O mundo está a mudar e o fiel da balança a pender para os mercados emergentes da Ásia. E o turismo não é excepção. Nos últimos anos o sector tem sido dinamizado tanto pelo crescimento dos destinos asiáticos como pelo aumento dos turistas originários do Oriente.
A região da Ásia-Pacífico registou em 2004 uma taxa de crescimento na ordem dos 28 por cento, contra uns cinco por cento na Europa ou os 11 por cento das Américas. Só o Continente chinês, que lidera a lista de preferências internacionais – seguido por Hong Kong, Malásia e Tailândia – acolheu mais de 42 dos 156 milhões de turistas que viajaram pela Ásia em 2005. No mesmo ano, a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), com os seus pouco mais de 28 quilómetros quadrados mas 18,7 milhões de turistas por ano, assegurou também um lugar entres os grandes destinos asiáticos, à frente de países como a Austrália, o Japão ou as Filipinas.
Apesar dos números optimistas, o sector depara-se com uma série de problemas, desde os referentes às infra-estruturas, à qualidade do serviço e à segurança até à gestão de crises como pandemias ou catástrofes naturais.
A tragédia de 26 de Dezembro de 2004, que devastou o Sudoeste Asiático, o surto da síndrome respiratória aguda no ano anterior ou os ataques terroristas em zonas turísticas ainda pesam na memória de todos, expondo as fragilidades existentes.
A questão que actualmente se coloca passa por apurar se este galopante crescimento que o sector tem observado é ou não sustentável, mote para a realização da primeira reunião ministerial dos países do Sudeste Asiático na Organização Mundial de Turismo (OMT) das Nações Unidas, que Macau acolheu este ano.
O que é necessário fazer
Do rescaldo do encontro ministerial ficou a opinião uníssona de que “as taxas de crescimento são para continuar”, como sublinhou o secretário-geral da OMT, Francesco Frangialli. Há contudo que desenvolver e trabalhar “uma estratégia a nível regional a longo prazo que conte com o apoio de todos e que garanta a sustentabilidade dos mercados”, acrescentou o responsável.
Do debate aberto, mediado pelo pivot da BBC Nick Gowing, ficou também patente a urgência em concretizar iniciativas já acordadas, como por exemplo assegurar que todos os países vão cumprir a directiva internacional que estipula que até ao fim de 2007 todos os bilhetes de avião sejam emitidos apenas em formato digital.
Uma questão que poderia parecer simples, como a da atribuição de vistos entre os países do Sudeste Asiático, foi uma das matérias que mais atenção mereceu por parte das autoridades presentes. É que, apesar de haver unanimidade no plano da declaração de intenções, na prática evidencia-se a complexidade das negociações bilaterais, motivada em grande parte por preocupações ao nível da segurança internacional e das relações diplomáticas entre os países.
O que vai mudar
Para além das múltiplas facetas por que era conhecida – as paisagens idílicas, os caminhos nunca antes percorridos ou os paraísos das compras – a Ásia vai somar mais uma, a de destino de Convenções, Exposições, Incentivos e Reuniões (MICE), segundo defendeu Kaye Chon, da Universidade Politécnica de Hong Kong, que apresentou um relatório sobre as novas tendências do mercado asiático. O investigador argumenta que o tecido empresarial, constantemente no encalço de novos destinos, começa a olhar para as infra-estruturas do Sudeste Asiático como uma alternativa a outros destinos já banalizados ao longo dos anos.
Outra das tendências referidas no estudo é a expectativa de que as mulheres irão viajar mais do que os homens e que o mercado feminino é um dos de maior potencial, a par da terceira idade. Também segundo o estudo, as agências de viagem vão ver o seu papel substituído por “consultores de viagem”, com a crescente adesão do mercado às novas tecnologias, e os pacotes turísticos vão sofrer uma polarização entre o turista de luxo e o volume de turistas sazonais.
