Duas casas da antiga leprosaria da Vila de Nossa Senhora de Ká Hó são hoje uma cafetaria e uma galeria de arte operadas por pacientes da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM). Poucos meses após o início do projecto “Hold On To Hope”, a confiança de quem está em reabilitação saiu reforçada, multiplicam-se sorrisos e há sempre lugar para mais alguém. Para o futuro há novos projectos à espreita, garante o presidente da associação, Augusto Nogueira, para quem a iniciativa está a ter resultados “bastante positivos”
Texto Pedro Arede | Fotos Gonçalo Lobo Pinheiro
“Quer dizer que as pessoas que trabalham aqui são mesmo pacientes em reabilitação?”, atira um dos clientes, ao aperceber-se que não se encontrava apenas num café recentemente inaugurado. “Descobrimos, através de algumas partilhas no Facebook, que havia um novo café em Macau, aqui em Ká Hó, e decidimos vir. Mas, nessas partilhas ninguém mencionou o programa de reabilitação de droga”, acrescentou.
A aparência ilude. A esplanada está cheia e combina bem com a luz matinal que faz questão de marcar presença na Vila de Nossa Senhora de Ká Hó, que mais parece hoje, após as obras de reabilitação de que foi alvo, ter sido feita a lápis de cor. A apresentação dos pratos é irrepreensível e há para todos os gostos. Lá dentro, rebuliço. Dentro de uma das casas recuperadas da antiga leprosaria, numa área que faz agora às vezes de cozinha, é difícil arranjar espaço para circular e dar conta de todos os pedidos, mas eles acabam por chegar sempre ao destino.
Ian tem 43 anos e é responsável por gerir o espaço da cafetaria. Durante cerca de dois anos frequentou o programa de tratamento da Associação de Reabilitação de Toxicodependentes de Macau (ARTM) devido a problemas relacionados com o consumo de ice, tendo sido convidada, no final, para fazer parte da equipae assumir o cargo. Apesar dos receios iniciais, até pelo contacto que teve com outros pacientes, a aposta, conta, foi ganha.
“Acho que a ARTM me deu uma boa oportunidade quando me juntei à equipa, mas, na altura em que me convidaram, tinha receio que o resto do pessoal achasse que eu não seria capaz de fazer as coisas. Mas isso acabou por não acontecer. Como desenvolvi uma relação de amizade com alguns pacientes que estiveram comigo a fazer reabilitação, tive medo do que iria acontecer, mas acho que fui capaz de separar as coisas e a relação é diferente. Claro que isso me custou um pouco ao início”, partilhou.
Já sobre o facto de o trabalho a obrigar a travar contacto com os clientes que vêm ao café e a expor-se, afirma que “nunca teve receio”, pois já tinha trabalhado na área da restauração. Além disso, assume que, ao contrário daquilo que fazia antes de entrar no programa de reabilitação, a experiência no centro da ARTM e agora no projecto “Hold On To Hope” contribui para que seja mais fácil partilhar emoções e ter uma vida mais simples.
“Quando estou triste agora sei como conversar com as pessoas e partilhar as minhas emoções. Antes não partilhava nada com ninguém, simplesmente fechava-me em casa. A relação com a minha família melhorou bastante também e actualmente já estou mais envolvida na vida da minha filha”, apontou.
Ian começou a consumir ice por influência dos amigos, mas aos poucos, explica, passou a fazê-lo em casa, sozinha e sempre que se sentia mais em baixo. Após ter sido apanhada a consumir, o tribunal decidiu enviá-la para o centro de reabilitação da ARTM, localizado a poucos metros da antiga leprosaria. “Acho que o facto de o tribunal me ter enviado para a ARTM foi uma boa oportunidade de mudar a minha vida, por completo. Se não tivesse entrado no centro acho que ainda hoje estaria na mesma vida”.
