O lançamento do estudo, noticiado pelo Jornal Tribuna de Macau, aconteceu no mês passado e tem como principal objectivo “o melhor entendimento da presença do golfinho branco e dos recursos marinhos”, explicou à Agência Lusa Kuok Fei Lek, técnico da divisão de estudos e conservação da natureza do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), e um dos dois profissionais de Macau envolvidos no estudo.
É a primeira vez que os golfinhos brancos que habitam a costa de Macau são alvo de um estudo, mas o IACM não estabelece uma relação directa com as obras da ponte, que já levaram a Sociedade de Conservação de Golfinhos de Hong Kong a manifestar preocupação com o impacto dos trabalhos nos animais.
A mega ponte, que vai ligar Macau, Hong Kong e Zhuhai, deve estar pronta em 2016 e será uma das maiores do mundo.
Kuok Fei Lek revela que no Rio das Pérolas existem 1.800 golfinhos – estimativas mais “optimistas” indicam que podem chegar aos 2.000. Nas águas de Macau, há registo de 71 animais, 74% são adultos.
Apesar de não ter jurisdição sobre as suas águas – são da exclusiva competência da China – Macau pretende, após terminar o estudo, em Setembro do próximo ano, lançar campanhas de sensibilização para a conservação dos golfinhos brancos, numa costa cada vez mais poluída.
Actualmente, Macau, Zhongshan e Hong Kong já cooperam para a prevenção e salvamento de golfinhos e baleias encalhados e há planos para controlar o fluxo de barcos nas zonas nos habitats dos cetáceos, diz Kuok.
O técnico do IACM lembra que os golfinhos da costa de Macau enfrentam três grandes ameaças: a falta de alimentos, já que há cada vez menos peixe disponível, a crescente poluição industrial e a actividade humana, como a circulação de barcos que “afecta a vida normal dos golfinhos”.