Ponto de partida e de chegada
Se há pouco mais de uma década eram menos de cinco milhões os turistas chineses que se passeavam pelo mundo, hoje eles viajam em peso para os quatro cantos do globo. Aliás, segundo a Organização Mundial do Turismo das Nações Unidas, a China tornou-se no maior “exportador” de turistas internacionais, tendo “exportado” mais de 31 milhões em 2005, destronando o Japão como o tradicional país origem de visitantes internacionais. Ano após ano, o Governo chinês tem vindo a aprovar novos destinos – a Europa e o Brasil em 2004 – para uma classe ávida em conhecer o mundo, a sós.
No sentido inverso, os números não são menos colossais, fazendo da China, um dos destinos mais procurados do mundo. Se há dez anos seria insólito um camponês a semear os campos de arroz do interior do país deparar-se com um backpacker a percorrer de mochila às costas a encosta que abrigava a sua aldeia, hoje o mesmo camponês muito possivelmente explora um hotel para acomodar as necessidades das “hostes” de turistas que todos os anos atravessam a mesma rota.
Em 2004 a China já era o quarto destino mais visitado do mundo, quando tinha acolhido, segundo o relatório da OMT, 41,8 milhões de turistas, números apenas superados pela França (75,1), Espanha (53,6) e os Estados Unidos da América (46,1). Porém, e muito embora a China tenha triplicado as receitas do turismo internacional para 29,2 mil milhões de dólares norte-americanos em dez anos, surge apenas no sétimo posto, superada ainda pela Itália, Alemanha e o Reino Unido. Previsões do estudo de mercado turístico da Ásia Pacífico da OMT apontam para que a China tenha necessidade de adquirir, até 2020, mais de duas mil aeronaves e de construir, até 2010, mais 70 milhões de quartos de hotel para atender às suas necessidades.
O recente boom económico impele a RAEM a reestruturar estratégias onde os desafios são enfrentados à luz do modelo de integração regional. Questões como a diversificação do produto turístico, extensão do período de permanência, promoção, acessibilidade aos mercados doméstico e internacionais, ou recursos humanos, encontram solução na esfera natural do posicionamento geográfico e estratégico de Macau no Delta do Rio das Pérolas e nas ligações preferenciais que mantém com a região.
Segundo afirma o director dos Serviços de Turismo de Macau, João Manuel Costa Antunes, “estão actualmente reunidas as condições para que Macau possa alargar o seu produto turístico” a outras áreas. Seja na esfera do turismo cultural – capitalizando o reconhecimento por parte da UNESCO do centro histórico da cidade como Património Mundial da Humanidade, em Junho de 2005 – seja no rentável mercado das reuniões, convenções, incentivos e exposições (MICE).
No âmbito do património, 2006 fica marcado pelo lançamento, no início do ano, de uma vasta campanha à escala internacional focada na herança cultural de Macau, resultante de mais de 400 anos de intercâmbio civilizacional entre Ocidente e Oriente. Tendo como principais alvos a China Continental, Hong Kong, Taiwan, Japão e a Coreia do Sul, mas também mercados de longo curso como a Europa, América do Norte e Austrália, a campanha multiplica-se em promoções do roteiro turístico junto de operadores da indústria, da Comunicação Social e do público em geral, incluindo a realização de espectáculos culturais e outras iniciativas.
Já na esfera do segmento MICE do mercado, no qual o visitante despende, aproximadamente, cinco vezes mais do que o turista modelo, foi também inaugurado este ano o Centro de Turismo de Negócios, com o qual se pretende captar para a RAEM a realização de eventos de grande envergadura, à semelhança da reunião anual da Pacific Asia Travel Association (PATA) e dos Jogos da Ásia Oriental, em 2005. O organismo surge no seguimento da política governamental de criação de condições para que Macau se transforme numa cidade de prestação de serviços e de reconhecida capacidade para a organização de grandes eventos internacionais, não só na componente das diversões como também no sector das reuniões e do desporto. Jorge Oliveira, membro da Comissão de jogo em Macau, lembra que “não terá sido por acaso” que o Executivo da RAEM concedeu uma de três licenças de exploração do jogo ao consórcio Galaxy/Venetian (que acabaram depois por se separar e operar separadamente), a última mundialmente reconhecida como líder de mercado ao nível da organização de eventos. O americano Sheldon Adelson, dono da Las Vegas Sands Corp. – a empresa-mãe da Venetian –, lançou na RAEM um mega projecto de 18 mil milhões de dólares americanos de infra-estruturas integradas (casinos/ hotéis/ centros de convenções e espaços comerciais) que intitulou de Cotai Strip™ com a intenção expressa de aplicar a Macau a fórmula MICE/ jogo/ entretenimento que tornou Las Vegas um dos maiores pólos turísticos dos Estados Unidos e do mundo.
