Texto José Luís de Sales Marques
Shenzhen situa-se no sudeste da província de Guangdong, na margem oriental do Delta do Rio das Pérolas. É vizinha de Hong Kong e foi uma das primeiras Zonas Económicas Especiais (ZEE) da China, tendo adquirido este estatuto desde 1980.
A localização vizinha a Hong Kong, que já na altura era um centro financeiro e um dos pequenos Dragões Asiáticos, fez toda a diferença à pequena vila transfronteiriça, com 30 mil habitantes. Hoje, passados 40 anos, a cidade de Shenzhen possui uma economia que registou, em 2017, um Produto Interno Bruto (PIB) de 335 milhões de dólares norte-americanos, muito próximo do PIB de Hong Kong. A norte encontram-se as prefeituras de Dongguan e Huizhou. É banhada pelas águas da Baía de Daya e Dapeng a este, e pelo mar de Lingding e estuário do Rio das Pérolas a oeste.
A área total é de 1997,47 quilómetros quadrados, com mais de 310 rios e riachos, associados a nove sistemas hidrográficos. A sua área marítima é de 1145 quilómetros quadrados com uma extensa costa de 251 quilómetros e um clima subtropical e de monções. É seu símbolo a buganvília, planta oficial da zona. As árvores de líchia e os mangais são testemunhos de um rico ecossistema, com abundância de recursos hídricos e um território originariamente sulcado por um sistema hidrográfico extenso e variado. O próprio nome “Shenzhen” significa “sulcos profundos”, marcados na paisagem de arrozais que se estendiam quilómetros sem fim.
Shenzhen surge nas crónicas oficiais pela primeira vez em 1460, durante a Dinastia Ming (1368-1644). Existem vestígios arqueológicos de presença humana na área desde o Período Neolítico, e a região onde se situa Shenzhen estava integrada no distrito histórico de Bao’an. Esta foi estabelecida em 331, durante a Dinastia Jin Oriental (265-420), com a sua capital na cidade de Nantou. Esta era uma cidade muralhada, que funcionava como bastião de defesa do Rio das Pérolas e de Cantão. As relíquias culturais da cidade antiga de Nantou, actualmente visitáveis como atracção turística, datam do século XV. O poder que se exercia a partir desta cidade capital durante a Dinastia Qing (1644-1911) estendia-se pela região que hoje incluem diversas cidades da Área da Grande Baía, nomeadamente, Dongguan, Shenzhen, Hong Kong, Huizhou, Zhongshan, Zhuhai e Macau. Foi durante a Dinastia Song (960-1279) um importante entreposto marítimo e produtor de sal. Com o advento dos Mongóis de Yuan (1271-1368), a actividade costeira na região estendeu-se à colheita de pérolas. O navegador português Jorge Álvares chegou à China aportando em Tamão, situado no território sob a jurisdição de Nantou.
A vila de Shenzhen, depois tornada cidade em 1979, ficava no final da linha férrea da Kowloon-Canton Railway (KCR), inaugurada em 1911, e era a última paragem do lado do Interior do País antes desta entrar em Hong Kong através do posto de Louhu, situada já no limite desta Região Administrativa Especial. Era, sobretudo, conhecida pelo mercado que aí operava, confirmando a sua génese como entreposto comercial transfronteiriço, que estava localizado onde actualmente se encontra a zona pedonal de Dongmen, no distrito de Luohu.
A população registada em 2017 foi de 12,5 milhões de habitantes permanentes, com uma média de idades de 32,5 anos. Do ponto de vista administrativo, Shenzhen é uma cidade de nível sub-provincial com jurisdição sobre nove divisões administrativas: Louhu, Futian, Nanshan, Yantian, Bao’an, Longgang, Longhua, Pinshan and Guangming e a nova área de Dapeng. Luohu fica adjacente a Hong Kong, crescendo como centro financeiro e comercial graças a essa proximidade. O centro político da cidade situa-se em Futian, e Nanshan é tida como o coração das indústrias de alta tecnologia. Futian e Bao’an são os que possuem maior área geográfica, correspondendo em conjunto a cerca de 40 por cento da superfície da cidade.
