar um sonho antigo”, partilhou.
Ao contrário de Wawa Lok, Arianna U trabalhou mais perto das comunidades locais. Mal chegou a Maputo, devido à falta de pessoal, integrou a equipa do gabinete de comunicação, sendo destacada para ir a reuniões em nome da UNESCO com outros departamentos ligados aos direitos humanos, educação e comunicação.
Ao longo dos 12 meses que passou em Maputo, Arianna U esteve também envolvida num projecto “relativamente grande” ligado ao lançamento do Relatório Global de Monitorização da Educação, organizado em conjunto com o programa “Africa Innovation 2017”. Além desse, fez também parte projecto “World Press Freedom”, que consistia em celebrar o dia mundial da imprensa livre, através de várias actividades.
“Contactei várias ONG relacionadas com os média e os jornalistas e (…) organizei um workshop, juntamente com a MISA, uma ONG local, para prestar apoio judicial dedicado à protecção de jornalistas, que correm muitos riscos em Moçambique.”
Mas foi a experiência de campo realizada fora da capital que mais marcou Arianna U. Em várias províncias de Moçambique que visitou, como Pemba e Ilha de Moçambique, a residente de Macau teve a oportunidade de trabalhar de perto com as comunidades locais, criar laços e observar diferentes pontos de vista.
“Na Ilha de Moçambique, lançámos alguns workshops de formação sobre o património cultural. Tratávamos, por exemplo, de como seria possível, ao mesmo tempo, impulsionar o turismo e proteger o património. Estava também responsável por coordenar a partilha de diferentes sugestões e soluções por parte dos interessados. Muitos deles têm opiniões diferentes sobre a forma de gerir o património. Gostei de participar neste projecto porque foi possível ver as diferentes perspectivas dos líderes das comunidades, dos governantes locais, provinciais ou municipais.”
Durante a experiência, aquilo que mais impressionou a residente de Macau foi o facto de, apesar de todas as adversidades, a simpatia, a humanidade e a vontade de aprender serem uma constante de todos aqueles com quem se cruzou em Moçambique. “As pessoas que encontrei em África eram extremamente simpáticas. Mudei realmente a perspectiva que tinha da minha vida porque, apesar de estas pessoas não terem muitas coisas, isso não as impediu de ser felizes. Esse é um dos maiores sentimentos que transporto comigo desde então.”
As memórias mais marcantes que traz desses dias aconteceram por ocasião do projecto “Lição de Literacia” que integrou em Pemba. Conta Arianna U que, enquanto falava com os participantes no programa, apercebeu-se que, na sua maioria, eram mulheres casadas que foram forçadas a abandonar os estudos quando ainda eram novas. “Estas pessoas estavam verdadeiramente felizes quando partilhavam as suas histórias connosco. Disseram, por exemplo, que, porque tinham estudado, conseguiam fazer cálculos e tinham sido capazes de começar pequenos negócios. É este o espírito do empoderamento”.
Outra mulher, partilhou Arianna, fez questão de demonstrar os progressos que tinha feito, ao pegar num livro de português que começou a ler, declamando muito alto todo o vocabulário que já tinha aprendido. “Toda a gente estava a aplaudir de felicidade. É tocante ver o sorriso destas pessoas porque elas levam a aprendizagem muito a sério e, mais tarde, quando se apercebem que sabem ler e podem fazê-lo em voz alta para os outros é uma felicidade tremenda e genuína.”
No último dia do projecto, enquanto se despedia de Pemba, os participantes do programa estavam todos a gritar o nome de Arianna. Enquanto perseguiam o carro onde seguia lançavam também para o ar, repetidamente e em português, votos de sucesso que se materializaram em “saúde, saúde…”. “Esta foi a memória mais forte que trouxe”, sublinhou Arianna U.
Lições de vida
Depois de tudo, voltar a Macau foi um choque. Desde os cumprimentos sem retorno até voltar a ganhar confiança para utilizar o telemóvel na rua ou nos transportes públicos, Arianna U sentiu-se novamente deslocada. No entanto, foi ao nível dos valores, nomeadamente dos bens materiais, que Arianna se apercebeu que existe uma percepção completamente diferente.
“A necessidade de possuir alguma coisa tornou-se mínima para mim. Sinto que não preciso de muitas coisas e não tenho a necessidade de comprar bens de luxo. Apercebi-me também de que as pessoas falam normalmente sobre onde comer, o que comprar e onde comprar”, começou por dizer.
“As pessoas investem muito mais em alcançar metas externas do que internas. Isto acaba por levá-las a serem muito ansiosas e a sentirem muita pressão. A parte exterior pode ser a fama, a reputação, a marca de roupa que se usa, o salário ou a profissão. As pessoas ligam muito a este tipo de coisas. Mas se lhes perguntarmos ‘és feliz?’, provavelmente dizem que não, mas que está tudo bem porque têm dinheiro e uma vida confortável. Isto, apesar de não gostarem do trabalho que têm, sentirem-se mal em relação a si próprias ou com a sua aparência”, apontou Arianna U.
A opinião é partilhada por Wawa Lok, para quem “tudo pareceu errado” quando regressou a Macau e foi confrontada com aquilo a que apelidou de “choque cultural inverso”. “É realmente chocante que eu seja de um mundo onde tudo é tão luxuoso e relacionado com o bem-estar material. Tenho ideia de que a maioria das pessoas é muito materialista. Até eu, tenho essa sensação. Este conceito está errado. Gastamos uma quantidade absurda de comida, mas nos sítios onde estive as pessoas não têm o que comer. Aqui há tanta oferta, mas nesses sítios não há nada”, aprofundou Lok.