Explosão turística
Em 2000 a RAEM registou “apenas” 9,1 milhões de turistas. Em apenas cinco anos o valor mais que duplicou. Macau, com 28,2 quilómetros quadrados e uma população estimada em 488 mil habitantes, recebeu no ano passado mais de 18,7 milhões de visitantes. O Brasil, por exemplo, registou a entrada de “apenas” 5,5 milhões de turistas internacionais em 2005. Esta explosão, no contexto da qual se prevê mais de 20 milhões de turistas até ao fim deste ano, rendeu à RAEM um lugar no topo dos principais destinos turísticos à escala mundial, rivalizando com países como a Holanda.
Os valores, explicáveis pela diversificação do produto turístico – ou a abertura de novas infra-estruturas ligadas à indústrias do jogo e do entretenimento – são essencialmente fruto da projecção de que Macau goza no Continente. Aliás, “Macau está na moda”, garante Gu Zhaoxi, vice-presidente da direcção da Administração do Turismo Nacional da China, organismo regulador e promocional da indústria turística.
“Individuais” fazem a diferença
Foi o próprio Chefe do Executivo, Edmund Ho, que o admitiu: “O sucesso alcançado nos primeiros anos da RAEM fica a dever-se não só à liberalização do jogo mas também à política de vistos individuais”. Não se pode menosprezar o ponto de viragem socio-económico da RAEM, uma vez tomada a decisão da liberalização da indústria do jogo, com todo o investimento estrangeiro directo que o processo implica. Prova disso mesmo são os valores das receitas brutas do jogo, na sua maioria geradas nos casinos, que deverão atingir cerca de 52,7 mil milhões de patacas (6,33 mil milhões de dólares americanos) em 2006, mais 15 por cento do que no ano passado, quando se registaram 45,8 mil milhões de patacas. De acordo com estimativas oficiais, o Governo deverá arrecadar em impostos sobre o sector do jogo cerca de 80 por cento dos 25,3 mil milhões de patacas do orçamento da região administrativa especial para o corrente ano.
Porém, em última análise, quem “viabiliza” o êxito da RAEM são também os turistas do Continente. Desde Junho de 2003 o Governo Central tem vindo a implementar gradualmente um programa facilitador das medidas necessárias à obtenção de vistos individuais de viagem para Macau e Hong Kong. Tendo iniciado essa abertura em Pequim e Xangai, o processo foi-se alastrando por todo o país, com especial incidência nas regiões dos deltas dos rios Yangtse e das Pérolas. Anteriormente, os turistas provenientes do Continente resumiam-se, na sua esmagadora maioria, a excursões organizadas por operadores devidamente autorizados. Hoje, volvidos três anos da introdução da medida, o número de potenciais visitantes ascende a 200 milhões. Até Dezembro de 2005, o número de turistas que efectivamente visitaram a RAEM à luz do mecanismo dos vistos individuais atingiu os nove milhões.
Soluções integradas
A criação em 1983 do conceito do Delta do Rio das Pérolas – englobando Macau, Hong Kong e Cantão, capital da Província de Guangdong – passou pela convicção de que o desenvolvimento de cada uma das economias não poderia ser visto de forma independente, mas sim integrada, capitalizando as sinergias criadas pelos pólos.
Sob o mesmo diapasão, e duas décadas depois, o mesmo conceito que fez deste triângulo a zona mais dinâmica da China desde a implementação do programa de reformas, daria lugar à criação da Região do Grande Delta do Rio das Pérolas (vulgo “9+2”), que viria a incluir as duas regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong e mais nove províncias. Este arrojado projecto de integração económica representa mais de um terço do Produto Interno Bruto nacional.
