Desde o ano lectivo de 2012/2013 que o número de alunos a aprender português no ensino secundário regular e particular de Macau tem vindo a aumentar, em grande medida, graças ao apoio do Governo, havendo actualmente cerca de 3900 estudantes. Na Escola Pui Ching, responsáveis e alunos, veem na língua portuguesa uma valiosa porta de entrada para tirar partido do mercado da Grande Baía, tendo sido inclusivamente criado um canal de partilha de vídeos em português, protagonizado pelos próprios estudantes
Texto: Pedro Arede
Fotografia: Gonçalo Lobo Pinheiro
“Para mim isso é chinês”, exemplifica Connie, mostrando-se divertida com o facto de, sendo natural de Macau e falante de língua chinesa, ter proferido uma expressão portuguesa que, literalmente, significa não haver compreensão possível. “Acho muita piada que uma expressão destas seja dita por um chinês”, acrescenta a estudante de 17 anos da Escola Pui Ching, que começou a aprender português há cerca de três anos.
Para Connie, que está ainda hesitante sobre qual o nome português que irá escolher no futuro, aprender a língua portuguesa irá permitir-lhe “alcançar melhores oportunidades no futuro e ter mais opções de escolha em termos de carreira”. No próximo ano lectivo, a estudante irá ingressar na licenciatura de Estudos Portugueses da Universidade de Macau (UM) e espera, um dia, “ter a oportunidade de estudar em Portugal”. Além disso, não coloca de parte a ideia de, lá mais à frente, vir a trabalhar numa das cidades da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau, tirando partido das vantagens da língua portuguesa.
“Tive a oportunidade de investigar um pouco e existem já muitas pessoas do Interior do País que estudaram português e estão a trabalhar em países de língua portuguesa, como Angola. Acho que é uma grande oportunidade, porque a Grande Baía começa actualmente a ter algumas ligações com esses países de língua portuguesa em África, por exemplo. Por isso, vejo-me a trabalhar na Grande Baía no futuro”, partilhou a estudante do ensino secundário com a MACAU.
No presente ano lectivo 2020/2021 existem cerca de 200 alunos do ensino secundário da Escola Pui Ching a frequentar cursos de português duas vezes por semana, no total de 80 minutos. Em termos evolutivos, explica a directora de estudos da Escola Secundária Pui Ching, Ieong Pui Lan, desde que os cursos de português voltaram a ser ministrados há 10 anos, a adesão tem sido muito significativa, tendo alcançado, desde então, um universo total de 2558 alunos.
“Em 2011 só havia cursos de português para os alunos do ensino secundário e apenas três turmas com 37 alunos no total. Passados 10 anos, o número aumentou bastante. Ao todo são 2558 os alunos que já frequentaram estes cursos de português desde 2011. Ou seja, em termos anuais, passamos de três turmas e 37 alunos do ensino secundário [em 2011], para 15 turmas e 301 alunos [em 2021], distribuídos, desde a creche até ao ensino secundário”, explicou.
Sobre a importância da aprendizagem do português no actual contexto de Macau, para além de frisar a possibilidade de explorar áreas profissionais como o direito, a directora lembra a importância que os falantes do idioma podem ter no seio da Grande Baía, para atrair investidores e empresas da área tecnológica, provenientes de países de língua portuguesa.
“Queremos que os nossos alunos possam explorar várias oportunidades, em primeiro lugar, ao nível do comércio e, em segundo, em áreas profissionais como a advocacia ou o direito. Falando do papel de Macau enquanto plataforma de ligação entre a China e os países de língua portuguesa e da posição de Macau enquanto parte integrante da Grande Baía, obviamente que é muito importante que os alunos da Pui Ching continuem a aprender português. Além disso, como Shenzhen é um hub de desenvolvimento tecnológico muito importante e Macau faz parte da Grande Baía, Macau pode ter aqui um grande papel de ligação, no sentido de atrair para a Grande Baía investidores ou empresas portuguesas ou de países de língua portuguesa com grande potencial na área da tecnologia”, apontou Ieong Pui Lan.
A directora de estudos da Escola Secundária Pui Ching referiu ainda que a aposta na língua portuguesa é para continuar e que, por serem maioritariamente empresários, muitos dos pais dos alunos sabem da “importância do português” e incentivam a escola a criar mais cursos.
“Queremos criar mais cursos. Os pais, enquanto empresários, veem grande potencial do português, no seio da Grande Baía e, portanto, querem que os seus filhos aprendam português na escola. É uma win-win situation, porque se dominarem bem a língua portuguesa, no futuro, terão várias hipóteses na Grande Baía através das quais poderão chegar a outros países de língua portuguesa”, sublinhou Ieong Pui Lan.
