Nome de código: NX002. Destino: Pequim. Foi assim que começou a aventura da aviação moderna em Macau.
Num aeroporto recém-construído, um avião da Air Macau descolava no dia nove de Novembro de 1995 com destino à capital. A bordo, a lotação estava esgotada com responsáveis políticos e empresariais que quiseram marcar presença no voo inaugural da Air Macau. Horas mais tarde o voo NXOOl aterrava em Macau com apenas dois passageiros a bordo.
Nesse dia, o Aeroporto Internacional de Macau registava apenas dois movimentos. Hoje, onze anos mais tarde, tudo é diferente. Em média, o aeroporto registou no ano passado 140 movimentos diários (entre aterragens e descolagens) e cerca de 13 mil passageiros. E o movimento de aparelhos não pára de aumentar, tendo o Governo da RAEM anunciado planos para ampliar o aeroporto que se começa a revelar demasiado pequeno para tantos aviões e passageiros.
Actualmente é possível voar de Macau para 24 destinos na região Ásia-Pacífico em voos regulares e existem ligações em regime charter para um vasto conjunto de outros aeroportos.
E, sendo verdade que apenas destinos regionais estão disponíveis a partir de Macau, não é menos verdade que a partir daí se alcança com facilidade o resto do mundo.
Senão vejamos: Macau tem ligações diárias para aeroportos como Singapura, Kuala Lumpur ou Banguecoque que são os três principais hubs do Sudeste Asiático, de onde se tem acesso a uma rede de destinos que cobre todo o planeta. O mesmo se passa com outros hubs no Nordeste Asiático como é o caso de Pequim, Xangai, Taipé ou Seul.
Existem mesmo planos da Air Macau para transformar a ligação a Banguecoque na porta de saída preferencial dos passageiros de Macau para voos intercontinentais.
Em Março, os responsáveis da companhia de bandeira local e da Thai Airways estiveram reunidos para estudar o desenvolvimento de um acordo de code-share que permita aos passageiros provenientes de Macau fazer uma escala em Banquecoque e utilizar a rede internacional de destinos da Thai Airways que voa para as principais cidades da Ásia, Europe, Estados Unidos, Médio Oriente, Austrália e África. Não existe ainda nenhum calendário previsto para o início do serviço.
Taipé domina
O destino mais importante para as companhias aéreas que servem o aeroporto local é Taipé. As linhas aéreas que operam nesta rota (Air Macau, Eva Air e Transasia) registaram um total de quase dois milhões de passageiros. É também na ilha de Taiwan, nomeadamente em Kaohsiung, que se situa o segundo destino mais movimentado com 635 mil passageiros.
Os passageiros provenientes de Taiwan são depois distribuídos por vários destinos no Continente, com Xangai (servida pela Air Macau e Shanghai Airlines) à cabeça com quase 600 mil passageiros no ano passado.
Curiosamente, Pequim fica mesmo for a do top 10. É apenas o quinto destino mais importante no Continente, atrás de Hangzhou, Xiamen e Shenzhen. No top 10 do Aeroporto de Macau surgem Banguecoque, Kuala Lumpur, Singapura e Manila.
Os destinos no Sudeste Aisático são os que registam maiores crescimentos devido à dinâmica das linhas aéreas de baixo custo também conhecidas como low-cost. Além da Air Asia, Tiger Airways e Viva Macau, também a filipina Cebu Pacific se prepara para voar para Macau a partir de Cebu, já em meados deste ano.
Macau passará assim a ficar liga a três destinos no arquipélago filipino: Manila, Clark e Cebu, havendo também planos da Air Macau para lançar uma rota para a cidade de Davao, na ilha de Mindanao, que servirá, essencialmente, para fazer a ligação com a Coreia e Japão, mercados tradicionais do turismo de Davao.
Os investimentos no sector do jogo vão ser responsáveis pela entrada de novas companhias aéreas no mercado local, incluindo algumas que são mesmo propriedade dos operadores dos casinos. É o caso da Las Vegas Sands que comprou cinco aviões para transportar jogadores para os seus casinos em Macau. A frota da transportadora é constituída por dois MD11 e três jactos Guilfstream.
