“Temos objectos de Portugal, de Goa [Índia], e de outros sítios, porque os missionários vieram de diferentes países, especialmente os jesuítas, que trouxeram muitos coisas dos seus países e das suas próprias culturas, e isto tem um valor acrescido para a população local”, disse à agência Lusa o padre Jojo Ancheril, que esteve na organização do museu, ao longo dos últimos três anos.
Macau, território administrado por Portugal durante mais de 400 anos, até 1999, é considerado o berço do catolicismo na Ásia e a diocese de Macau é a mais antiga do Extremo Oriente ainda em funcionamento – a primeira foi a Arquidiocese de Pequim, erguida em 1307, seguida da de Quanzhou, também na China, mas ambas desapareceram ao fim de pouco tempo.
O museu ocupa dois pisos de um edifício adjacente à igreja do Seminário de São José, fundado em 1728 por missionários jesuítas e património classificado pela UNESCO desde 2005.
Designado “Tesouro de Arte Sacra do Seminário de S. José”, o museu está organizado em sete salas, exibindo desde pinturas a óleo e imagens de santos, a vestuário e objectos usados nas eucaristias.
Um dos espaços é dedicado a documentos e livros escritos pelos próprios missionários, que testemunham a introdução do catolicismo na China e que são relíquias culturais de Macau protegidas, inscritos na lista “The Memory of the World Regional Register for Asia/Pacific da UNESCO” em 2010.
“Temos alguns dicionários em português e inglês. (As pessoas têm curiosidade em saber) como os missionários tiveram curiosidade em aprender a língua e como foram capazes de escrever um dicionário. Na verdade, isto mostra o compromisso dos missionários”, afirmou.
O projecto está a ser desenvolvido com o apoio do Instituto Cultural, e tem margem para crescer, uma vez que ainda há objectos armazenados no Seminário de São José que podem vir a ser expostos ao público, explicou.
O padre Jojo Ancheril destacou também a importância do museu no âmbito do turismo religioso. “[O museu] também enriquece o turismo em Macau porque muitos [visitantes] vêm do Japão, da Coreia do Sul, etc, para visitar as igrejas, especialmente para ver a relíquia de São Francisco Xavier e como este museu está adjacente à igreja (do Seminário de São José, onde ela está exposta), as pessoas estão bastante interessadas em visitar este museu”, disse.
Segundo o padre Jojo Ancheril, nas últimas três semanas o museu tem registado “boa afluência, sobretudo entre sexta-feira e domingo”, tanto por locais, como por visitantes estrangeiros, que chegam do Japão, da Coreia do Sul e até de Portugal.