“O plano maior deste projecto é promover o ensino do português na Grande Baía. Macau é um sítio pequeno e, por isso, temos de puxar pela Grande Baía para ver se como é que nós, também aqui na Escola Pui Ching, podemos aproveitar o que temos para desenvolver o português, não só em Macau, mas na Grande Baía”, acrescentou.
Luzes, câmara, acção
Com o objectivo de motivar os alunos da Escola Pui Ching a optar pelo português, mas também como forma de ir além dos 80 minutos semanais previstos para os cursos de língua portuguesa, foi criado no ano lectivo de 2016/2017 o projecto “Canal Luso da Pui Ching” (澳門培正中學葡語頻道). A iniciativa, que partiu da própria escola, materializa-se na produção de conteúdos vídeo em português, protagonizados e criados pelos próprios alunos dos cursos.
Através da abordagem de temáticas como a cultura, festividades, poesia e gastronomia, tanto chinesa como portuguesa, o “Canal Luso da Pui Ching” nasceu com o propósito de “ir além do ensino da gramática” e levar os alunos a falar e a interagir com o quotidiano, recorrendo sempre ao português.
“O ‘Canal Luso da Pui Ching’ surgiu porque achámos que os alunos não tinham muito interesse em aprender a língua portuguesa. Aliado a isso, sabemos que estão muito atentos às redes sociais e aos média digitais e foi assim que nasceu a ideia de ter um canal para que possam mostrar as suas capacidades. Aprender gramática é difícil e muito aborrecido e, por isso, achámos que era bom criar um canal para promover um ambiente mais divertido, motivar o interesse dos alunos (…) e ligar o português à vida normal do quotidiano. Queremos compreender quais são os hábitos dos alunos e integrá-los no ensino do português”, explicou Ieong Pui Lan.
Além disso, a directora considera que o projecto é “muito importante”, sobretudo porque os alunos têm apenas duas aulas de 80 minutos de português por semana, ao contrário, por exemplo, do inglês onde têm sete aulas semanais. A partir daí, explica, os alunos que tiverem realmente interesse em aprender português são aconselhados a complementar os seus estudos fora da Escola Pui Ching, em estabelecimentos como o Instituto Português do Oriente (IPOR).
“A forma como se ensina inglês e português tem de ser diferente, porque 80 minutos é muito pouco e é impossível ensinar tudo. É precisamente através do canal que conseguimos puxar os alunos para falar e depois disso, se tiverem realmente interesse, sugerimos que estudem mais fora.”
Um dos vídeos que obteve mais visualizações do “Canal Luso da Pui Ching” foi protagonizado por Connie em 2020, no início da pandemia de Covid-19, e passava por explicar, em português, como colocar correctamente uma máscara cirúrgica.
“Acho que os vídeos que fazemos no canal são importantes para chegar ao público português e a outras audiências. Por exemplo, penso que o vídeo sobre a Covid-19 atingiu uma quantidade alargada de pessoas. Alguns dos meus amigos acabaram por partilhar o vídeo e penso que aprenderam a colocar correctamente a máscara. Além disso, ao ver o vídeo, enquanto aprendiam a colocar a máscara, estavam, ao mesmo tempo, a aprender português”, conta a estudante.
Afirmando “gostar muito” de fazer parte deste projecto, Connie aponta ainda o facto de o “Canal Luso da Pui Ching” permitir “desenvolver valências que vão além do português”, como por exemplo a captação e edição de vídeo.
“A nossa escola tem vindo a diversificar o ambiente de aprendizagem dos alunos, por isso, muitos alunos têm de aprender, por exemplo, a captar e editar vídeo. Estou muito satisfeita por poder desenvolver estes conhecimentos técnicos. Além disso, posso promover o ambiente de aprendizagem do português na nossa escola. É um ambiente muito divertido, pois a maior parte dos alunos que fazem parte do ‘Canal Luso da Pui Ching’ também estão a aprender português no IPOR e acabamos por desenvolver relações de amizade e discutimos várias vezes sobre a aprendizagem do português”, considera Connie.
Outro aluno da Pui Ching, que escolheu “Dragão” como nome, considera que a aprendizagem do português lhe irá trazer “valências únicas” e que estratégias como o “Canal Luso da Pui Ching”, são importantes para motivar mais pessoas a falar o idioma e fazer com que “as pessoas de Macau aprendam algumas coisas práticas sobre Portugal e vice-versa”. O aluno foi o responsável pela criação de um vídeo em português acerca da edição do ano passado do Festival da Lusofonia.
Por seu turno, António Tam, professor de português na Escola Pui Ching, aponta que a importância de um projecto desta natureza passa por “ser diferente” de outros locais onde se continua a aprender português de uma forma muito tradicional. “Hoje em dia fala-se muito das redes sociais e é bom aprender português através deste canal, pois é mais próximo da vida quotidiana. Vídeos que ensinam como usar as máscaras ou sobre o que aconteceu no Festival da Lusofonia são exemplos disso mesmo. Há também vídeos onde podemos ver os alunos a ler a poesia de Camões, por exemplo. Claro que, apesar disso, continuamos a seguir os métodos tradicionais”, partilhou com a MACAU.
