Cecilia Chu “A beleza está no coração”

Designer de profissão, apaixonada pelos arranjos florais, que já lhe valeram diversos prémios em Macau, Cecilia Chu sonha com uma cidade que possa crescer para além dos casinos e com uma juventude que recupere os valores tauistas que a modernidade vai fazendo esquecer. O mundo das artes criou-lhe uma sensibilidade especial para os padrões estéticos. Mas no que respeita às pessoas, alerta, a beleza que realmente interessa é a que emana do seu interior

 

 

 

 

Como descobriu o amor pelas flores?

– Nascida no seio de uma família católica, habituei-me a ver a casa repleta de flores em honra de Nossa Senhora de Fátima. Porque estudei design gráfico estive sempre rodeada de cores e imagens diferentes durante os tempos da faculdade. Foi aí que comecei a pensar em misturar essas duas experiências.

Qual é a sensação que experimenta ao dedicar-se aos arranjos florais?

– Quando lido com as flores esses são os meus principais momentos de prazer. A concentração que isso me exige liberta-me de todo e qualquer outro pensamento. Nessa altura só as flores me interessam. Olho também para essa actividade como uma forma de meditação, pois acalma-me imenso e treina-me a paciência. Para além disso, experimento uma grande satisfação sempre que consigo um bom arranjo.

Quais são os seus outros grandes amores?

– Para além dos arranjos com flores reais, gosto muito de trabalhar arranjos artificiais.

Quais são os melhores sítios de Macau?

– Gosto de ir à praia e ao Templo de A-Ma, em Coloane.

Qual é o evento que sonha um dia poder organizar em Macau?

– Um festival da juventude, na zona do Templo de A-Ma, em Coloane.

Porque acha que esse evento faz especial sentido em Macau?

– A juventude local tem vindo a perder interesse pela cultura tauista e esse é um dos valores mais importantes de Macau. Levar os jovens a um lugar com aquela força aumentaria o conhecimento da juventude sobre as raízes da sua cultura.

Acredita que a beleza pode ajudar as mulheres no seu percurso profissional?

– A beleza é relativa e está nos olhos de quem a vê. O que realmente conta é o coração e quando há beleza interior ela afecta a reacção vinda do exterior.

Que reacções lhe provoca o momento que actualmente vive Macau, com este rápido crescimento económico e as transformações que ele provoca?

– Penso que tudo está a acontecer com demasiada rapidez. Penso que o Governo deve ter mais atenção à Educação e fazer por criar mais oportunidades para aqueles que não estão muito interessados na indústria do jogo.

O rápido crescimento económico poderá criar mais oportunidades para a juventude de Macau? Por exemplo no design e das artes, no qual está mais envolvida?

– Pelo contrário. A forma como a cidade está a crescer está a empurrar as pessoas para um modelo imposto pelos novos operadores norte-americanos, limitando os horizontes a uma geração que podia ser melhor instruída e mais criativa.

Se alguma vez pensasse em sair de Macau, qual seria a cidade dos seus sonhos?

Barcelona, Espanha.