No que toca à indústria turística, a cooperação interpolar no Delta passa pela criação e promoção de uma identidade única. Tom Mehrmann, director executivo da Ocean Park Corporation, um dos maiores parques temáticos de Hong Kong, ventilou numa conferência dedicada à integração turística do Delta a introdução de pacotes de viagens de destinos múltiplos, muito na linha do que é desenvolvido na Europa com o célebre périplo Londres/Paris/Roma, na América com o triângulo Las Vegas/Los Angeles/São Francisco, ou no Sudeste Asiático com Singapura/Malásia/Tailândia. Este conceito, traduzido para a lógica regional, resultaria em mensagens do género: “Vá às compras a Hong Kong, visite o Património da Humanidade em Macau e veja o panda de Sichuan”. Ao fim e ao cabo, passa por criar uma alternativa à principal rota turística chinesa nos mercados de longa distância – Xian, Xangai, Pequim.
Aeroportos vezes cinco
Uma das reconhecidas fragilidades de Macau enquanto destino turístico passa pelo reduzido número de ligações directas fora do espaço aéreo asiático. Ainda que nos últimos anos a RAEM se tenha afirmado como um dos principais pólos dinamizadores das viagens de baixo-custo na esfera do Sudeste Asiático, trazendo ao Aeroporto Internacional de Macau as primeiras companhias do género em solo chinês, o acesso a mercados de longa distância, como a Europa ou os Estados Unidos da América, continua por cumprir. Ou não… Pois também neste caso a solução passa por uma ligação privilegiada com parceiros estratégicos: os cinco principais aeroportos do Delta do Rio das Pérolas – Hong Kong, Cantão, Zhuhai e Shenzhen – localizam-se num raio de apenas 60 quilómetros. É aliás com o aeroporto de Hong Kong, considerado uma das melhores infra-estruturas do género em todo o mundo, que as perspectivas de cooperação atingem o pleno, face à panóplia de rotas internacionais que domina. Como diz Costa Antunes, depois da construção da mega-ponte sobre o Delta que ligará a ilha do aeroporto de Hong Kong a Macau e Zhuhai, “a RAEM passará a ter dois aeroportos”, já que o tempo de viagem entre o aeroporto de Hong Kong e Macau será mais curto que os 40 minutos que o visitante habitualmente leva a deslocar-se daquela infra-estrutura até ao centro de Hong Kong.
Limites do crescimento
A maioria das análises ao mercado turístico regional considera pouco provável que Macau mantenha as elevadas taxas de crescimento do número de visitantes registadas nos últimos anos. Até porque, explica John Koldowski, director do Centro de Informação Estratégica da PATA, “o volume necessário é demasiado elevado para que a progressão aritmética do número de visitantes mantenha uma correspondência real”. Para tal seria necessário que Macau acolhesse perto de 25 milhões de visitantes em 2006 e de mais de 30 milhões em 2007, quando as previsões do Governo para este ano apontam para os 20 milhões.
Contudo, mesmo nas estimativas mais conservadoras, o crescimento projectado continua a ser de ordem exponencial e não será porventura por falta de quartos para pernoitar, de casinos onde jogar ou convenções em que participar que os visitantes poderão escassear. Situações de sobreocupação hoteleira que no passado levaram operadores turísticos da RAEM a recorrer às infra-estruturas existentes do outro lado da fronteira em determinados períodos de pico – como por exemplo o jogo de preparação para o Mundial de Futebol de 2002 entre as selecções da China e de Portugal – dificilmente se repetirão na conjuntura que se desenha para os próximos dez anos.