Sobre o projecto que trouxe uma nova vida à zona da antiga leprosaria, a gestora da cafetaria é da opinião que “pode ajudar bastante os pacientes da ARTM” e que existe sempre maneira de recuperar, apesar de considerar que a força de vontade é um ponto fundamental nessa equação. “Acho que toda a gente tem oportunidade de melhorar e recuperar como eu fiz, mas tudo depende da vontade da própria pessoa. É preciso querer e não nos podemos esquecer que errar é humano. Há sempre maneira de recuperar”, referiu.
Já Han, de 32 anos, também ela a colaborar na cafetaria, perdeu o dinheiro que tinha devido a uma adição relacionada com videojogos, particularmente “jogos de tiros”. Depois de ter começado a jogar videojogos em casa, a vontade de procurar “algo mais excitante” fê-la começar a gastar montantes avultados. “Foi a adrenalina que me fez procurar este tipo de jogos e continuar sempre a jogar. Perdi o dinheiro todo que tinha. A maior parte foi nos salões de jogos, mas também em videojogos online, através da aquisição de upgrades dentro dos próprios jogos”, revela.
Apesar de admitir não ser ainda capaz de controlar a vontade de jogar, Han não tem dúvidas que desde que integrou o projecto “Hold On To Hope” e começou a colaborar no café, a sua auto-confiança melhorou “mais do dobro”. Terminada a reabilitação, a paciente antevê dificuldades em arranjar emprego, sobretudo na área da restauração e, por isso mesmo, afirma que vai tentar trabalhar num dos resorts de Macau.
Novos horizontes
A reabertura de duas casas na antiga leprosaria de Ká Hó, agora no papel de cafetaria e galeria de arte aconteceu a 19 de Dezembro de 2020 e, para o presidente da ARTM, Augusto Nogueira, o balanço dos primeiros meses é “bastante positivo”.
“Estamos muito agradecidos à população de Macau por todo o apoio que deu ao projecto. Nestes primeiros meses de funcionamento muitas pessoas têm vindo, não só ao café e à galeria, mas também para visitar o espaço em si. Este local, arranjado pelo Instituto Cultural, está muito bonito e é um sítio diferente porque está longe da cidade. As pessoas vêm aqui para apanhar um bocado de ar, estar perto da natureza e passear pelos trilhos. Portanto, o balanço é bastante positivo”, conta.
Augusto Nogueira revela ainda que, apesar do receio inicial, partilhado pela equipa e por utentes da associação, todos se mostraram “dispostos a ir para a frente e a ajudar” quando efectivamente o projecto se começou a materializar e que, desde o início, não houve nenhum elemento a querer desistir ou a deixar de vir ao café ou à galeria. “Eles estão a gostar da aprendizagem e da formação que estão a ter aqui e até dão ideias de como podemos melhorar. É uma participação colectiva e não individualista”, sublinha o responsável.
Ao nível do programa de reabilitação desenvolvido pela ARTM, a participação dos pacientes, tanto na cafetaria como na galeria de arte, faz parte da fase final do plano e tem como objectivo desenvolver capacidades de socialização e ajudar a reintegrar o mercado de trabalho. “O que se pretende é desenvolver capacidades de comunicação, socialização e que os pacientes sejam capazes de enfrentar o stresse. Ao fim ao cabo, aparecem tantas pessoas aqui a pedir cafés e outros produtos, que temos de ser muito mais rápidos e, ao mesmo tempo, manter a calma. Por isso, é também uma forma de aprendermos a lidar com nós próprios, com os altos e baixos das nossas emoções. Em suma, além da parte da aprendizagem da profissão em si, passa por cada pessoa aprender a superar-se, a comunicar, socializar e adquirir outras capacidades ao nível da gestão, confecção de alimentos, higiene e saúde.”
Além disso, frisa o responsável, o trabalho feito pelos pacientes é extremamente importante, pois “fortalece a própria determinação da pessoa para não recair”. “Ao ter maior confiança em si próprios e ao dar a cara por uma causa que os fez sofrer, por oposição à oportunidade de se mostrarem aqui como pessoas recuperadas, faz com que exista uma certa força para que não haja uma perda de face. Faz força para que a pessoa não queira recair, porque depois vai ter vergonha [se algo acontecer]. Portanto, é um projecto que ajuda na própria reabilitação e que faz com que os pacientes queiram ser, eles próprios, um exemplo”, acrescentou.