Também Stanley Ho se prepara para entrar neste mercado com a participação em duas companhias aéreas: a Macau Asia Express e a Golden Dragon Airlines.
Expasão em marcha
O Aeroporto Internacional de Macau foi no ano passado utilizado por quase cinco milhões de passageiros, sendo que o terminal, na configuração actual, foi planeado apenas para seis milhões de passageiros. O número de passageiros de 2006 representou um aumento de 17 por cento face ao ano anterior.
O movimento de aviões aumentou 13 por cento face a 2005 para um total de 51 mil aterragens e descolagens, enquanto o sector da carga registou uma quebra de três por cento com cerca de 220 mil toneladas.
Para 2007, as estimativas oficiais apontam para um aumento do número de passageiros entre dez e 15 por cento.
O aeroporto vai ser ampliado. O objectivo é aumentar a sua capacidade para 24 a 26 milhões de passageiros/ano
É por isso que a Sociedade do Aeroporto de Macau tem já em curso um plano de investimentos, que prevê a expansão do terminal de passageiros, o alargamento das zonas de parqueamento das aeronaves e a extensão da pista. A prioridade é aumentar o número de mangas na zona sul do terminal de passageiros e que deverá ser utilizado pelas companhias de baixo custo que operam em Macau. Posteriormente, será ampliado o terminal de passageiros, numa operação que irá implicar a construção de um parque de estacionamento a sul antes do início das obras. O aumento da capacidade passa também pela construção de mais posições de estacionamento, uma obra que será feita através do aterro do espaço entre os dois taxiways de acesso à pista. A aeroporto deverá atingir uma capacidade de 24 a 26 milhões de passageiros em 2023/4. O Aeroporto Internacional de Macau foi inaugurado no dia 8 de Dezembro de 1995 pelos então presidente português Mário Soares e vice-presidente Rong Yiren.
Aeroporto com novo director
José Carlos Angeja é o novo director do Aeroporto Internacional de Macau (AIM), substituindo no cargo Carlos Seruca Salgado, que dirigia o aeroporto desde 1999. José Angeja, que era anteriormente director do aeroporto de Santa Maria, nos Açores, foi a escolha da ANA – Aeroportos de Portugal, S.A.. O novo responsável entrou em funções no dia I de Abril de 2007. A ADA – Administração de Aeroportos, empresa responsável pela gestão do Aeroporto de Macau, é uma joint-venture entre a empresa portuguesa ANA e a CNAC (Macau) Aviation Limited. O parceiro chinês é maioritário, detendo 51 por cento do capital da sociedade depois de, em 1999, a ANA ter vendido uma quota de dois por cento. O acordo entre os dois parceiros prevê que o director da infra-estrutura seja nomeado pelo sócio português.
Low-cost atraem passageiros
As três companhias aéreas de baixo custo F”\que operam no Aeroporto Internacional de Macau foram responsáveis por 17 por cento do movimento de passageiros no primeiro trimestre de 2007.
A Air Asia, Tiger Airways e Viva Macau são as três transportadoras que actualmente servem o mercado local garantindo voos para Banguecoque (Tailândia), Kuala Lumpure Kota Kinabalu (Malásia), Singapura, Clark (Filipinas), Jacarta (Indonésia), Haiphong (Vietname) e Male (Maldivas).
O número de passageiros transportados pelas chamadas low-cost subiu 40 por cento nos três primeiros meses do ano, devido à introdução de novas frequências para Singapura pela Tiger Airways, o destino Kota Kinabalu pela Air Asia, bem como o início da actividade regular da Viva Macau que serve três destinos.
A história das low-cost em Macau começa com o voo inaugural da Air Asia no dia 5 de Julho de 2004 ligando a RAEM a Banguecoque. Meses depois, em Dezembro do mesmo ano, esta transportadora, a mais bem sucedida de toda a Ásia, introduziu um novo destino Kuala Lumpur. Já este ano começou a operar voos diários para Kota Kinabalu no Bornéu malaio.
