É a primeira iniciativa do Governo para recuperar o turismo e estimular a economia. À MACAU, a Direcção dos Serviços de Turismo afirma que, além da iniciativa “Vamos! Macau!”, haverá mais medidas para responder às dificuldades provocadas pela situação de pandemia
Texto Catarina Brites Soares
Por enquanto, a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) prefere não fazer previsões sobre a retoma do sector tendo em conta a quebra inesperada provocada pela pandemia e que se desconhece quando serão levantadas as restrições fronteiriças em vigor em Macau, nas regiões vizinhas e no resto do mundo. “Nesta fase, não é por isso possível fornecer informação detalhada sobre a duração das medidas, assim como também não é possível detalhar as acções previstas para as três fases do plano do Executivo para revitalizar a indústria turística”, explicam os serviços, liderados por Helena de Senna Fernandes. “Pelos mesmos motivos, também é difícil fazer uma estimativa sobre o número de visitantes que Macau receberá até ao fim do ano uma vez que há múltiplos cenários que podem afectar as previsões.”
Entretanto, acrescenta o organismo, tendo em conta que a propagação da doença está controlada em Macau, o Governo dá “passos cautelosos” no sentido da abertura gradual. “Os Serviços de Turismo avançaram por isso com medidas para ajudar a indústria do turismo com iniciativas focadas primeiramente nos residentes. “Assim que as condições o permitirem, estes programas estarão disponíveis também para os visitantes”, ressalvam.
A “Vamos! Macau!” – Excursões Locais dá nome à principal iniciativa do plano de revitalização económica tendo o turismo – motor da economia local – como sector central. A acção, que arrancou em meados de Junho com 155 agências de turismo e 616 guias turísticos, inclui promoções para compras, restaurantes, entretenimento e estadias em vários hotéis e resorts da cidade. “Actualmente [2 de Julho], integra uma série de ofertas e promoções de 650 negócios, com mais opções em vista”, prometem os Serviços de Turismo.
“Vamos! Macau!” é uma das investidas do Executivo de Macau para ajudar a cidade a superar a crise económica causada pela pandemia. No website www.macaoreadygo.gov.mo encontram-se todas as ofertas disponíveis ainda que a informação em alguns casos seja acessível só em chinês. Na página inicial pode escolher-se navegar em chinês tradicional ou simplificado e em inglês.
Quanto à oferta de serviços, esta será ampliada assim que a situação de pandemia estiver resolvida e a entrada de turistas for retomada, garante o departamento do Governo. Por agora, acrescentam os serviços, o plano de incluir excursões a Hengqin, por exemplo, foi suspenso tendo em conta as limitações para atravessar a fronteira.
Desde 22 de Junho e até 30 de Setembro, os residentes de Macau têm direito a um subsídio de 280 patacas por passeio, num limite de 560 patacas, para gastar em duas excursões dos 15 roteiros turísticos disponíveis. “Mais poderão ser acrescentados. De acordo com o feedback que recebermos, poderá haver novos tours e produtos”, acrescenta o departamento.
As excursões têm um limite máximo de 40 pessoas. Até 2 de Julho, e de acordo com os números do Turismo, cerca de 55 mil pessoas já se tinham inscrito na plataforma online. “Tem havido interesse e a reacção tem sido boa. De acordo com o inquérito que os Serviços de Turismo estão a realizar, os resultados preliminares mostram que o grau de satisfação anda entre os 80 e os 90 por cento”, garante o organismo.
A iniciativa é financiada pela Fundação Macau e gerida por um grupo de trabalho do qual fazem parte a Associação das Agências de Viagens de Macau, a Associação das Agências de Turismo de Macau e a Associação de Indústria Turística de Macau.
O objectivo é “evitar a competição desleal no sector”.
“O grupo de trabalho está encarregue da gestão do projecto, bem como de trabalhos concertados de compra, desenvolvimento de produtos, fixação de preços e controlo da qualidade, entre outros. Durante a execução do projecto, o grupo de trabalho coordena entre as agências de viagens o fornecimento de recursos como veículos, motoristas e guias turísticos, integrando ao mesmo tempo restaurantes e atracções turísticas”, explica o organismo, em comunicado.