O crescimento económico acelerado e a procura de mão-de-obra qualificada fizeram com que Shenzhen atraísse sucessivas vagas de imigrantes, criando um ambiente culturalmente diversificado, aberto, tolerante e convidativo à inovação. É a única cidade na província de Guangdong onde o mandarim é a língua dominante e é considerada a melhor cidade do Interior do País para a fixação de estrangeiros.
Economia pulsante
Quem se recorda de Shenzhen nos primeiros tempos da sua actual fase histórica, onde a principal atracção turística era o parque temático Window of the World, com réplicas à escala dos principais monumentos históricos e turísticos existentes no mundo, dificilmente adivinharia que no intervalo de algumas décadas aquele aglomerado urbano, com várias estradas em terra batida e outras em construção, se viria a tornar-se numa metrópole dotada com largas avenidas ladeadas de frondosas árvores, sistemas de transporte com tecnologia de ponta e na capital tecnológica e de inovação da China.
O pioneirismo de Shenzhen no processo de abertura económica chinês já é lendário. Para isso, muito contribuiu Deng Xiaoping, quando, em 1992, empreendeu a famosa visita ao Sul, com enfoque especial em Shenzhen, para vincar a determinação de Pequim em prosseguir com a política de reformas e abertura da China.
Pouco depois da abertura de Shenzhen, Deng Xiaoping elogiava a rapidez com que se construía um edifício nesta zona, com os operários a completarem a construção de um piso em apenas pouco dias. Estava-se em 1984, e o líder chinês acabava de regressar de uma das várias visitas de inspecção às Zonas Económicas Especiais. Na sua opinião, expressa no legado publicado dos seus escritos políticos, a elevada eficiência que tinha verificado in loco devia-se ao sistema de responsabilidade contratada, segundo a qual, os trabalhadores eram premiados de acordo com a sua produtividade, por exemplo, na área industrial de Shekou, tinham autonomia para autorizar despesas até ao limite de 5 milhões de dólares norte-americanos, uma quantia significativa na época.
As Zonas Económicas Especiais eram verdadeiros pólos de experiência do funcionamento da economia de mercado, incubadoras de soluções reformistas a nível económico, fiscal e de gestão do território, que seriam depois alargadas para outras zonas do País. Era aí que se fazia a aprendizagem do capitalismo nas suas mais diversas vertentes e se atraiam tecnologias avançadas para o País, por um lado, e por outro, se produziam manufacturas para exportação, e consequente aquisição de divisas estrangeiras.
O PIB de Shenzhen passou de 197 milhões de yuans em 1979 para 2,2 biliões de yuans (cerca de 335 mil milhões de dólares norte-americanos) em 2017, ficando apenas atrás dos de Pequim e Xangai. O produto per capita atingiu, nesse ano, o valor extraordinário de 27,1 mil de dólares norte-americanos por habitante, um valor igual ou superior ao registado em algumas economias da União Europeia.
Shenzhen é a mais internacional das cidades do Interior do País e possui o melhor ambiente para negócios, dado o enquadramento jurídico-institucional que oferece, bem como o funcionamento eficiente da sua economia. É aí que opera o terceiro maior porto de contentores do mundo, a maior fronteira terrestre do planeta e um dos cinco maiores aeroportos da China. É onde estão sediadas várias empresas chinesas listadas no Global Fortune 500, tais como Huawei, China Merchants Group, Ping An Group, Tencent, Vanke, Amer International Group ou Evergrande. A confiança no seu ambiente de negócios é traduzida no investimento estrangeiro e na presença de mais de 200 empresas de fora dentre as 500 empresas mais importantes do planeta. O Investimento Directo do Exterior utilizado é o maior da província de Guangdong, excluindo as Regiões Administrativas Especiais, tendo registado para o ano de 2017 o valor de 7,401 mil milhões de dólares norte-americanos, um crescimento na ordem dos 9,9 por cento em relação ao ano anterior.
A economia de Shenzhen começou por ser uma economia de processamento de manufacturas, dependendo do baixo custo da mão-de-obra, abundante e qualificada, políticas públicas favoráveis à atracção do investimento, incluindo estrangeiro, muito espaço a baixo custo ou até sem custo, com uma ligação umbilical com Hong Kong, donde provinha a gestão do processo produtivo, a tecnologia, o design e marketing, a logística integradora nas cadeias de valor global, e muitas vezes a propriedade das unidades industrias. Todavia, este modelo de desenvolvimento de uma periferia de Hong Kong começou a mudar gradualmente, à medida que o custo inicial da mão-de-obra começou a subir, bem como os preços do imobiliário, que se foi aproximando gradualmente dos níveis elevados praticados em Hong Kong.
