Nos passados dias 20 a 23 de Abril, Edmund Ho visitou a ilha e encontrou-se com o governador de Hainão, Wei Liucheng, com quem debateu o reforço da cooperação bilateral.
Com 209 quilómetros de linha costeira, cerca de 2563 horas de sol por ano e temperaturas que oscilam entre os 21 graus em Janeiro e os 28 em Julho, a ilha reúne todas as condições para acolher um número superior aos 15 milhões de turistas que a visitaram no ano passado.
Nesse sentido, os dois governantes trocaram impressões sobre as formas de concretizar uma cooperação mais estreita e intensa no quadro do Grande Delta do Rio das Pérolas (“9+2), com especial incidência no turismo, aproveitando as características especiais e a complementaridade de recursos.
“Achamos que há condições extraordinárias, especialmente para a cooperação entre Macau e Sanya”, afirmou Edmund Ho após o encontro. “O Governo de Macau, num futuro próximo, vai encorajar muitos dos investidores e empresários locais na área do turismo para visitarem Hainão e a cidade de Sanya e procurarem formas de cooperação”, acrescentou, concluindo que “acho que temos um grande futuro.”
Ainda sem acordos, apesar da consonância, é de crer que só depois de Setembro se conheçam os contornos exactos da cooperação entre as duas regiões e os respectivos empreendedores locais.
“Acho que ainda é muito cedo para afirmar que vão existir protocolos formais”, comentou Edmund Ho. Revelou, por outro lado, que “o governo de Sanya vai liderar uma delegação de grande capacidade que participará na Feira Internacional de Macau (MIF), em Setembro” e que “o governo de Macau fará tudo o que puder para apoiar a concretização de negócios em qualquer acordo ou cooperação futuros entre as duas regiões”.
À espera das visitas
Hainão foi designada Zona Económica Especial em 1988. Nos últimos anos, a região foi dotada de infra-estruturas como estradas, caminhos de ferro, portos e aeroportos, destinadas a servir os turistas que os governantes locais esperam receber, atraídos pelas condições balneares de excelência e pela natureza em estado “quase intacto”, como referiram peritos em questões do ambiente das Nações Unidas.
Outra das atracções são os luxuosos complexos hoteleiros que se perfilam ao longo da extensa costa de Sanya ou entre os recortes dos rios e dos lagos de Boao, onde também existem termas.
Além das praias, encontram-se ainda na zona de Sanya diversos parques construídos em torno de símbolos que fazem parte da história da ilha, como o Parque Nacional de Nanshan, onde é possível apreciar sinais das culturas tradicionais. Aí está situada a estátua de Guanyin (a Deusa da Misericórdia, conhecida em Macau por Kun Iam), que com 108 metros de altura, e assente numa base de 120 metros de diâmetro, é porventura a atracção principal de um local considerado sagrado para os budistas, apesar de o parque ter sido construído há apenas dez anos.
Outro ponto de interesse é o parque de Daxiao-Dongtian, onde há uma rocha que ostenta a inscrição de um poema do antigo presidente Jiang Zemin, inspirado na beleza do cenário.
À procura do crescimento conjunto
De 21 a 23 de Abril, a pacata vila piscatória de Boao, na província de Hainão, voltou a ser o centro económico e financeiro da Ásia, onde empresários e governantes se reuniram no âmbito do V Fórum Boao para a Ásia, que este ano teve como tema: “Asia Searching for Win-Win: New Opportunities of Asia”
Na verdade, as possibilidades de um crescimento conjunto e de novas oportunidades para os países que se encontram abaixo dos patamares e níveis dos líderes regionais, marcou a agenda dos trabalhos. A expressão “win-win”, a que corresponde uma estratégia de dinamismo em que todas as partes envolvidas saem beneficiadas, foi a palavra-chave para perceber os caminhos futuros de uma região com enorme potencial e onde ainda existem grandes assimetrias.
Nas mais de cem mesas redondas e sessões realizadas entre os 850 participantes foram abordados tópicos como a energia, a Ronda de Doha para o Desenvolvimento e as conversações no seio da Organização Mundial do Comércio. O sistema bancário da China, o sector do imobiliário, a indústria automóvel, a reforma das empresas estatais, a educação, a cultura, a segurança social e ainda a protecção do ambiente compuseram o restante elenco das matérias em foco.
No Fórum foi ainda apresentado o Relatório Anual de 2006, elaborado pelo Instituto do Fórum Boao para a Ásia. O documento analisa as economias dos 39 países que integram a denominada Ásia Emergente.
De acordo com o relatório, o ciclo de crescimento prossegue, assente numa relação de trocas comerciais cada vez mais global. A China surge invariavelmente em primeiro lugar, no que diz respeito aos indicadores de crescimento, logo seguida da Índia.
A aceleração, “mais do que esperada”, no sector da exportação, particularmente no que diz respeito aos produtos e componentes electrónicos, bem como o fim das quotas preferenciais para a exportação de têxteis, em Janeiro de 2005, são apresentados como dois dos principais motivos para o crescimento da região.
O aumento da prática da produção transfronteiriça, com a China a assumir preponderância, resultou na integração definitiva da Ásia na cadeia global de produção. De facto, desde os anos 90 que a China se tornou a localização favorita de vários fabricantes. Só nos últimos 10 anos, mais de 300 mil fábricas instalaram-se no país, beneficiando das vantagens estruturais que a China oferece aos investidores. A grande parte destas fábricas dedica-se à produção e à montagem de componentes que são, depois, exportados para os mercados industrializados. Em 2005, o valor das exportações destes produtos representou cerca de 55 por cento do total das exportações da China.
Edmund Ho optimista
O Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau, Edmund Ho, foi um dos sete governantes convidados pela organização da quinta edição do evento, à semelhança do que aconteceu nas anteriores quatro edições.
Segundo o Chefe do Executivo, o Fórum Boao transmitiu muito optimismo: “Todos ouvimos o discurso do Vice-presidente, Zeng Quinghon. O novo plano quinquenal vai permitir condições excelentes, não só para o desenvolvimento e crescimento sustentado da China, mas também vai oferecer grandes oportunidades a muitos países asiáticos, enquanto parceiros estratégicos.”
Relativamente ao papel de Macau no seio do desenvolvimento de toda a região asiática, o Chefe do Executivo da RAEM revelou-se pragmático: “É muito simples: o que é bom para a China é bom para Macau. E o que é bom para a Ásia em geral, também é bom para Macau.”