Ao todo são seis os pacientes que se encontram na última fase do programa de reabilitação da ARTM e que acederam ser os primeiros a participar no projecto “Hold On To Hope”. Do total, cinco colaboram na cafetaria, e um na galeria de arte, apesar de haver mais pessoas envolvidas, mas que não dão a cara. Isto dado existirem postos rotativos e que a própria confecção dos alimentos que são vendidos no café, como os pastéis de bacalhau ou os sumos, fazem parte das tarefas diárias desenvolvidas no centro da ARTM por outros utentes em reabilitação.
Sobre as opiniões que têm chegado por parte dos utentes, Andreia Bento, conselheira psicológica da ARTM que trabalha de perto com muitos deles, não tem dúvidas em afirmar que a experiência “tem sido muito positiva”, sobretudo porque é possível contrariar o receio inicial de esbarrar com eventuais preconceitos, na hora de lidar com os clientes. “Tem sido muito positivo e os pacientes até gostam de trabalhar aqui. Depois, como veem as pessoas a tratá-los bem, ficam contentes. Eles tinham um bocado de receio que as pessoas ficassem de pé atrás. Mas, como as pessoas vêm cá e, às vezes, dizem algumas palavras de apoio e até lhes dão os parabéns pelo que estão a fazer, ficam muito contentes”, aponta Andreia Bento.
Já sobre a reinserção no mercado de trabalho, um dos objectivos primordiais do projecto, Augusto Nogueira lamenta apenas que, devido à pandemia, haja “muito pouca oferta de emprego” de momento, embora garanta que existam já colaborações e contactos estabelecidos com algumas empresas para acolher os utentes, após concluída a reabilitação.
Tudo se transforma
Até se chegar ao ponto em que a abertura ao público das casas da antiga leprosaria fosse uma realidade, muitos foram os contratempos, as incertezas e, sobretudo, os anos que tiveram de passar. O complexo da antiga leprosaria, composto por uma igreja e cinco casas que, noutros tempos e durante décadas, serviam para abrigar os que padeciam da doença em Macau, começou a ser recuperado em 2013 pelo Instituto Cultural (IC).
Segundo o IC, o conjunto arquitectónico que pode ser visto hoje na antiga leprosaria foi construído em 1885 e o “princípio da autenticidade” pautou as obras de remodelação, pelo que “foram preservadas várias partes originais, nomeadamente, paredes, vãos de portas e corredores”. As restantes partes foram reparadas com materiais originais. Recorde-se ainda que a Vila de Nossa Senhora de Ká Hó faz parte de um grupo de imóveis que esteve em consulta pública entre 25 de Novembro de 2020 e 23 de Janeiro de 2021, para ser classificado como edifício de interesse público.
Antes da actual configuração e localização, em meados do século XVI tinha sido já criado pelo Bispo Dom Belchior Carneiro um hospício no bairro de São Lázaro, financiado pela Santa Casa da Misericórdia, com o objectivo de acolher os leprosos do território. Contudo, devido ao crescimento da cidade, os doentes seriam expulsos da península em finais do século XIX, sendo os homens levados para Pac Sá Lan, na ilha de D. João (que hoje faz parte de Hengqin) e as mulheres para Ká Hó, passando a instituição a ser gerida pelo Governo. Mais tarde, nos anos 1950, a ala masculina seria levada também para Ká Hó.
