Texto Mónica Menezes | Fotos Paulo Cordeiro, em Portugal
Entrevista a Adolfo Mesquita Nunes, Secretário de Estado do Turismo
O turismo chinês em Portugal aumentou quase 50 por cento no ano passado. Esse é um dado animador?
É um crescimento muito substancial, mas estamos a falar de números absolutos que são pequenos; ou seja, cerca de 100 mil hóspedes. Ainda temos muito para crescer.
O que é que Portugal tem para atrair os chineses ou que é que querem que passe a ter para atrair mais chineses?
Portugal tem 900 anos de história com património intacto, segurança e estabilidade, uma riqueza histórica e cultural diversa, património natural diversificado e bastante entretenimento e animação. E uma recente aposta nas marcas de luxo em Portugal.
Portanto, o turista chinês que vem a Portugal é um turista com dinheiro.
É um turista com dinheiro. As receitas geradas pelo turista chinês do ano 2013 para o ano 2014 cresceram 200 por cento. É uma taxa de crescimento bastante assinalável.
O que é que o turista chinês gosta mais de fazer em Portugal?
Faz circuitos. Tem uma grande apetência pela riqueza histórica e cultural, vilas, museus, palácios, uma grande apetência pela autenticidade dos lugares e pela beleza da paisagem e pelo ar puro. Pelo sol. São características que Portugal tem para além da segurança e da estabilidade que, normalmente, fornecem uma boa experiência turística para os chineses.
O que se faz neste momento para atrair o turista chinês?
Estamos cientes que enquanto não existir uma ligação aérea directa, estaremos sempre a trabalhar com números mais pequenos. De qualquer maneira, aquilo que notamos na China face a outros mercados com que trabalhamos é um enorme défice de notoriedade sobre Portugal e sobre o que é Portugal. Dessa forma, este ano estamos a trabalhar com os dez principais operadores turísticos chineses numa campanha que utiliza a figura do Cristiano Ronaldo, procurando associa-lo ao nosso país e com isso combater esse défice de notoriedade. A campanha é feita junto dos operadores chineses porque é quase impossível chegar ao consumidor final com este nosso défice. Portanto, temos de ir aos operadores e às agências de viagens com maior representatividade e, através deles, criar pacotes para Portugal, e assim começar a ter o nosso país nos catálogos de experiências turísticas que os operadores turísticos chineses oferecem.
Qual a mensagem que a campanha protagonizada por Cristiano Ronaldo quer passar?
A mensagem é Visit Portugal. O que queremos é chamar pelo nome Portugal. Há muito recurso às paisagens, à história. Mais do que sol e mar, que é uma imagem que nós temos muito e que é menos interessante para o turista chinês do que é para o turista inglês, por exemplo.
De que zonas da China vêm?
Não sei, mas sei para que zonas de Portugal vão. Há uma apetência especial na quota de mercado por Lisboa e pela zona circundante da capital . Depois pelo norte do país. Gostam muito do Porto e das zonas do Douro e do do Alto Minho. Mas esta tendência também está a mudar: no Alentejo já houve um aumento de 100 por cento, assim como na Madeira; nos Açores o aumento é de 244 por cento. Como estamos a falar de números absolutos pequenos qualquer variação agora dá valores destes.
É importante para Portugal conseguir cativar o turista chinês?
Sim. É um mercado emissor extraordinário, ainda não é um grande mercado emissor para a Europa, mas é um mercado onde nos estamos a querer posicionar.
A China vai estar pela primeira vez na bolsa de turismo de Lisboa.
É para nós uma boa notícia porque significa que estamos a estreitar laços comerciais em matéria de turismo com a China. Há muitas relações económicas que se tem construído entre Portugal e a China e está é mais uma.
São laços difíceis de se criar?
O turismo é isso, o turismo é precisamente isso, é juntar culturas diferentes e conhecer mutuamente, portanto faz parte do negócio.
Mas há barreiras?
Para o mercado português, que tem uma presença esmagadora de turistas europeus e americanos com hábitos culturais próprios, é um desafio para as empresas do sector do turismo adaptar-se a hábitos culturais diferentes, alimentares, de entretenimento, de alojamento, mas é um desafio que muitas das empresas já aceitaram e estão a procurar vencer.