O impulso urbanizador levou a que Shenzhen fosse declarada, em 2004, como território destituído de qualquer terreno rural. As suas vantagens comparativas estavam a sofrer uma erosão natural induzida, até, pelo sucesso do modelo de crescimento económico em curso. Como diz a sabedoria chinesa, as crises e oportunidades são como duas faces da mesma moeda. E a liderança chinesa teve a visão correcta para dar o salto qualitativo necessário e criar novas oportunidades para esta Zona Económica Especial. A partir de 2005, foi restringida a concessão de terrenos, o salário mínimo elevado para os níveis mais altos de todo o País (125 dólares norte-americanos por mês), foram estabelecidas normas muito mais exigentes para combater a poluição do ambiente e banir indústrias particularmente poluentes, obrigando a uma reestruturação industrial.
Transformação tecnológica
As empresas que antes produziam apenas por encomenda das grandes multinacionais passaram a transferir o processo produtivo de mão-de-obra intensiva para outras paragens da província de Guangdong ou mesmo para outras províncias do interior; estabeleceram os seus próprios laboratórios de investigação e desenvolvimento e criaram design, produtos e marcas originais. O “design in China” passou a ser uma realidade associada à transformação de Shenzhen, que passou a ser designada Cidade Criativa do Design pela UNESCO em 2008.
Mas o processo de transformação não ficou por aqui. A recessão que se seguiu à crise financeira e económica iniciada em 2008 afectou gravemente os maiores mercados externos do País, nomeadamente os Estados Unidos e a União Europeia, e exigiu novo esforço de reestruturação e reposicionamento de Shenzhen em relação ao mercado global. O sector de serviços foi aquele que mais beneficiou desta reestruturação. Comparando o seu peso relativo na estrutura do PIB entre 2008 e 2017, verifica-se um acentuado crescimento de 50,3 por cento para 58,6 por cento, à custa do sector industrial, cuja influência diminuiu em igual proporção, de 49,6 para 41,3 por cento.
Uma vez mais, crise e oportunidade foram duas faces da mesma moeda, impulsionando Shenzhen para um patamar superior na cadeia de valor. O passo seguinte chamou-se alta tecnologia e inovação. O modelo norte-americano de Silicon Valley passou a estar cada vez mais associado ao processo de desenvolvimento de Shenzhen. A liderança de Xi Jinping, apostando na mudança de paradigma de uma economia impulsionada pela procura externa para uma economia alavancada pelo mercado interno, contribuiu também para o sucesso dessa fórmula, bem como a grande aposta na revolução tecnológica.
E assim, o antigo entreposto comercial transfronteiriço estava melhor o do que ninguém para tirar partido deste novo oceano de oportunidades. Para isso, muito contribuiu a massiva migração de jovens formados nas melhores universidades chinesas, que chegou a atingir o impressionante número de 300 mil indivíduos por ano. A terciarização da economia inclui, por exemplo, a introdução dos mais inovadores sistemas de serviços associados a uma cidade inteligente.
Basta olhar-se para o nome de alguns dos grandes gigantes da área da tecnologia de informação, tais como Huawei, Tencent e ZTE, aí sediados, para se perceber a génese desses sistemas. A densidade de empresas de alta tecnologia de nível nacional é 5,6 unidades por metro quadrado e são registados 51 pedidos de patentes por dia. Cerca de 50 por cento dos pedidos de registo de patentes internacionais feitos pela China têm uma morada: Shenzhen (Economist, 8/8/2017). O investimento em Investigação e Desenvolvimento é da ordem dos quatro por cento do seu PIB e, contam-se cerca de 5 milhões de talentos dedicados a empresas de inovação e alta tecnologia.