No futuro, o professor gostaria de ver um “Canal Luso da Pui Ching” mais informativo e “menos virado para a exibição de resultados”. “Considero que o canal podia ser mais informativo (…) e ter uma parte dirigida ao público de Macau, para dar a conhecer o que estamos a fazer e ensinar português e, por outro, ter uma parte dirigida à audiência portuguesa que quer conhecer a nossa cultura. Podemos começar com um vídeo que fala de expressões interessantes como: ‘isso para mim é chinês’ e o que é que isso significa. De seguida, alguém podia explicar em chinês ou português a expressão e avançar com um exemplo: ‘ciência para mim é chinês’. As pessoas hoje em dia já não querem saber da gramática clássica, dos gerúndios, dos conjuntivos e do ‘bom dia, como está?’”, partilhou António Tam.
Crescimento sustentado
Para a Direcção dos Serviços de Educação e de Desenvolvimento da Juventude (DSEDJ), o ensino do português e a formação de quadros qualificados bilingues são encarados como “objectivos políticos importantes”, tendo em vista a articulação do posicionamento de Macau enquanto “Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, “Centro Mundial de Turismo e Lazer” e “Base de Formação de Quadros Bilingues de Chinês e Português”.
“A DSEDJ permanece atenta à formação das capacidades de língua portuguesa e considera a promoção desta língua e a formação de um determinado número de quadros qualificados bilingues chinês-português, como objectivos políticos importantes e, através de várias medidas, designadamente, a criação de currículos e materiais didácticos, melhoramento de recursos educativos e formação de docentes de português”, pode ler-se numa resposta enviada à MACAU.
De acordo com o organismo, no corrente ano lectivo de 2020/2021 existem em Macau 53 escolas a ministrar cursos de português, sendo que destas, 39 dizem respeito ao ensino secundário. Contas feitas, são 8400 os alunos de todos os níveis escolares que se encontram presentemente a aprender português no território. Deste total, 3900 são alunos do ensino secundário.
Através da análise dos dados facultados pela DSEDJ é também possível concluir que a maior fatia dos alunos que se encontra a aprender português está inscrita em escolas particulares, havendo apenas nove unidades escolares oficiais a leccionar o idioma.
Desta feita, as nove escolas públicas que ministram cursos de português, enquadram actualmente, e no total, 2600 alunos, dos quais 900 são do ensino secundário. As restantes 44 escolas particulares são assim responsáveis por ensinar português a 5800 alunos, dos quais 3000 são do ensino secundário.
Nesse sentido, sobre o crescimento do ensino do português em Macau, a DSEDJ destaca o apoio que tem vindo a ser dado às escolas particulares desde o ano lectivo de 2012/2013 para a criação de cursos de língua portuguesa, através dos subsídios atribuídos pelo Fundo de Desenvolvimento Educativo. Subsídio esse que, a partir do ano lectivo 2016/2017, passou a ser encarado como “projecto prioritário no âmbito do Plano de Desenvolvimento das Escolas”.
“Entre os anos lectivos de 2016/2017 e 2020/2021, verificou-se um aumento contínuo do número de unidades escolares e de alunos participantes, tendo o número de unidades escolares aumentado de 29 para 44 e o número de alunos aumentado de cerca de 3800 (cerca de 2800 do ensino secundário) no ano lectivo de 2016/2017, para cerca de 5800 (cerca de 3000 do ensino secundário) no ano lectivo de 2020/2021”, revelou a DSEDJ.
Já quanto ao pessoal docente responsável por leccionar cursos de português, o organismo revela que o número cresceu de 40 no ano lectivo de 2016/2017, para cerca de 50 no presente ano lectivo.
Enquadrados no Plano de Financiamento para a Frequência de Cursos de Docência de Português e de Línguas e no Programa de Formação de Quadros Qualificados Bilingues de Português-Chinês em Diversas Áreas, o número de alunos que frequentou cursos do ensino superior em Portugal até ao presente ano lectivo foi de 110 em 13 áreas profissionais distintas, como educação, administração de empresas, bioengenharia, tradução e relações empresariais.
Questionada sobre a política de desenvolvimento do ensino do português em Macau, a directora de estudos da Escola Secundária Pui Ching, Ieong Pui Lan, aponta que a evolução é notável e que o Governo tem dado todo o apoio necessário a nível financeiro, mas que os subsídios podiam ser “mais bem aproveitados” se o Executivo apresentasse, por exemplo, perspectivas de futuro acerca das necessidades do mercado de trabalho, de forma a ajudar os alunos a decidir que carreira seguir.