Sobre o caminho que foi preciso trilhar até as casas serem atribuídas à ARTM, Augusto Nogueira conta que a ideia nasceu em 2018, pela mão do então secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, durante uma reunião onde foram abordados os hábitos de consumo de drogas por parte dos jovens, mas onde os consumidores mais velhos “foram esquecidos”. “Este projecto conta com a colaboração do Instituto de Acção Social [IAS] e do IC, porque foi o IC que nos deu esta oportunidade de termos as casas disponíveis para nós. Enquadrado na dificuldade que os toxicodependentes mais velhos encontram na reinserção no mercado de trabalho, o secretário Alexis Tam avançou a hipótese de a ARTM e dos seus utentes gerirem estes espaços como pontos de turismo e inclusive para servirem de guias”, explicou o responsável, afirmando, contudo, que, com o passar dos anos, chegou a recear que nada viesse a acontecer.
Inaugurado o projecto e já em velocidade de cruzeiro, o próprio Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, fez questão de visitar o espaço em Fevereiro deste ano. Algo que para o presidente da ARTM indica que não só o Executivo apoia a recuperação de toxicodependentes, mas transmite também um sinal importante para quem está a passar pela reabilitação. “É bastante importante os nossos utentes sentirem que a pessoa com a hierarquia mais alta de Macau lhes está a dar esse apoio e, no limite, isso pode fazer com que muita da população possa aceitar e entender melhor que a toxicodependência é algo que deve ser tratado e não criminalizado”, sublinhou Augusto Nogueira.
A arte da terapia
O sol parece maior nesta zona marginal, apesar de serem poucos os passos a separar as duas casas da antiga leprosaria, agora abertas ao público. A harmonia da paisagem com o mar ao fundo apenas é quebrada quando se olha em redor e, tanto o terminal de combustíveis como a fábrica de cimento, lembram novamente que é ali que vai parar o que a cidade rejeita ou não tem espaço para acolher.
À porta da galeria de arte, Carmen é quem aparece para receber os que passam. Mais conhecida por “Káka”, a utente da ARTM não hesita em tomar a iniciativa de começar a conversar, dizer porque está ali sem rodeios e em que consiste o projecto “Hold On To Hope”.
“A Káka explica a história toda e conta tudo a quem aparece, porque no café não há tempo e ela faz esse trabalho na galeria. Nós costumamos dizer que ela é a nossa embaixadora. Ao início ela tinha muito receio que as pessoas a vissem com maus olhos, mas agora já se habituou e tem muita confiança e coragem. Não tem qualquer problema em dizer às pessoas que está em reabilitação”, partilhou a conselheira psicológica da ARTM, Andreia Bento.
Carmen tem 45 anos e chegou à ARTM em 2014. “Na altura achei que meio ano [de reabilitação] era suficiente e que estava preparada, mas mal saí do centro voltei a consumir ice”, contou.
A chegada ao centro de reabilitação aconteceu depois de perder o emprego e de, segundo a própria, “estar a lidar com muitos outros problemas”, aos quais se somou a “adolescência rebelde” da filha. A droga foi o escape que encontrou na altura, mas rapidamente a situação se agravou.
“Por causa do consumo fui internada na psiquiatria e foi a minha família que teve essa iniciativa. Como só me deixaram lá ficar durante um mês, o próprio médico psiquiatra contactou a ARTM e transferiu-me para aqui”, explicou.
Quando entrou na ARTM logo foi incentivada a explorar diversas expressões artísticas e desde então não mais largou este canal que lhe permite expressar sentimentos e explorar sensações. “Sinto que substitui o consumo por arte. Em 2014 comecei a fazer pinturas e a experimentar outras expressões artísticas e agora, quando estou triste ou contente, é o que gosto de fazer. Recorro à arte para expressar os meus sentimentos. Comecei por fazer ponto-cruz e isso foi o que me levou a tentar pintar e a interessar-me mais por arte. Mesmo que esteja muito mal, quando começo a fazer ponto-cruz ou a pintar, o trabalho final motiva-me e acabo por utilizar as emoções para me expressar e chegar a esse final que me deixa contente”, conta Carmen.