O que diferencia Shenzhen de outras zonas dedicadas a este sector, incluindo Silicon Valley, é a facilidade com que novas ideias, associadas a empresas em incubação, encontram formas de serem concretizadas, num ambiente altamente competitivo, de elevada capacidade técnica e tecnológica, e movido pela eficiência e informalidade organizacionais. Continuam a ser desenvolvidos vários projectos e planos para espaços dedicados à investigação e indústrias de ponta, nomeadamente o Corredor Científico, Tecnológico e de Inovação Cantão-Shenzhen, o Parque Tecnológico e Científico Hong Kong- Shenzhen e a zona de cooperação Shenzhen-Shantou. A “High-Tech Fair” de Shenzhen é considerada uma das mais importantes do mundo.
O sucesso de Shenzhen está associado ao crescimento populacional em quantidade e qualidade, que evoluiu rapidamente. Jovens formados nas melhores universidades da China acorreram em grande número a Shenzhen para encontrar empregos bem remunerados, um estilo de vida mais moderno e o ambiente empresarial que lhes permitisse lançar os seus próprios negócios e realizar os seus sonhos. Entre 1990 e 2017, o número de habitantes cresceu de 1,68 milhões para 12,52 milhões com uma densidade populacional de 5979 habitantes por quilómetro quadrado, a terceira cidade mais densa da Área da Grande Baía, depois de Macau e Hong Kong. Este crescimento explosivo teve o seu maior salto na última década do século XX, onde a população registada aumentou 5,3 milhões, à média de mais de 500 mil habitantes por ano. É como se a população de Macau duplicasse todos os anos, durante um extenso período de 10 anos.
A bolsa de Shenzhen começou a funcionar a 1 de Dezembro de 1990, quase em simultâneo com a reabertura da Bolsa de Xangai. O seu objectivo é o de desenvolver o sistema de mercado de capitais da China. Em finais de 2017, estavam cotados nesta bolsa 2089 empresas com uma capitalização de 3,6 biliões de dólares norte-americanos. A missão desta bolsa é de servir a economia real de acordo com as orientações da liderança chinesa, nomeadamente a inovação sustentável e o financiamento da economia ambiental. É a oitava maior bolsa do mundo, logo depois da bolsa de Hong Kong.
Conectividades regionais e internacionais
O crescimento de Shenzhen está fundado na estratégia de construção de infra-estruturas para servir as necessidades da sua economia e a circulação rápida e eficiente dos seus habitantes. As primeiras obras públicas da então nova Zona Económica Especial foram executadas para permitir as conectividades internas e intra-regionais, bem como os acessos internacionais.
O sistema de metro de Shenzhen começou a funcionar em 2004 e presentemente oferece oito itinerários operacionais, cobrindo uma distância de 286 quilómetros, que será alargada até 1000 quilómetros em 2030, com ramificações a outras cidades do Delta do Rio das Pérolas. O número de passageiros transportados em 2017 foi de 1,6 mil milhões, à média superior a 4 milhões por dia. Nesse mesmo ano, começaram a ser introduzidos os primeiros terminais inteligentes para serviços de autocarros, utilizando tecnologias em nuvem e Internet das coisas, para providenciar serviços personalizados para a utilização de meios de transportes públicos, incluindo a mobilidade partilhada. O serviço de autocarros públicos é servido por 16 mil viaturas e uma rede com 900 percursos. A ligação intercidades na Área da Grande Baía é proporcionada por comboios rápidos, autocarros e por ligações marítimas. Comboios rápidos ligam Shenzhen a Cantão, Changsa, Wuhan, Pequim e Hong Kong, com ligações à rede ferroviária nacional.
A melhor forma de se viajar de Shenzhen para Macau, e vice-versa, é usando o serviço de barcos rápidos que realizam a viagem, atravessando o Delta do Rio das Pérolas, em cerca de 80 minutos. As carreiras são disponíveis a partir do moderno e eficiente terminal de passageiros de Shekou.
O Aeroporto Internacional de Shenzhen situa-se em Bao’an. Movimenta 45 milhões de passageiros por ano e é o quinto aeroporto mais utilizado na China. É também importante pelo volume de carga que processa. Inaugurado em 1991, foi remodelado em 2008. As novas instalações, abertas ao público a 23 de Novembro de 2013, foram projectadas pelo arquitecto italiano Massimiliano Fuksas, que também desenhou o complexo da Feira de Milão. É uma obra de grande envergadura e estilo, com 1,6 quilómetro de extensão e uma área de 450 mil metros quadrados, oferendo 62 portas de embarque. É servido pelo sistema de metro de Shenzhen e outros transportes públicos, e está ligado por barcos rápidos ao aeroporto de Hong Kong e aos terminais marítimos do Porto Exterior e da Taipa na RAEM. A Shenzhen Airlines, a Donghai Airlines e a UPS, usam o aeroporto de Shenzhen como sua sede.
