Esta participação demonstra a importância da medicina tradicional chinesa para Portugal, como área de investigação e comercial, afirmou à Lusa à margem do Fórum de Medicina Tradicional Chinesa a decorrer em Macau até quinta-feira.
Frederico Carvalho adiantou que, por enquanto, a representação portuguesa no Parque Científico e Industrial de Medicina Tradicional Chinesa para a Cooperação Guangdong-Macau será pontual, com a deslocação eventual de equipas limitada ao desenvolvimento de projectos concretos.
O objectivo da participação portuguesa neste fórum é manter a colaboração e cooperação entre como o IMT, o Instituto de Medicina Tropical e a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, entre outras, e várias instituições chinesas para desenvolver a difusão e aceitação da medicina tradicional.
“Não se trata apenas de medicina tradicional chinesa, mas também, por exemplo, a africana e a portuguesa”, destacou.
A medicina tradicional chinesa não representa apenas uma prática, que deve ser bem definida, “precisa também de produtos” que para serem comercializados na Europa têm de estar regulamentados, disse o responsável.
A legislação portuguesa no âmbito das terapêuticas não convencionais é pioneira e pode ser muito útil no desenvolvimento e aplicação do quadro legal da actividade, disse.
Neste ponto, Portugal tem “a responsabilidade histórica no desenvolvimento de Macau como plataforma para a promoção da medicina tradicional chinesa nos países de língua portuguesa”, tanto mais que para a China a medicina tradicional faz parte do “património cultural que quer ver difundido no mundo”, no âmbito também da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”.
Na cerimónia de abertura do fórum foi assinado um acordo de cooperação no ensino e investigação para garantir a qualidade, eficácia e regulamentação dos produtos de medicina tradicional chinesa.
Matilde Fonseca Castro, da faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, sublinhou a importância de uma avaliação da eficácia dos produtos de medicina tradicional chinesa e a sua interação com medicamentos convencionais.
“Em Portugal encontram-se à venda imensos produtos de medicina tradicional chinesa prescritos erradamente, são medicamentos à base de plantas vendidos como se fosse suplementos alimentares”, afirmou a responsável, alertando para a necessidade de investigação para conhecer a eficácia destes produtos.
O Parque de Medicina Tradicional Chinesa na ilha da Montanha foi criado em 2011. No fórum estão presentes, além de representantes de instituições portuguesas, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
A produção de medicamentos chineses em Macau registou um crescimento pelo terceiro ano consecutivo, com receitas no valor de 48,70 milhões de patacas, de acordo com dados oficiais de 2016.