O sucesso da Air Asia fica expresso nos números. Em menos de três anos, a companhia aérea sedeada na Malásia transportou um milhão de passageiros a partir de Macau e reclama agora ser a segunda maior companhia aérea a servir a Região. Actualmente a Air Asia opera 21 voos semanais para Banguecoque, outros 21 para Kuala Lumpur e sete para Kota Kinabalu.
Mais recente é a Tiger Airways que iniciou as operações em Macau a 30 de Outubro de 2005, com ligações diárias a Singapura e a Clark nas Filipinas. Aoperação desta/ow-costtem-se mantido constante desde o lançamento dos primeiros voos, tendo apenas introduzido quatro voos adicionais por semana para Singapura. Actualmente a Tiger Airways voa sete vezes por semana para as Filipinas e onze vezes por semana para Singapura.
A Viva Macau é a mais recente low-cost a operar em Macau e é também a única companhia com estas características aqui sedeada. O voo inaugural foi feito no passado dia 22 de Dezembro de 2006 para Jacarta na Indonésia. A companhia local realiza também voos para Male, nas Maldivas, e Haiphong, no Vietname.
Duas novas transportadoras de características low-cost deverão começar a operar ainda este ano em Macau. Trata-se da Macau Asia Express, companhia de baixo-custo para o mercado asiático criada pela Shun Tak Holdings e pela Air Macau, e a Golden Dragon Airlines, sedeada em Macau e detida maioritariamente pela empresa de helicópteros East Asia Airlines, de Stanley Ho.
A Macau Asia Express vai operar no mercado asiático com aviões de capacidade entre 150 a 180 passageiros, contando adquirir cerca de 20 aeronaves num prazo de três anos. A Golden Dragon visa o mercado chinês com aparelhos com capacidade entre os 80 e 100 passageiros.
Da China para Africa
Voar directamente da China para os países africanos de língua portuguesa não é ainda possível, mas há pelo menos uma companhia aérea interessada em operar neste mercado de crescente importância. A China Southern Airlines anunciou, em Fevereiro passado, que está a preparar-se para fazer a ligação entre Cantão, na província de Guangdong, e Luanda capital de Angola. Os planos foram divulgado no China Daily que citava o director-geral daquela companhia aérea, dizendo que os voos para Angola deverão ter início ainda este ano.
A abertura do voo entre a China e Angola, o maior parceiro comercial da China em África e o seu maior fornecedor de petróleo, é algo que era alvo de debate entre os dois países desde há vários meses e esteve mesmo na agenda do encontro bilateral entre o primeiro-ministro angolano, Fernando Dias dos Santos, e o seu homólogo Wen Jiabao.
“Um voo directo entre Pequim e Luanda vai promover a relação bilateral entre a China e Angola e as relações com os países africanos”, afirmou recentemente o vice-ministro do Comércio, Wei Jianguo, durante um encontro entre a China e os embaixadores dos países de expressão portuguesa em Pequim. À flata dessa ligação, a embaixada de Angola em Pequim disse à Macau que a única alternativa passa pela utilização da Ethiopian Airlines que voa para a capital angolana via Adis Abeba.
O mesmo se passa em relação às outras capitais dos países de africanos de língua portuguesa que são apenas acessíveis via os principais hubs africanos como Adis Abeba e Joanesburgo.
Em relação ao Brasil, existe já um voo assegurado pela Air China entre Pequim e São Paulo via Madrid. A primeira ligação foi feita no passado dia 10 de Dezembro e representou o primeiro voo comercial entre Pequim e a América do Sul.
Devido à distância que separa a China e o Brasil não existem aviões capazes de realizar o voo sem escalas técnicas, tendo por isso a companhia optado por aterrar em Madrid. A ligação entre Pequim e São Paulo realiza-se duas vezes por semana. O tempo efectivo de voo ultrapassa as 25 horas.