Macau presente nos Paralímpicos

Ao contrário do que acontece nos Jogos Olímpicos, nas Olimpíadas para deficientes, Macau marca presença com uma delegação desportiva de pequena dimensão, mas com vontade de dignificar a RAEM e a causa do desporto paralímpico

 

Desde os Jogos de Seul (Coreia do Sul), em 1988, que Macau tem tido representações desportivas nos Jogos Paralímpicos, que decorrem normalmente pouco tempo após os Jogos Olímpicos de Verão. Nos Jogos de Atenas, Macau esteve presente com uma atleta que participou nas provas de 100 e 200 metros. Este ano, a RAEM estará representada pelo menos nas competições de lançamento do disco e do peso em cadeira de rodas através da atleta Kong Sio Ieng, cuja inscrição já foi aceite pelo Comité Paralímpico Internacional (CPI). Até ao fecho desta edição da MACAU, ainda não havia a certeza se seriam aceites as inscrições de quatro atletas para provas de natação. A presença da RAEM entre os 242 países e territórios que participam nos Jogos Paralímpicos de Pequim, entre 6 e 17 de Setembro, é motivo de orgulho para António Fernandes, presidente da Associação Recreativa dos Deficientes de Macau (ARDM). “É algo com grande simbolismo que funciona como reconhecimento do nosso trabalho”, diz. Em 1988, Macau fez-se representar com uma delegação numerosa que integrava mais de 30 atletas. Essa situação não se veio a repetir porque as regras de admissão das inscrições passaram a ser mais apertadas. “As exigências são cada vez maiores”, assinala o presidente da ARDM. A António Fernandes não lhe passa pela cabeça exigir resultados, uma vez que as condições para a prática de desporto para deficientes em Macau são muito limitadas. “Aqui somos amadores a 200 por cento”, salienta. A ARDM trabalha com 10 treinadores e preparadores físicos que dedicam o seu tempo livre, voluntariamente, a actividades desportivas com cerca de 60 deficientes que praticam várias modalidades, entre as quais natação, “boccia”, ténis com cadeira de rodas, basquetebol em cadeira de rodas e várias especialidades de atletismo. “Todos nós, dirigentes, atletas e treinadores usamos o tempo livre que temos, especialmente aos fins-de-semana e nos feriados, para manter vivo o desporto para deficientes em Macau”, afirma.

 

Dedicação à causa

 

Desde meados dos anos 1970 que a sua vida se confunde com as actividades da Associação Recreativa dos Deficientes de Macau. António Fernandes foi alertado para a importância das actividades desportivas e recreativas com deficientes em 1973 quando fez um estágio intensivo em Hong Kong num departamento de fisioterapia, onde eram coordenadas as iniciativas desportivas com deficientes. De regresso a Macau, António Fernandes, que era há vários anos enfermeiro no Centro Hospitalar Conde de São Januário, foi responsável pela criação no hospital público do primeiro departamento de fisioterapia onde se dedicava aos deficientes físicos. Em 1977 foi um dos fundadores da ARDM, associação que dirige e a que se dedica “de corpo e alma” desde então. Aos 70 anos continua a “correr por gosto e dedicação a uma causa”, reconhece com satisfação.