A operação da Flextronics ao nível do design na China é recente…
No início, trabalhámos ao nível da produção. Há cinco ou seis anos os clientes começaram a solicitar um maior leque de serviços para além do fabrico, sobretudo ao nível do design. Hoje em dia, estamos a tentar fazer tudo, do design industrial à logística.
Mas na Flextronics Design de Shenzhen trabalha realmente uma equipa de designers?
Não. Neste centro de design da Flextronics trabalham engenheiros. Na verdade, nem sempre o que os clientes pretendem com o seu design pode ser concretizado. Estreitamos a colaboração para os nossos engenheiros ajudarem o cliente a encontrar uma solução viável para o seu produto.
Muitos dos nossos compradores gostam de controlar o design dos seus produtos. A maior parte dá-nos o projecto e nós encontramos uma solução para o produto ao nível da engenharia.
Apesar da designação Flextronics Design, a operação não passa pelo design.
Tudo depende de como define design mas de facto não somos nós que definimos as características do produto…
Porém, trabalhamos com designers em Itália e outros países do mundo.
Quais são os vossos clientes?
Temos os grandes clientes na área de tecnologia informática, como a Microsoft. Temos outros de vários países, como a China Continental e Singapura.
De olhos postos na China
Nasceu em Macau, aqui se formou e trabalhou mas foi no Canadá que amadureceu a sua arte: o design. À distância, Wilson Lam está de olhos postos na China. Tem tudo para vencer nesse mercado: é chinês e conhece o mercado da América do Norte, o alvo preferencial dos chineses.
Foi há 30 anos que tudo começou. A publicidade era ainda um terreno virgem em Macau mas o ainda adolescente Wilson Lam fez desta o seu ofício. “Não precisava de ter um curso”, e assim passou logo à qualidade de estagiário. Passados alguns anos montou o seu próprio negócio. Tinha uma boa carteira de clientes mas a sua mais-que-tudo rumou a Toronto, no Canadá, e Lam decidiu embarcar na aventura. Tudo por amor. Mais do que começar de novo, teve de ir estudar design para competir num mercado de trabalho mais evoluído. “Não sabia falar inglês. Foi muito difícil”.
Lam não queria ir trabalhar para a Chinatown de Toronto. Também não poderia entrar nos quadros de uma empresa. Tinha experiência mas não o diploma. Nem hesitou: entrou na universidade e terminou o curso. A experiência fez-se notar e Lam conseguiu arranjar emprego. Dez anos depois de ter montado o seu negócio em Macau, abria um ateliê de design. “Custou mas valeu a pena porque aqui trabalha-se num meio muito profissional. Aprendi muito”.
O designer admite que se não fosse por amor ainda hoje estaria em Macau, aonde tenciona voltar um dia. Por agora está muito interessado no Continente. Sabe que o conhecimento do mercado da América do Norte e as raízes chinesas podem abrir as portas da China que pretende afirmar a sua imagem além-fronteiras, o seu design. “Esse será o meu próximo passo”, garante.
A montra do design de Macau
Uma das formas que os designers de Macau encontram um mercado para os seus produtos e serviços é abrindo lojas. Dora Tam Design, Lines Lab Perfect Life, Furniture & Decoration são alguns exemplos.
Dora Tam montou a primeira loja há quatro anos. Com os escaparates enfeitados de criações suas e de outros designers, sobretudo europeus. Jean Cocteau, de França, Ritzenhoff, da Alemanha, e Cutipol, de Portugal são algumas das marcas que destaca do seu catálogo.
Dispostos no centro da loja estão os expositores de vidro, como se de um museu se tratasse. Por detrás do vidro reluzem as suas jóias e os brindes que cria para empresas e para o governo. São peças que deverão entrar no mercado europeu muito em breve. Tam tem exposto duas vezes por ano em Paris “e a resposta é tão boa” que está a planear vender por lá a sua marca.
No início, a maioria dos seus clientes eram portugueses. Macau progrediu e naquela loja, junto à Sé Catedral, desaguam agora rios de turistas prontos a pagar por lembranças com assinatura. “Os japoneses, por exemplo, apreciam muito as minhas jóias, mas os chineses nem tanto”. Talvez seja por serem de prata. O ouro é o seu metal de excelência.
Dora Tam tem outra loja na Taipa, uma das ilhas de Macau onde muitos escolhem residência, onde Jackie Che decidiu também abrir uma loja. Era gráfico mas apaixonou-se pelas três dimensões, mais precisamente pelo design de interiores. Decora ao gosto chinês casinos, escritórios e até apartamentos. “A loja funciona como uma espécie de isco para clientes particulares”, explica Annie Mak, assistente de Che. Primeiro, criaram o escritório e depois o espaço para a venda de artigos de decoração, peças que Che encontra em países como a Tailândia ou o Vietname. Curioso é o facto desta loja, a Perfect Life, servir um mercado tão diversificado. “Os melhores clientes da loja são os portugueses, mas decoramos a casa dos chineses. Na área empresarial, trabalhamos com vários casinos”.
Ao contrário da Dora Tam Design, muitos dos artigos expostos – alguns bem curiosos – são “made in China”. O negócio é lucrativo e não é sustentado pela empresa de design que funciona nos bastidores. A China é um dos mercados preferenciais de Che, onde já tem alguns clientes. “São trabalhos que fazemos através de contactos de amigos”,
Muito mais contemporânea, a Lines Lab fica localizada na zona dos Tin-Tins, na zona antiga da cidade. Pertença de designers portugueses, tem uma orientação mais contemporânea. É mais do que um mero “expositor” da sua arte, sendo janela para os criadores chineses de Macau. Manuel Correia da Silva é um dos nomes deste projecto e, apesar de estar dedicado ao mercado local, pretende também alvejar outros como o do Continente. O designer está em contacto com alguns fabricantes e existem planos para produzir algumas das suas criações na área do design de equipamento e de interiores: “Já estou na fase de prototipagem”.