“Os subsídios estão lá todos. A força do Governo é grande no sentido de apoiar o ensino do português. No entanto, o Governo não preparou ainda um panorama geral para que os alunos possam ter uma ideia mais precisa sobre qual o melhor caminho pelo qual enveredar no seguimento da aprendizagem do português, ou seja, se devem, por exemplo, seguir a carreira de intérprete-tradutor ou se continua a ser uma boa aposta seguir direito. Isto, porque os alunos não sabem se os bilingues existentes no mercado de trabalho já são suficientes ou não. O Governo ainda não tem este panorama preparado para mostrar aos alunos, quer sejam estatísticas ou um panorama mais geral”, partilhou Ieong Pui Lan com a MACAU.
Para a directora, falta ainda desenvolver trabalho para “encurtar a distância entre as escolas de Macau e de Portugal”, de forma a promover intercâmbios mais profundos e “ligar efectivamente a comunidade jovem” dos dois lados. Além disso, a responsável sugere que, no futuro, sejam promovidos acordos de equivalência de habilitações e médias entre os sistemas educativos de Macau e Portugal, para que “os alunos que frequentem cursos em Portugal tenham equivalência em Macau”.
Aprender a direito
A leccionar português na Escola Pui Ching desde o ano lectivo 2016/2017, sendo também ex-aluno daquela instituição de ensino, António Tam considera que o português enquanto língua oficial continua a ser importante para Macau e que, de uma “perspectiva realista”, aprender a falar português permite que seja “muito mais fácil” arranjar emprego.
“Transmito sempre aos meus alunos a ideia de que, perante dois candidatos a uma posição no Governo com a mesma licenciatura, o empregador vai certamente dar mais valor ao que sabe ou domina mais uma língua. Até hoje é fácil ver nos concursos públicos que, se o candidato dominar a língua portuguesa, isso ainda é uma preferência.”
Sobre a Grande Baía, o professor aponta ser “um ponto de partida interessante”, mas não como um dos principais motivos para continuar a apostar no português. “Se Macau é demasiado pequeno para ser uma ponte [com os países de língua portuguesa] então a Grande Baía pode ser um ponto de partida melhor e com outra dimensão.”
Para o docente, que é também consultor jurídico na Autoridade Monetária de Macau (AMCM), a diferença entre o número de estudantes de português na Escola Pui Ching quando era aluno e actualmente, é flagrante. “No meu tempo de estudante do 10.º ano, na minha turma havia apenas dois ou três alunos que tinham efectivamente interesse em aprender português. Agora, no 12.º ano só na minha turma foram admitidas, como bolseiros, sete pessoas para estudar em Portugal. Isto, tendo em conta que, no total, em todas as escolas de Macau, foram admitidas 15 pessoas para estudar em Portugal. É quase metade”, sublinhou.
António Tam considera ainda muito importante “contrariar o facto de os alunos acharem que disciplinas como matemática, chinês e inglês são disciplinas muito mais importantes do que o português”. “Para mim, o ponto mais fraco dos alunos de hoje em dia é não saberem o que é que a comunidade está a passar. Os alunos em geral, querem ciências, biologia.”
Por isso mesmo, António Tam faz questão de reservar em todas as aulas, um espaço para falar sobre casos concretos relacionados com direito. Segundo o docente, para além de permitir cativar a atenção dos alunos, é também uma forma de falar dos problemas do dia-a-dia e sobre temas úteis para o futuro. “As minhas aulas são diferentes porque reservo sempre meia hora para falar sobre casos concretos relacionados com direito e, desta forma, os alunos acabam por ficar mais interessados. Falamos, por exemplo, sobre quais os valores mais relevantes perante casos concretos, como por exemplo o direito à imagem ou outro. Fazemos pequenos debates e quando discutimos casos concretos eu mostro a lei, quer na versão portuguesa, quer na versão chinesa, e aponto para as palavras-chave que eles devem aprender. Muitas vezes, vamos também ao website do tribunal para ver os resumos dos casos. É bom porque é a vida quotidiana, está em português”, conta.
António Tam revela ainda que aproveita as aulas de português para partilhar a sua própria experiência, durante os oito anos que viveu em Portugal, ajudando os alunos a preparar-se para o que podem encontrar quando forem estudar para o país. “Dentro da sala de aula é difícil que percebam inteiramente o que estou a dizer porque passa muito por transmitir a minha própria experiência. Os tempos são diferentes, mas gosto muito de partilhar com os alunos as minhas experiências reais em Portugal e os hábitos dos portugueses. Quando partilho estas coisas, eles gostam de ouvir. Vou transmitindo estes aspectos para que tenham uma preparação mais profunda, não só a nível gramatical, mas ao nível da mentalidade.”