Sobre o projecto “Hold On To Hope”, a paciente considera que permite “ajudar muito” os utentes, sobretudo “a interagir mais com as pessoas” e que, a nível pessoal, desde que passou a vir para a galeria tenta “ao máximo” não guardar sentimentos para si. Além disso, revela que a relação com a própria família “melhorou bastante” desde que assumiu a função de responsável pela galeria de arte da ARTM, sendo recorrente receber a sua visita. “A atitude da minha mãe mudou desde que vim para aqui. A minha mãe disse inclusivamente que eu podia ir jantar lá a casa para estar com eles um pouco e isso deixou-me muito feliz”.
Sei que me compreendes bem
Carmen revela ainda que quando confronta as pessoas com a sua história e com as obras de arte que produz, a admiração é a reacção mais comum. “Há muitas pessoas que vêm cá e ficam espantadas porque dizem que eu pareço uma pessoa normal e perguntam-me como é que eu fui parar à psiquiatria. Mas eu digo que é porque não me viram na altura, pois até tiveram de me amarrar os pés e as mãos para me atirar para dentro da ambulância. Estava completamente alterada por causa da droga… a aparência engana. Há muitas pessoas que, no fundo, estão a sofrer, estão no mesmo caminho que eu estive e precisam de ajuda, mas ninguém sabe e as famílias não têm coragem para lidar com o problema”, sublinhou.
Ao contrário de outros pacientes da ARTM, Carmen afirma que não tem “vergonha” de dizer que consumia drogas e que isso pode servir de exemplo para que outros toxicodependentes acreditem que é possível recuperar. “Quero servir de exemplo. Há muitos pacientes que têm vergonha de dizer que consumiam droga, mas eu não tenho. Exponho-me sem problema, quero representar os outros pacientes e mostrar que é mesmo possível recuperar. A relação com as pessoas é muito importante e desde que estou na galeria tenho feito tudo de coração, tenho falado com as pessoas com toda a sinceridade”, apontou ainda.
O objectivo da vertente artística no processo de reabilitação, explica Augusto Nogueira, passa essencialmente por dar aos pacientes uma ferramenta que lhes permita procurar “os seus próprios medos, conflitos e exprimir-se através da tela, da escultura ou da cerâmica, aquilo que vai dentro delas”, para depois falarem sobre isso com os psicólogos e os assistentes sociais da ARTM.
“Muitos dos pacientes nunca pintaram e desconheciam até ter jeito para fazer esse tipo de trabalhos. Produzir estas obras para expor na galeria, com o objectivo de serem apreciadas e, no limite, compradas pelas pessoas, resulta no aumento da sua auto-estima. Além disso, permitem obter uma sensação de prazer por chegarem à parte final de algo que começaram, ou seja, até ser adquirido por alguém. Isso também eleva o espírito e a força de reabilitação e de não recair”, explicou o presidente da ARTM.
O enquadramento é feito por Raul Martins, responsável pelo atelier de carpintaria e pintura do centro de reabilitação da ARTM. Por também já ter passado pela reabilitação no passado, afirma compreender bem a “importância de fazer uma coisa diferente” e de ter “uma rotina composta por actividades diárias”.
“Não interessa só especificamente o trabalho ou a obra que se está a fazer mas, sobretudo, haver harmonia e comunicação entre as pessoas. Ao nível da confiança é muito benéfico e a nós compete-nos encorajá-los. Estamos a falar de pessoas com muitos altos e baixos e por isso precisam de manter um certo equilíbrio”, vincou Raul Martins.
Agarrada à missão de servir de exemplo para outros, Carmen considera que, após já ter vivido tantos anos na ARTM encara a equipa da associação “como se fosse família” e que não hesita em procurar alguém para desabafar. “Sei que as pessoas estão cá para ajudar. Todo o staff, desde psicólogos a assistentes sociais, ajudam-me bastante. Se for embora um dia, irei sempre procurar a ARTM se precisar de ajuda.”
A “embaixadora” do projecto conta ainda que sempre que tem oportunidade, fala com outros pacientes e diz-lhes para terem “mais coragem para sair e se mostrar”. “Espero que as famílias das pessoas que estão a consumir lá fora sejam compreensivas e procurem ajuda.”