O documento detalha que a “Vamos! Macau!” – Excursões Locais disponibiliza um leque de 15 roteiros – guiados em chinês, português e inglês, dependendo dos grupos –, divididos em roteiros comunitários (seis) e roteiros de lazer (nove). O custo das excursões inclui o passeio, alimentação, guia, seguro, entre outras despesas, providenciando aos residentes programas turísticos económicos, “bem como uma oportunidade para conhecer os novos desenvolvimentos das zonas comunitárias características e produtos turísticos”.
Os Serviços acrescentam que para apoiar as pequenas e médias empresas locais, na primeira inscrição, os residentes permanentes e não permanentes podem escolher entre roteiros comunitários ou roteiros de lazer. Numa segunda inscrição terão de optar por um grupo distinto da primeira escolha. Quando já tiverem esgotado o subsídio do Governo, podem continuar a usufruir das experiências turísticas, mas já terão de pagar o preço original. “A DST já criou um mecanismo de supervisão para assegurar o uso adequado dos fundos públicos e evitar irregularidades. Em simultâneo, serão recolhidos dados que possibilitem uma avaliação da eficácia da iniciativa, e sirvam também como referência futura na estratégia de promoção turística e concepção de roteiros turísticos”, assegura o organismo no site.
Os roteiros comunitários incluem visitas ao Centro Histórico de Macau, ao Museu das Telecomunicações, passeios de barco e a cooperação com a CEM – Companhia de Electricidade de Macau e a Air Macau para visitas sobre energia e aviação, respectivamente.
Já os roteiros de lazer incluem viagens nocturnas de barco, de autocarro e de metro ligeiro. Estão também disponíveis visitas a resorts da Melco, com um roteiro de experiências, ao palco da MGM, às instalações do Jockey Club com vales de refeições, uma visita guiada ao Team Lab do Sands e à Torre de Macau. No Wynn Palace pode conhecer-se o hotel numa visita que inclui um espectáculo; no roteiro do Hotel Galaxy, os residentes podem passar um dia na piscina; e no Grand Coloane têm direito a um passeio familiar com trabalhos de grupo, oficinas com crianças e acesso ao buffet. Os roteiros partirão sempre do Terminal do Porto Exterior de Macau ou do Terminal do Pac On, na Taipa.
Ponto de partida
O Turismo já tinha sido apontado pelo Chefe do Executivo como um dos sectores-chave para a recuperação económica. Na apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), em Abril, Ho Iat Seng anunciou que seria “reforçada a promoção do turismo nos principais mercados de origem dos turistas, especialmente nas regiões vizinhas”.
Na altura, o líder do Governo explicou que o Governo iria pedir a Pequim que fosse retomada a emissão de vistos turísticos destinados à deslocação dos residentes do Interior do País a Macau, e que seria também pedido o alargamento da emissão de vistos turísticos individuais a mais cidades chineses. Planos que vão ter de esperar até que as fronteiras reabram na plenitude e seja possível a normal circulação de pessoas.
Mais tarde, em Maio, foi a vez da secretária para os Assuntos Sociais e Cultura detalhar os planos para a revitalização turística. Também na Assembleia Legislativa, durante a apresentação das LAG sectorias, Elsie Ao Ieong anunciou que o Governo iria apostar em novos roteiros e em competições internacionais desportivas para impulsionar o turismo local.
No hemiciclo, a secretária disse que o objectivo era organizar uma competição desportiva internacional por mês, e transformar Macau numa plataforma de intercâmbio de futebol entre a China e os países lusófonos.
“Espero que o Instituto do Desporto consiga. Com Hengqin poderemos ter mais espaços para provas de desporto aquático. Recordo que a Maratona Internacional, o Grande Prémio, o Torneio de Voleibol e os Barcos-dragão são já eventos de grande sucesso em Macau. Vamos também continuar com o Open de Golf”, realçou.
“Serão organizadas em 2021, em Macau, actividades de intercâmbio de futebol entre a China e os países de língua portuguesa, a fim de desempenhar plenamente o papel de plataforma de intercâmbio desportivo entre a China e esses países”, acrescentou.
A governante disse ainda que vai ser “reforçada a formação de talentos do desporto” através de uma “cooperação com as associações desportivas e do aperfeiçoamento do sistema e do mecanismo de formação de quadros de atletas”.
Prometido ficou também o apoio aos operadores turísticos locais e planos de incentivo de excursões à cidade, com o foco nos residentes, como acontece com a iniciativa “Vamos! Macau!”.