O laboratório de tradução automática português-chinês/chinês-português – as duas línguas oficiais de Macau – vai ser inaugurado, em princípio, no próximo mês, por ocasião da V Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), a 11 e 12 de Outubro, indicou Lei Heong Iok.
Esse laboratório, que vai funcionar no IPM, vai contar com três equipas, versadas em particular na área da informática e da interpretação/tradução, em que membros de Macau, de Portugal e do interior da China vão trabalhar em conjunto para conceber uma “máquina” capaz de traduzir de chinês para português e de português para chinês.
“É um projecto difícil, mas de grande significado”, observou, explicando que o laboratório conjunto das duas instituições de ensino superior – parceiras de longa data – vai contar com outros ‘reforços’ de Portugal e do interior da China.
“Tem o apoio da Universidade de Coimbra. E, do outro lado, conta com o apoio técnico da maior empresa de tradução da China, porque eles já têm tecnologia na área da tradução chinês-inglês/inglês-chinês”, e da Universidade de Línguas Estrangeiras de Cantão, explicou Lei Heong Iok.
A porta não está, contudo, fechada à entrada de novos parceiros, com o presidente do IPM a referir que outras universidades portuguesas e/ou chinesas com interesse ou cursos de tradução automática podem vir a contribuir, no futuro, para o projecto.
“Se conseguirmos [conceber] um computador intérprete/tradutor automático quem ganhará com isso é a Administração de Macau. Hoje em dia fala-se muito de dificuldades, da falta de intérpretes/tradutores, de bilingues, há queixas de burocracia, lentidão. Se conseguirmos um computador que saiba traduzir português-chinês e chinês-português vai ser um grande instrumento”, afirmou o presidente do IPM, deixando claro que a ideia não é criar uma máquina para substituir o homem.
Não é para substituir os intérpretes/tradutores, mas para apoiá-los e reduzir o volume de trabalho que enfrentam, reiterou Lei Heong Iok, dando o exemplo que lhe serviu de inspiração: o sistema usado pela União Europeia.
“Visitei a União Europeia e eles mostraram-me a máquina de português-inglês ou francês. Eu pensei: por que não [utilizar um sistema idêntico] em Macau? Temos duas línguas oficiais e há tantas dificuldades e queixas”, explicou Lei Heong Iok, indicando que na área da conversão assistida do português-chinês e chinês-português há “pouca coisa”.
“De facto, outras instituições também pensaram nesse sentido mas não conseguiram resultados satisfatórios”, apontou Lei, indicando que a primeira meta a atingir é até 2020.
Esse objectivo passa por “resolver problemas que existem neste momento na área da tradução na administração pública”, podendo depois evoluir para outras áreas, como a da educação ou mesmo medicina.
Lei Heong Iok reconheceu, porém, que a qualidade é um importante fator a ter em conta: “É sempre um problema, a gente tem sempre de se esforçar pela excelência. Depende também das áreas, a da ciência e tecnologia não é tão difícil”.
Sobre o financiamento do novo laboratório, com uma área de 200 metros quadrados, indicou que o IPM “começou com alguns milhões”, sem especificar.
Este projecto é financiado pelo IPM e pela empresa de Pequim. Para o próximo ano, o orçamento do laboratório é de seis milhões de patacas, indicou, dando conta de que foi pedido apoio à Fundação Macau e encetados contactos com a Fundação de Ciência e Tecnologia de Macau.