É contando com uma população de 450 milhões de habitantes ao longo do Grande Delta do Rio das Pérolas (sensivelmente superior a metade da população europeia) que Macau espera preencher os 42 mil quartos projectados para os próximos dez anos, quando actualmente conta com sensivelmente 13 mil quartos. Ou não estivesse em preparação um vasto programa de integração viária ligando os vértices do Delta às restantes províncias abarcadas pelo Rio das Pérolas. Seguindo uma estratégia de “se construírem, eles virão”, os principais intervenientes da indústria do turismo e entretenimento submeteram planos para 63 unidades hoteleiras a curto e médio prazo, 19 das quais já estão em construção. Aliás, as concessionárias do jogo são as primeiras a afirmar que a sua estratégia de mercado se baseia na “confiança num contínuo fluxo de visitantes do Continente”. A convicção no bom desenvolvimento do sector do jogo de Macau contagiou entretanto as grandes cadeias internacionais de hotéis – Hilton, Conrad, Four Seasons, Sofitel, Intercontinental, St. Regis, Shangri-La, Mandarin, Sheraton, Starwood ou a Crown –, que já anunciaram acordos para a exploração de unidades em Macau.
Cooperação no Grande Delta
A escassos quilómetros de Macau, a Ilha da Montanha (Hengqin), parte da Província de Cantão e ligada a Macau pela Ponte Flor de Lótus, é exemplo concreto da cooperação intra-regional enquanto alvo de investimento proveniente da quase totalidade dos parceiros da Região do Grande Delta do Rio das Pérolas. Considerada pelo Executivo de Macau como “fundamental para o futuro da RAEM”.
Desafios comuns
A qualidade de serviço assume-se, por excelência, como o grande desafio com que Macau se depara actualmente, assume Costa Antunes. De resto, “atentar para que o aumento do número de turistas não seja sinónimo da queda de qualidade de serviço” resume os alertas deixados por especialistas da indústria de visita a Macau e que o responsável subscreve.
O aumento da procura pelo destino e o aumento sistemático do número de unidades hoteleiras exercem tremendas pressões ao nível dos recursos humanos qualificados – um bem ainda escasso na RAEM e que John Koldowski, defende ser “factor condicionante” do crescimento sustentado de um destino turístico. Seguindo padrões internacionais de qualidade e calculando o número de funcionários por quarto que uma unidade hoteleira deve ter face ao número de estrelas por que é cotada, admite-se que no espaço de dez anos Macau tenha de recrutar sensivelmente 120 mil trabalhadores que assegurem o normal funcionamento desta indústria.
Com uma população actual de 488 mil habitantes e uma invejável taxa de desemprego – estrutural – abaixo dos 4,5 por cento, Macau vê-se, mais uma vez, obrigada a olhar para fora e, naturalmente, para os seus parceiros estratégicos no Delta como fonte para a variada mão-de-obra que se lhe exige.
Vítima do seu próprio sucesso
Por outro lado, Macau, enquanto cidade, é já vítima do seu sucesso devido à sua exiguidade geográfica e às suas limitadas infra-estruturas. Quando se acrescenta aos actuais 488 mil habitantes – em 28,2 quilómetros quadrados perfazendo uma das maiores densidades populacionais do mundo –, os mais de 20 milhões de turistas que são esperados este ano, admite-se que, por dia, circulam na cidade aproximadamente 555 mil indivíduos. Dentro de dez anos, equacionando o crescimento populacional, a inevitável importação de mão-de-obra, e aumento do número de turistas, estima-se que este número ronde as 790 mil pessoas.
“O crescimento da indústria é bom para Macau, mas é também de esperar que exija algum sacrifício da população, aliás como acontece em qualquer período de rápida expansão”, atenta Costa Antunes. Para dar resposta às substanciais alterações ao tecido social da RAEM que as taxas de crescimento registadas imprimem estão em curso, em estudo ou já em construção um rol de projectos, incluindo uma expansão territorial de 398 hectares através de aterros entre a península de Macau e a Ilha da Taipa que ficarão ligadas por um túnel submarino. Outro projecto de peso, ainda em estudo, é a introdução de um sistema de metro ligeiro que venha aliviar a já muitíssimo congestionada rede viária da RAEM.
O futuro de Macau confunde-se com o da indústria do turismo, a sua maior fonte de rendimentos. O desafio está em garantir que, na nova Las Vegas (ou Mónaco) do Oriente, a cidade continue a funcionar, tanto para turistas como residentes.