“Devido à sua localização geográfica, Portugal é uma plataforma importante de ligação à América Latina e África”, disse à agência Lusa, em Pequim, Wang Yinjun, director de ‘marketing’ da empresa.
O voo terá três frequências por semana – quarta-feira, sexta-feira e domingo – entre a cidade de Hangzhou, na costa leste da China, e Lisboa, com paragem em Pequim, mas “o objectivo é ter um voo diário”, revelou Wang.
A companhia aérea abrirá também um voo entre Macau e a capital chinesa, que coincidirá com a ligação a Lisboa, avançou o responsável, de forma a servir também os 15.000 portugueses e outros passageiros que vivem no território.
A Capital Airlines é uma das subsidiárias do grupo chinês HNA, accionista da TAP através do consórcio Atlantic Gateway e da companhia brasileira Azul.
Wang diz que a companhia aérea vai cooperar com a Azul e a TAP, para que os chineses que viajem para Lisboa possam também chegar ao “Brasil, África e América do Sul”. “Do ponto de vista geográfico, Portugal é uma escolha eficaz”, notou.
Para o embaixador português em Pequim, Jorge Torres Pereira, a abertura do voo directo trata-se de um “marco”. “Temos a certeza de que aqueles que acreditam no sentido comercial deste voo directo fizeram a aposta certa”, afirmou.
Nos últimos três anos, o número de turistas chineses que visitaram Portugal triplicou, para 183.000, e deverá aumentar “exponencialmente” com a abertura da ligação directa, afirmou, no mês passado, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho. “Os chineses que chegam a Portugal são sempre canalizados através de outra porta na Europa, nomeadamente através de Espanha (…), o que leva a que passem poucas noites em Portugal”, disse à Lusa, em Pequim, Ana Mendes Godinho, afirmando que o grande objectivo é “inverter essa tendência”.
O voo entre Pequim e Lisboa demorará cerca de 13 horas; no sentido inverso, demorará 12 horas. A actual ligação mais rápida entre a capital dos dois países demora 14 horas, com escala em Frankfurt, na Alemanha.
Huang Songfu, antigo embaixador da China em Portugal, considerou que o voo directo “terá grande significado para os laços políticos e económicos” entre os dois países, lembrando que “os portugueses ajudaram os chineses a conhecer o mundo”. “Quando os portugueses chegaram à China, o nosso mapa mundo era incompleto: nós não conhecíamos outros cantos do mundo”, disse.
A cerimónia de lançamento do voo decorreu num hotel em Pequim e contou com a participação de mais de uma dezena de órgãos de comunicação chineses e representantes de cadeias hoteleiras e agências de viagem locais.
A China é já o maior emissor mundial de turistas e, segundo estatísticas oficiais, 135,1 milhões de chineses viajaram para fora da China continental, em 2016, num aumento de 12,5% em relação ao ano anterior.
O crescente poder de compra e maior facilidade em obter o visto para muitos países explicam o rápido aumento do número de turistas chineses.
A acompanhar este fluxo crescente, o Turismo de Portugal tem, desde 2014, uma representação permanente em Xangai, a “capital” económica da China.
Portugal conta também com nove centros de emissão de vistos no país asiático, distribuídos pelas cidades de Pequim, Xangai, Hangzhou, Nanjing, Chengdu, Shenyang, Wuhan, Fuzhou, Cantão (Guangzhou).