Sobre o “Projecto de Estágio na UNESCO”, Arianna U considera ser um mecanismo muito “importante” para Macau, enquanto plataforma entre o Oriente e o Ocidente, fornecendo ferramentas que permitem aos residentes descodificar o contexto internacional. “O programa de estágio é muito importante porque Macau funciona como uma plataforma e, por isso, é necessário que haja pessoas capazes de testemunhar o que se está a passar lá fora e trazer essa informação para Macau e vice-versa. Isto, se realmente quisermos ser uma cidade internacional. Foi isso que me inspirou a estudar as relações entre a China e os países africanos de língua portuguesa. Não há muitas pessoas capazes de traduzir a linguagem internacional em linguagem local e transformar o discurso local em linguagem perceptível pela comunidade internacional. É preciso muito treino e imersão cultural para se poder fazer isso. É preciso desenvolver capacidades ao nível da comunicação e compreender o contexto”, apontou.
Por seu turno, Wawa Lok não tem dúvidas de que é necessário “convidar mais talentos do exterior para tornar Macau num local mais multicultural e diverso”. “É possível ter mais ideias inovadoras se tivermos pessoas e valores culturais diferentes à nossa volta. Só assim é possível tornar Macau numa cidade realmente internacional”, rematou.
Certo é, para ambas, que devia haver mais residentes de Macau interessados em participar no “Projecto de Estágio na UNESCO”. “É definitivamente importante continuar com estas iniciativas. Depois de voltarmos, a SCDT organizou algumas sessões de partilha e isso foi extremamente importante. Na altura houve muitos jovens a perguntar porque quisemos ir, se tivemos medo ou como era a nossa vida nesses sítios. Perante a preocupação deles, nós estávamos lá a dizer para irem, pois os ganhos obtidos através do estágio são muito maiores [que as desvantagens], apesar de todas as dificuldades que possam eventualmente vir a enfrentar”, apontou Wawa Lok.
Para Arianna, os jovens de Macau devem participar no “Projecto de Estágio na UNESCO” por ser “uma experiência valiosa a longo prazo”, que contribui muito para a “construção do carácter” e pode ser uma “porta para descobrir novas possibilidades”. “Nunca sabemos por que caminhos a vida nos pode levar, mas pode tornar-se em algo tão incrível que é impossível imaginar à partida e, até lá chegar, apercebemos-nos que o nosso potencial não tem limites”, vincou.
Colher os frutos
De regresso a casa, tanto Wawa Lok como Arianna U voltaram decididas a arregaçar as mangas e transformar a experiência internacional que tiveram em algo palpável e que pudesse contribuir para Macau.
Após ter trabalhado inicialmente na SCTD, Arianna U fundou, em Outubro de 2020, juntamente com uma amiga, a Genervision House, uma organização dedicada à promoção dos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, que vão desde a erradicação da pobreza às alterações climáticas, passando pelas questões de igualdade de género e de educação.
Concretamente, explica Arianna, a Genervision House assume-se como uma plataforma de interacção com outras organizações da mesma génese, que tem como principal objectivo, através da partilha regular de dados e relatórios de organismos internacionais, consciencializar cada vez mais pessoas relativamente aos objectivos traçados pela ONU. Para a residente de Macau, tanto a experiência que resultou do estágio da UNESCO como a oportunidade de trabalhar na SCTD, foram fundamentais para que a Genervision House visse a luz do dia.
“O trabalho na SCDT permitiu-me ter uma grande experiência a nível da legislação, pois pude contribuir para o processo de tomada de decisão de algumas leis, de uma forma muito próxima. Isso ajudou muito porque, se por um lado em Moçambique tive a meu cargo a implementação de programas a nível local, por outro, ainda precisava de trabalhar o meu pensamento sistemático (…) e ter uma perspectiva geral de como as coisas são feitas. O trabalho no Governo permitiu-me ter essa visão geral”, partilhou.
Por seu turno, para além do trabalhar no Centro de Produtividade e Transferência de Tecnologia de Macau, Wawa Lok criou uma associação chamada “Language & Culture Exchange”, dedicada a juntar diferentes pessoas e culturas sob o pretexto de “se tornarem cidadãos do mundo”, abordando também os ODS promovidos pela ONU.
“O objectivo é alargar o espectro do conhecimento além daquilo que se passa em Macau, nomeadamente para problemáticas globais como o aquecimento global ou a igualdade de género. No fundo, os grandes tópicos de debate promovidos pelas ONU”, referiu.
Sobre Macau, ambas as participantes não têm dúvida de que o passado multicultural do território facilitou o contacto com outras culturas. “Definitivamente que ter crescido em Macau tornou muito mais fácil o contacto com culturas diferentes. Em primeiro lugar o passaporte de Macau permite-nos ir a muitos locais sem necessidade de visto e isso é uma grande vantagem. Depois, apesar de a comunidade chinesa não ter uma ligação muito profunda com a portuguesa ou com outras minorias, a diversidade que existe faz com que não haja discriminação em relação a quem não é chinês. Somos simplesmente pacíficos em relação a todas as culturas. Aqui em Macau, querendo, é possível conhecer pessoas de muitos países. Um dos meus melhores amigos é do Irão e conheço também muitos portugueses”, explicou Arianna U.