O espectacular crescimento do sector de aviação na China, em média 17 por cento ao ano, fez a brasileira Embraer voar meio mundo. No final de 2000, a quarta maior fabricante mundial de material aeronáutico aterrou em Pequim, com a abertura de um escritório de representação comercial.
O escritório da Embraer em Pequim é responsável pelas acções de marketing e de vendas em todo o território chinês, para além do controlo de um centro de distribuição de peças, também na capital chinesa. O primeiro cliente da Embraer foi a Sichuan Airlines, que adquiriu um avião ERJ 145, com capacidade de 50 passageiros, a um custo de 20 milhões de dólares. Actualmente, a companhia mantém cinco aviões desse modelo em operação na China.
Dois anos depois, a Embraer voou mais alto e criou uma joint-venture com as empresas chinesas Harbin Aircraft e a Hafei Aviation Industry, ambas controladas pela China Aviation Industry Corporation II. A Harbin Embraer Aircraft, resultado de um investimento de 25 milhões da Embraer, está sedeada em Harbin, capital da província de Heilongjiang.
Um estudo da Embraer revela que o mercado chinês representará oito por cento do mercado mundial de aviões até 120 passageiros, nos próximos 20 anos, atrás apenas dos Estados Unidos e Europa. Isso significa que as empresas aéreas chinesas deverão adquirir 635 aviões de um total de 7800 unidades até 2024, um mercado que movimentará 170 mil milhões de dólares.
“O que impressiona na China é sua economia e o potencial de crescimento que oferece aos investidores. É estimulante perceber que os nossos aviões têm aceitação crescente entre as companhias chinesas”, regozija-se o presidente da joint-venture, Roberto Rossi. Com cerca de 170 trabalhadores, a companhia fabrica aviões ERJ 145, exclusivamente para o mercado chinês. As aeronaves feitas na China são iguais às fabricadas na sede da empresa, na cidade de São José dos Campos, a 90 quilómetros de São Paulo.
Vendas em Macau
Desde sua criação, a joint–venture já recebeu 13 pedidos. Os primeiros seis aviões foram entregues à China Southern Airlines, entre Junho de 2004 e Janeiro de 2005. A China Eastern Airlines Jiangsu anunciou recentemente a encomenda de cinco aeronaves, com entregas marcadas até Abril de 2006. Entretanto, a Hong Kong Express, detida pelo do magnata de Macau, Stanley Ho, encomendou outros dois aparelhos à Embraer. A Golden Dragon, igualmente ligada ao grupo de Stanley Ho e nova subconcessionária da Air Macau, espera operar a partir do próximo ano com o mesmo tipo de aparelhos escolhidos pela Hong Kong Express.
Líder mundial no fabrico de aviões com capacidade para 110 passageiros, a Embraer mantém escritórios e bases de serviços em França, Estados Unidos, Portugal, China e Singapura. Desde que foi criada, em 1969, a Embraer já fabricou cerca de 5500 aeronaves para 125 companhias aéreas de 58 países dos cinco continentes. O total de encomendas firmes da Embraer, uma das maiores empresas exportadoras do Brasil, ascende a cerca de 11 mil milhões de dólares para os próximos anos. A empresa espera entregar 145 aeronaves em 2005 e outras tantas em 2006.
A Embraer foi vendida pelo governo brasileiro em 1994 e adquirida por um grupo de investidores, liderado pelo banco Bozano e por dois dos maiores fundos de pensões no Brasil: Previ e Sistel.
Cinco anos após ter controlo privado, a Embraer assinou uma parceria estratégica com um grupo formado pelas maiores empresas europeias do sector, nomeadamente a Dassault Aviation, EADS, Snecma e Thales, para conquistar novos mercados.
M.A.