Shenzhen possui várias instalações portuárias que no conjunto são designados por “Porto de Shenzhen”. Inclui os portos de Yantan, Chiwan, Dachan e Shekou, cujo movimento de contentores os coloca como um dos mais procurados no mundo. São operados, a partir desses portos, 131 rotas internacionais para contentores e 21 rotas de cabotagem, servindo na maioria destinos no Delta do Rio das Pérolas.
Indústrias culturais e criativas
O Plano de Desenvolvimento Cultural e de Inovação 2020 apoia o design original e o desenvolvimento de indústrias culturais e criativas. Essas últimas, onde se inclui a robótica, vivem um período de grande expansão e diversificação, alimentada pela tecnologia e pelo comércio electrónico.
As indústrias culturais surgiram em Shenzhen na sua expressão mais literal sob a forma de reprodução massiva de obras famosas e produção de quadros originais, para decoração de hotéis e de todo o tipo de ambientes generalistas. A aldeia de pintura de Dafen, em Longgan, é o exemplo deste pioneirismo em indústrias culturais. Todavia, o design de moda, gráfico e de produtos, rapidamente superou aquele modelo de mão-de-obra intensiva, embora qualificada. Outras actividades criativas, incluindo o cinema, a música, o design interactivo, encontram aí um mercado favorável, de consumo sofisticado e cosmopolita, bem como uma carteira de talentos necessária para a produção de filmes, espectáculos, jogos e uma variedade de iniciativas culturais e criativas.
A existência no espaço urbano de zonas destinadas à demonstração e vivências associadas a essas indústrias, como é o caso da OCT-LOFT, no distrito de Nanshan, proporciona a residentes e visitantes espaços de convívio extremamente agradáveis e demonstrativos de uma cultura cosmopolita própria de Shenzhen. A semana de design (Shenzhen Design Week) é uma grande montra para aquelas indústrias, consideradas um dos pilares da sua economia, e conta com a participação regular de expositores de Macau e de Hong Kong.
Aposta na educação
Várias universidades de topo, nacionais e internacionais, estabeleceram-se em Shenzhen. É caso, por exemplo, da Universidade de Peking, cujo campus se situa na cidade universitária de Shenzhen, localizado no distrito de Nanshan, dedicado ao ensino pós-graduação e à investigação. A Universidade de Tsinghua e o Instituto de Tecnologia de Harbin estão também localizadas neste complexo, que alberga cerca de 10 mil alunos de mestrado e doutoramento.
A Universidade de Shenzhen foi criada em 1983 e oferece uma vasta gama de cursos de licenciatura e pós-graduação.
O município está também dotado de várias escolas internacionais, programadas para servir uma população muito jovem, com poder de compra e aberta ao intercâmbio cultural com o resto do mundo.
Shenzhen na área da Grande Baía
Shenzhen é o centro nacional de investigação e produção de alta tecnologia, e, por isso, é a capital tecnológica por excelência na Área da Grande Baía. Esse posicionamento preferencial não deve, porém, fazer esquecer outros atributos muito importantes que a cidade possui.
Através deste texto, procurou-se delinear os traços essenciais que fazem de Shenzhen uma cidade única, e por isso, singular. O que se vê é que, através de um fascinante processo de constituição de identidade urbana e desenvolvimento económico, sustentado na capacidade de inovar e de reinventar, o pequeno entreposto transfronteiriço transformou-se em poucas décadas numa grande metrópole.
A sua história é também a história de sucesso das Zonas Económicas Especiais e do processo de abertura e reforma que transformaram a China na potência económica que hoje é. Assim, para além da especificidade das vantagens comparativas no contexto regional e internacional, Shenzhen é um exemplo, um laboratório de experiências, para o desenvolvimento continuado do socialismo com características chinesas para a nova era.