Universidades portuguesas querem atrair centenas de alunos de Macau

As universidades portuguesas querem atrair "várias centenas" de alunos de Macau nos próximos "dois ou três anos", afirmou o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), António da Cunha.

 

O CRUP esteve na Exposição Internacional de Ensino Superior de Macau em representação de 15 universidades públicas portuguesas. Nesta feira que pretendeu atrair os alunos do ensino secundário de Macau, estão também, a título individual, a Universidade de Coimbra e a Universidade do Porto.

“Em licenciatura agora há muito poucos [alunos de Macau], o que não quer dizer que não haja vários alunos em programas de mobilidade. Há potencial para chegar às várias centenas. Acho que as coisas se vão começar a desenvolver já este ano, mas nos próximos dois ou três haverá uma evolução crescentemente positiva nesse sentido”, afirmou António da Cunha.

Ainda assim, o reitor da Universidade do Minho explica que o grande objectivo é a China. “Os números de Macau em valor absoluto são sempre relativamente baixos mas o que é importante é a utilização de Macau como plataforma para [chegar] estudantes chineses”, disse.

António da Cunha explica que as universidades portuguesas entraram numa fase de intensa internacionalização, que não era possível até ao ano passado devido ao “quadro legal”, e querem recrutar alunos estrangeiros para as suas licenciaturas e não apenas para os graus seguintes.

“Para nós é muito claro que há vários mercados importantes. Certamente que o mercado de países falantes de português é um alvo, e o mercado de maior potencial a seguir a esse talvez seja a China, quer pela dimensão, quer pelo interesse que tem no espaço que fala português e pela presença das empresas chinesas. A China precisa de muitos profissionais que falem português para operar nesses países”, comentou.

Esta abordagem é confirmada pela vice-reitora da Universidade do Porto (UP), Maria de Fátima Marinho: “A UP está neste momento a apostar fortemente na internacionalização e nas ligações com universidades de áreas geográficas que não eram as tradicionais, daí o interesse pela China e por Macau”.

De acordo com a vice-reitora, 13% dos alunos da UP são estrangeiros e a instituição gostaria de ver uma subida até aos 25 ou 30%.

Quanto aos alunos de Macau, o objectivo é conseguir atrair até aqueles “que não têm nenhuma raiz portuguesa” – esse é um dos motivos que levou a universidade a participar nesta feira, onde está pela primeira vez.

Maria de Fátima Marinho acredita que a UP deve também investir “noutro tipo de cooperação ou intercâmbio”, além da atração de alunos para cursos integrais. “Podem ir fazer um ano, um semestre, a Portugal e depois continuar os seus estudos em Macau”, exemplifica.

De acordo com o coordenador do Gabinete de Apoio ao Ensino Superior, Sou Chio Fai, o número de finalistas do ensino secundário que escolhem as instituições de ensino superior locais está a aumentar – são agora 60%, em comparação com os 55% de há cinco anos.

Ainda assim, muitos escolhem estudar fora. A Exposição Internacional de Ensino Superior de Macau contou com a participação de 112 instituições de mais de uma dezena de países, incluindo Portugal, Japão, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Suíça e Áustria.